20 anos de Facebook

Rian Santos

riansantos@jornaldodiase.com.br

 

Eu já acreditei no Facebook. Anos atrás, antes de Zuckerberg se tornar um dos homens mais ricos e poderosos do mundo, a ideia de reunir gente de carne e osso numa comunidade virtual, a fim de debater qualquer assunto, todos os assuntos, prometia encurtar a distância entre dois argumentos. Hoje, vinte anos depois, jamais estivemos tão longe uns dos outros, tão sozinhos.

Sim, o Facebook completou vinte anos. Fundada por Mark Zuckerberg, a empresa conta com 3 bilhões de usuários mensais – 40% da população mundial. Com influência notável na vida de tanto gente, a empresa enfrenta incontáveis processos na justiça, está localizada no vértice de embates relacionados a questões de privacidade e desinformação.

Impasses éticos, contudo, não afetaram a saúde financeira da empresa. A outra face da moeda, o Facebook cresceu tanto, a ponto de comprar as redes sociais rivais, Instagram e WhatsApp. Em 2021, Zuckerberg anunciou que a companhia passaria a se chamar Meta, construiu seu próprio metaverso e vem investindo em inteligência artificial, além de seguir faturando alto com publicidade.

Nós, os usuários das tais redes sociais,permanecemos enredados, moscas apanhadas numa teia de aranha,cativos de nossas próprias bolhas. Deseducados pelos algoritmos, tornamo-nos mais e mais intoleráveis, odientos, detestáveis. Acreditamos piamente na ficção de um mundo conformado à nossa própria imagem e semelhança. Notícias, discursos, ilustrações, memes, fatos e relatos só nos servem ao confirmar os pré-conceitos protegidos pelo fosso de egos enormes, do tamanho das catedrais.

Eu já acreditei no Facebook, nas sociedades hiper conectadas, na era da informação.Hoje, apalpo os livros com inveja de privilégios caducos. Antes, vasto mundo, havia livros e dúvida. E esta, a dúvida, dava panos às mangas, solapava a convicção mais hirsuta, obrigava a pensar.