Quinta, 02 De Maio De 2024
       
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Morre Milton Coelho, vítima da ditadura


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Publicado em 18 de abril de 2024
Por Jornal Do Dia Se


MILTON COELHO DURANTE DEPOIMENTO À COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE (Divulgação/CEV)

Vítima de tromboembolismo pulmonar, morreu na madrugada de ontem o ex-combatente da ditadura militar, Milton Coelho de Carvalho. O velório ocorreu ontem, em Aracaju, e o corpo seria cremado.
Baiano, nascido em 1942 na cidade de Salvador, ainda no início da década de 1950 se mudou com a família para a capital sergipana devido à expansão produtiva e impulsionamento das ofertas de emprego. No decorrer da respectiva juventude – em especial a partir do dia 30 de março de 1964, quando o Poder Executivo brasileiro foi ocupado de forma antidemocrática pelo governo militar -, Coelho passou a integrar grupos revolucionários que atuavam na busca pela redemocratização do país; fato este ocorrido apenas no dia 15 de março de 1985.
Vítima de monitoramento, perseguições, abordagens e prisões com atos de tortura, em 1976, no auge dos 34 anos de idade, Milton Coelho foi alvo da ‘Operação Cajueiro’, quando, em decorrência da pressão imposta pela borracha que lhe vendava os respectivos olhos, perdeu totalmente a visão. Após liberação concedida pelo poder judiciário – de igual modo orquestrado pela ditadura militar -, o perseguido político buscou assistência profissional na perspectiva de reconquistar a visão, mesmo que parcialmente; não houve sucesso. Em 28 de março do ano passado, Milton Coelho recebeu o Título de Cidadania Aracajuna, fruto de requerimento protocolado pela então vereadora Professora Ângela Melo. O anúncio oficial sobre a morte de Milton Coelho foi feito pelo membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça, Marcelio Bonfim.
“Eu fui levado para as dependências do 28º Batalhão de Caçadores e fui estupidamente torturado. Tenho marcas no pulso, pois fui algemado, tomei choques elétricos, pontapés nas costelas, enfim, foi uma barbaridade inconfessável. Após 50 dias preso e depois de passar uma semana sendo torturado, perdi a visão imediatamente. Até hoje tenho a marca das algemas de ferro nos pulsos, a mão inchou. Saí dali sem visão, passei um mês num hospital de Salvador, depois fui encaminhado para Belo Horizonte onde fiz tratamento, cirurgias. Em 1º de novembro de 1977 fui aposentado por invalidez”, declarou Milton, em depoimento à Comissão Estadual da Verdade. Pioneiro na colaboração junto à citada comissão, o depoimento ocorreu no dia 26 de janeiro de 2016.
Conforme destacado por Marcelio Bomfim, decorrente das violências sofridas, Coelho foi privado da possibilidade de apreciar a fisionomia dos filhos e netos. O senador Rogério Carvalho (PT) também se manifestou: “Sergipe perdeu um dos principais nomes da defesa da democracia durante a ditadura militar. Um companheiro de luta que dedicou sua vida pela nossa liberdade. Companheiro Milton, sua memória permanecerá inspirando a todos na busca pela justiça e igualdade.”
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