Amaral Cavalcante, o maior cronista da terrinha (Arquivo)
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Panteão Serigy
Publicado em 18 de dezembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Está para nascer um político sergipano com verdadeira sensibilidade para o exercício artístico. A simpatia alardeada a torto e direito, com a mesma falta de cerimônia de quem lança palavras ao vento, não passa de conversa fiada. Aqui, só a força da grana merece os monumentos erguidos pelo poder público.
Passeio por Aracaju. Ruas e avenidas, vielas, bairros, escolas, hospitais, evocam a calvície de ditadores sanguinários e senhores muito respeitáveis, gordos de privilégios. Desde João Alves Filho, aquele que se recusou a ouvir o clamor popular e negou o nome de Zé Peixe a uma ponte, até Fábio Mitidieri, para quem JAF serve agora de modelo, governadores e prefeitos tratam a memória como um patrimônio particular, confundem república e compadrio.
Sim, atenho-me ao complexo viário Maria do Carmo Alves, obra sem a qual o governo de Mitidieri corria o risco de passar em brancas nuvens. Senadora de sucessivos mandatos, primeira-dama com reconhecida atuação social, ela tem o nome inscrito na história política da terrinha, não carecia de uma ponte para ser lembrada pelos sergipanos.
Fabio Mitidieri, aliás, não é o primeiro a perder a oportunidade de reconhecer o esforço daqueles que trabalham para fundar a aldeia Serigy e fazer vingar a ideia um tanto forçada de uma tal sergipanidade. O prefeito Edvaldo Nogueira, por exemplo, arrancou um toco de árvore estilizado fincado na avenida Beira Mar, em tributo ao seresteiro Antônio Teles, e nunca plantou nada em seu lugar.
Zé Peixe, Antônio Teles, Araripe Coutinho, Mario Jorge, Ilma Fontes, Ismar Barreto, J Inácio, Lu Spineli, Cleomar Brandi, Amaral Cavalcante… O panteão ignorado por Fabio Mitidieri e todos os seus antecessores é muito bem povoado. Em comparação com estes, os poderosos me perdoem a honestidade, os sobrenomes cravados nas placas de inauguração, Sergipe a dentro, remetem a seu ninguém.