Justiça solta os rapazes que agrediram delegado

Gabriel Damásio
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A Justiça libertou os dois acusados pela agressão contra o delegado de polícia Carlos Frederico Muricy, ocorrida na madrugada deste sábado, dentro do bar Mercearia 43, na Avenida Beira-Mar, bairro 13 de Julho (zona sul de Aracaju). O administrador Renan Rocha Seixas Filho, 35 anos, e o universitário Pedro Rafael Braga Vaz, 20, que tinham sido presos em flagrante logo após a confusão, foram soltos na madrugada de domingo, depois do pagamento de uma fiança de R$ 1866 para cada réu.

A fiança foi determinada pelo juiz plantonista Paulo César Cavalcante Macedo, da Vara Criminal de Aracaju. Ele permitiu que os rapazes respondam ao processo em liberdade, mas os proibiu de freqüentar bares, boates e casas noturnas. Além disso, Pedro e Renan – que é de Salvador (BA) – não podem mudar de endereço ou sair de Aracaju sem autorização da Justiça, e estão obrigados a comparecer a todas as audiências do processo. Eles serão processados por lesão corporal grave e, pela lei, podem ser condenados a até oito anos de prisão.

"Na condição de autoridade policial, a vítima merece absoluto respeito por parte de qualquer cidadão, sob pena de, não se exigindo tal respeito, se infirmar mesmo a autoridade do próprio Estado. Mas é preciso registrar também que as agressões supostamente praticadas pelos requerentes, à luz do que há no auto de prisão em flagrante, não foram levadas a cabo contra a vítima em situação em que esta estivesse no exercício da sua função, não havendo sequer notícia de que os agressores conheciam a circunstância de que se tratava de um delegado de polícia", justificou Macedo, na decisão que soltou os acusados.

Muricy, atual coordenador da Delegacia Plantonista (Centro), foi atingido com vários chutes e pisadas na cabeça, chegou a desmaiar e foi internado no Hospital São Lucas, de onde recebeu alta no sábado. Segundo a Polícia Civil, o delegado teve afundamento de crânio leve e levou cerca de 30 pontos no rosto, que ficou desfigurado. Ele também sofreu escoriações e perdeu um dos dentes. A esposa do policial, que o acompanhava no bar, também foi empurrada pela dupla ao tentar defender o marido e machucou os joelhos. Ontem de manhã, o casal fez um exame de corpo delito no Instituto Médico-Legal (IML) e prestou depoimento na 1ª DM (Cj. Leite Neto), que abriu inquérito sobre o episódio.

Os motivos da agressão estão para ser esclarecidos, mas extra-oficialmente, afirma-se que um dos réus encontrou Frederico no banheiro do bar e lhe fez uma ofensa de cunho homossexual. "Fredão", como é conhecido, respondeu à provocação com uma piada e houve uma troca de empurrões na saída do banheiro. Após a confusão, o delegado chamou a esposa para ir embora do bar. Foi quando Pedro e Renan correram até o carro e atacaram Muricy, derrubando-o com chutes nas costas e até uma rasteira. Depois de empurrar a esposa, os dois passaram a chutar e pisar a cabeça do delegado, que perdeu muito sangue.

Dois delegados que também estavam no bar, entre eles o coordenador de Polícia da Capital Flávio Albuquerque, perceberam o ataque ao colega e agiram rápido, dando voz de prisão aos agressores e acionando a Polícia Militar. "Registro aqui (…) o elogio à conduta dos delegados que se encontravam no local, armados, e conseguiram, diante do quadro de um colega desmaiado e ensangüentado, prender os indiciados sem efetuar qualquer disparo, preservando assim a integridade destes, bem como das diversas pessoas que se encontravam no local", citou o juiz Paulo César, em seu despacho.

O próprio magistrado requisitou as imagens registradas na hora do incidente pelo circuito interno de TV do Mercearia 43 e pela Central de Monitoramento do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp). As fitas já foram encaminhadas à delegada Aliete Melo, da 1ª DM, que vai ouvir os depoimentos das testemunhas da confusão durante toda a semana. As famílias de Pedro e Renan informaram ontem que vão processar o delegado Muricy.