Brincadeira criminosa
Publicado em 03 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia
A vida dos outros não é brinquedo. O aumento exponencial do número de trotes verificado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na capital sergipana não é um caso isolado. Embora a cifra impressione (o aumento equivale a 171% em comparação com o ano passado), a situação se repete em todas as capitais brasileiras e atesta o (baixo) patamar de civilidade em que se encontra a sociedade brasileira.
Das 600 chamadas atendidas diariamente na central de regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe), 180 correspondem a trotes. Quando levamos em consideração a natureza do serviço oferecido pelas unidades que operam o sistema, fica mais fácil dimensionar o grau de irresponsabilidade daqueles que deslocam suas unidades sem motivação justa. Nem mesmo às crianças, principais responsáveis pelos trotes, deve ser dado o direito de praticar tamanha leviandade.
Atualmente, o Samu 192 está presente em todos os estados brasileiros, operando 163 Centrais de Regulação Médica que abrangem 1.736 municípios. De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, cerca de 115.576.694 de habitantes possuem acesso ao Serviço, cifra que corresponderia a 60% de cobertura da população brasileira. O Ministério da Saúde pretende oferecer 100% de cobertura do SAMU 192 até o final de 2014. Uma conquista que não pode ser ameaçada pelo deleite proporcionado pela aplicação de um trote.
Os serviços prestados pelo Samu não interferem somente na vida dos socorridos. A redução do número de óbitos, do tempo de internação em hospitais e das sequelas decorrentes da falta de socorro precoce, consequência imediata provocada pela expansão de suas unidades, ajudam a minimizar os custos estratosféricos do Sistema Único de Saúde. Essa única observação deveria ser suficiente para demonstrar a importância do Samu para o conjunto da sociedade, sem distinção. É muito bom que nossas crianças aprendam logo cedo, portanto, a importância da vida alheia e, sobretudo, o que está em jogo quando a sirene de uma ambulância pede passagem no meio da rua.