Quinta, 17 De Abril De 2025
       
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Clóvis Barbosa faz um apanhado histórico do jornal impresso e comenta sobre os 20 anos do JORNAL DO DIA


Publicado em 15 de março de 2025
Por Jornal Do Dia Se


JORNAL DO DIA: PUBLICAÇÃO COMEMORA 20 ANOS DE EDIÇÕES DIÁRIAS ININTERRUPTAS

JD: 20 anos de história

 

* Clóvis Barbosa

 

No século XX, o jornal impresso consolidou-se como um pilar fundamental da sociedade, exercendo papel central na disseminação de informações, formação de opinião pública e construção da democracia. Antes da ascensão da televisão e muito antes da internet, os jornais eram a principal fonte de notícias, conectando cidadãos a eventos locais, nacionais e globais. Sua relevância ia além do informativo: eram instrumentos de educação, cultura e mobilização social.

Nas primeiras décadas do século XX, os jornais prosperaram graças a avanços tecnológicos, como impressoras rotativas, que permitiram tiragens massivas. Grandes veículos, como “The New York Times” e “O Estado de S. Paulo”, tornaram-se símbolos de credibilidade, combinando apuração rigorosa com análise aprofundada. Durante guerras mundiais, regimes autoritários e movimentos civis, o jornalismo impresso documentou conflitos, denunciou injustiças e amplificou vozes marginalizadas. O caso Watergate (1972), revelado pelo “Washington Post”, exemplificou seu poder de fiscalização de governos. Além disso, os jornais integravam-se ao cotidiano: eram lidos no café da manhã, em transportes públicos ou em praças, moldando hábitos e identidades.

O impresso também foi crucial para a alfabetização e o debate público. Editoriais e cartas de leitores incentivavam a reflexão crítica, enquanto reportagens investigativas expunham corrupção. Em países em desenvolvimento, jornais tiveram papel ativo na resistência a ditaduras, como no Brasil durante o regime militar (1964-1985), quando a imprensa alternativa driblou a censura.
O surgimento da internet, nos anos 1990, marcou o início de uma revolução. No século XXI, a instantaneidade das mídias digitais transformou o consumo de notícias. Redes sociais, portais de notícias e blogs ofereciam atualizações em tempo real, gratuitas e interativas. O público, especialmente jovens, migrou para plataformas digitais, relegando o papel à nostalgia.

A crise financeira foi acelerada pela queda de assinaturas e anúncios – principal receita dos jornais. Gigantes como “The Guardian” e “Le Monde” adaptaram-se investindo em versões online, mas muitos veículos menores fecharam as portas. A publicidade migrou para Google e Facebook, que concentram 80% do mercado digital. Reduções nas redações afetaram a qualidade do jornalismo, com menos apuração e mais conteúdo superficial. A velocidade digital priorizou o sensacionalismo em detrimento da profundidade. Notícias falsas e algoritmos polarizadores fragmentaram o debate público, contrastando com o papel unificador do impresso. A perda de jornais locais gerou “desertos de notícias”, enfraquecendo a fiscalização comunitária. Embora alguns veículos mantenham prestígio (via paywalls ou assinaturas digitais), a autoridade do jornalismo tradicional é constantemente desafiada.

Apesar da derrocada, o jornal impresso legou valores essenciais: ética, checagem de fatos e compromisso com o interesse público. Seu declínio simboliza não o fim do jornalismo, mas uma transição. Hoje, o desafio é preservar esses princípios em um cenário de desinformação e atenção fragmentada. O papel pode ter perdido espaço, mas a missão de informar com responsabilidade permanece – agora, em novas plataformas. No século XXI sua forma física declina, mas sua essência persiste, adaptando-se à era digital.

Nesse cenário, exatamente em 2005, é que surge o JORNAL DO DIA em Sergipe. São vinte anos de vida que merecem de todos os maiores encômios. Todos estamos vivenciando a crise que acompanha a vida dos jornais impressos, em Sergipe, no Brasil e no mundo. Daí a necessidade da procura de alternativas de sobrevivência para enfrentar esse desafio. O enxugamento das redações ultimamente, por exemplo, demonstra a necessidade que se tem hoje de contratar apenas jornalistas com qualidade, capazes de transformar e fazer a diferença.

Exatamente por conta desse quadro adverso é que o JORNAL DO DIA faz a diferença. Nessa adolescente vida, vem cumprindo o seu papel de bem informar e de formar opiniões das mais diversas, através de bons articulistas que desfilam pelas suas páginas num autêntico passe livre à liberdade de expressão. A imprensa deve ser livre; e, às vezes, dissoluta. A liberdade de imprensa, contudo, passa por um quadro de sedimentação sociológica. Quanto mais evoluída uma civilização, mais livre sua imprensa. Daí poder chegar-se à conclusão de que ditaduras e homens públicos sem compromisso com o processo de transformação social, que fogem de jornalistas como o Diabo da cruz, e que fazem da transparência tábula rasa, somente refletem involuções. No mais, todos eles morrem afogados no próprio vômito.

Eles, no fundo, são frágeis com bases narcísicas estilhaçadas. Reprimem a imprensa porque a temem. Desagradar: eis o papel da imprensa livre. Os homens públicos, como os ditadores, quase sempre não gostam da imprensa. Eles esperam sempre aplausos. Acontece que, frequentemente, a crítica é implacável. Sempre haverá alguém para descer impiedosamente o sarrafo no comportamento ético do agente público. Pois bem. Se o político ou o gestor público não desejar submeter-se a esse desgaste, deve seguir o conselho contido na ponderação de Júlio Dantas: “A liberdade de criticar consagra um direito incontestável. E quem, pela sua excessiva sensibilidade, pela sua delicadeza doentia, não pode ou não quer ser criticado…”, não exerça cargos passíveis de avaliação da sociedade.

O JORNAL DO DIA, nesses vinte anos de vida, tem tido uma postura elegante de interpretar e traduzir informações, não apenas noticiando, mas, também, criando para o leitor a possibilidade de refletir, auxiliando a sociedade na difusão de conhecimento e de avaliação crítica. E a nossa expectativa é que daqui a mais vinte estejamos festejando os quarenta desse diário que se confunde com a própria história de Sergipe.

Parabéns e abraços festivos, extensivos aos diretores, jornalistas, servidores, articulistas e colaboradores do JORNAL DO DIA, para celebrar a passagem dos seus 20 anos de promissora existência e de verdadeiro porta-voz da defesa dos interesses da coletividade sergipana.

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Capa do dia
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