Domingo, 19 De Janeiro De 2025
       
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O primeiro assombro


Publicado em 07 de fevereiro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


O menino canta como ninguém (Divulgação)

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
 
O menino Lau, cantor e compositor da banda Lau e Eu, mudou de mala e cuia para o sul maravilha, mas passa breve temporada na terrinha. O contraste entre a sua música, tão pra frente, ante o cenário acanhado da aldeia, me obrigou a retomar o seu primeiro álbum, ainda digno do primeiro assombro.
Lau colocou tudo no seu primeiro disco: afetos, caminhos, bagagem musical. E, neste sentido, ‘Selma’ (2018) pode ser ouvido como um romance de formação, no qual o autor olha em volta, mas só percebe realmente a si mesmo. Além do seu próprio umbigo, todo o resto é contexto, pessoas e paisagem.
Também pudera. A mudança para São Paulo, a maior cidade da América do Sul, onde o poeta/cantor pousou há mais de ano, não é lugar próprio de passarinho. E a vida de galho em galho, alegre e triste, como a de todo mundo, reverbera nas canções de ‘Selma’ em apelos velados de saudades.
As distâncias de todas as ordens provadas na desvairada colocaram a música de Lau em um estado de introspecção inédito. Ao invés do humor, a ironia fina e a inteligência notável do EP ‘Café frio’ (2016), uma estréia das mais bem acolhidas na emergente cena local, sobressai agora certo desconforto. O esforço aparente é o de comunicar os sentimentos mais urgentes, antes que seja tarde.
Em termos formais, a música de ‘Selma’ ganhou as cores berrantes de um pop experimental, com texturas eletrônicas vintage e ecos dos anos 80. Mas isso é mero reflexo da sensibilidade hodierna, incluindo uma inusitada versão de ‘Quarto azul’, da sergipana Plástico Lunar. No fim das contas, no caso em questão, as palavras importam mais.
“Falo de infância, relacionamentos e frustrações da vida adulta; além do que venho descobrindo junto com os meninos da banda. É um trabalho que pretende ser o mais humano, honesto e autêntico possível. Quero mostrar para as pessoas quem eu sou, o que guardo aqui dentro”.
Dito e feito. Selma, avó de Lau, a entidade maternal evocada logo na primeira faixa do disco batizado com um nome próprio, tem motivos de sobra para colocar a cabeça no travesseiro e dormir em paz com os anjos. O menino canta como mais ninguém.
 
Thiago Ruas | ‘Lau e Eu’ | Alex Sant’Anna:
 
Data: 08 de fevereiro (quinta)
Local: Che Music Bar – Av. Cap. Joaquim Martins Fontes, 180, Farolândia.
Horário: 22h
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