500 dias sem paz
Publicado em 16 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia
O governo Bolsonaro completou ontem 500 dias. Lá se vão 500 dias sem paz. A disposição para criar atrito com adversários políticos, instituições e até fantasmas é constante desde janeiro de 2019. Com a pandemia de coronavírus, contudo, a guerra declarada pelo presidente, contra tudo e contra todos, já produziu 15 mil mortos. Bolsonaro quer mais.
Ontem, o ministro da Saúde pediu demissão, poucos dias depois de assumir o cargo. Médico, Nelson Teich substituiu o colega Luiz Henrique Mandetta. A permanência deles à frente da pasta foi inviabilizada pela obediência às diretrizes traçadas pela Organização Mundial de Saúde para enfrentar a crise sanitária. O governo brasileiro é inimigo da Ciência.
Capitão reformado do exército, o presidente não respeita a competência de seus auxiliares. Embora não tenha formação médica, Bolsonaro quer porque quer que os profissionais de saúde administrem a cloroquina no tratamento dos infectados pelo coronavírus. Também não admite a necessidade do isolamento social, única medida capaz de evitar o colapso iminente do SUS.
A essa altura do campeonato, pouco importa quem vai assumir o ministério da Saúde. Por certo, será alguém obediente aos caprichos pseudocientíficos da presidência da República, alheio ao consenso estabelecido entre profissionais médicos, capaz de voltar as costas para o conhecimento acumulado nos quatro cantos do mundo. Tudo indica, no Brasil a covid-19 deverá sofrer uma mutação desastrosa, combinado com a ignorância.