2022 é o norte
Publicado em 13 de fevereiro de 2021
Por Jornal Do Dia
O governo de turno em Brasília tem razões nada republicanas para finalmente defender a pror- rogação do auxílio emergencial. O presidente Jair Bolsonaro não está satisfeito com a queda observada nas pesquisas de popularidade. Entre o mau humor do ministro Paulo Guedes e a insatisfação popular, prevaleceu a viabilidade de seu futuro eleitoral. 2022 é o norte.
Há quem diga que os fins justificam os meios. Embora tenha nas metas de ajuste fiscal a única baliza palpável de sua agenda econômica, Bolsonaro aceita sacrificar tudo em favor do próprio projeto de poder, inclusive as finanças da União. Assim, governo e lideranças do Congresso avançaram nas negociações para a concessão de mais uma etapa do auxílio emergencial com valor de R$ 250 em quatro parcelas, com custo total de cerca de R$ 30 bilhões. O benefício deve começar a ser concedido em março.
Já há entendimento político de que a concessão do auxílio terá de ser dada por meio da aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) de Orçamento de Guerra, dividida em duas partes. Na primeira, ficará estabelecido que os gastos derivados do benefício não serão incluídos no teto de gastos. Depois, pelo mesmo instrumento, o governo federal promete cortar na própria carne, a fim de emular um rigor fiscal sem o qual o discurso do presidente não pára de pé.
Triste é perceber que o debate sobre a criação de uma renda básica universal não prosperou, nem encontra um ambiente de discussão favorável no Congresso Nacional. O benefício será prorrogado, sim. Mas em caráter de emergência. Como se o desemprego, informalidade e a pobreza extrema não fossem uma realidade já antiga, bastante próxima dos brasileiros, mas um inesperado sintoma do vírus.