Os sequestradores durante a apresentação na SSP
Presa quadrilha que fez 10 sequestros em todo o Estado
Publicado em 20 de setembro de 2012
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
Cinco ex-presidiários que vinham cometendo vários assaltos e sequestros-relâmpagos em Aracaju e outras cidades do interior de Sergipe foram presos no último final de semana em operação conjunta dos núcleos de elite das polícias Civil e Militar. O grupo foi investigado pelo Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), e é considerado responsável por cerca de 10 crimes do tipo registrados pela Civil desde julho deste ano. Os detalhes da ação foram apresentados pela polícia na manhã de ontem em entrevista coletiva.
Jocélio de Jesus Carvalho, 35 anos, o "Júnior", Edivânio Melo, 38, o "Galego", Gidelvan Lima Feitosa, 31, o "Azedo", Ivan dos Santos, 30, o "Ivan Negão" e Mauro Sérgio de Souza Feitosa, 19, o "Maurinho", apontado como chefe da quadrilha, foram detidos nos bairros Santa Maria e Jardim Centenário, em Aracaju, e nos municípios de Neópolis, Pedra Branca e Nossa Senhora do Socorro. Com eles, foram encontrados um revólver calibre 38 e um veículo Astra de cor branca utilizado em alguns assaltos. O grupo teria se formado no próprio sistema prisional, de onde os acusados saíram por liberdade condicional ou pelo benefício da saída temporária. Dois deles eram detentos do Complexo Penitenciário Antônio Jacinto Filho (Compajaf), no Santa Maria, considerado de segurança máxima.
Segundo o delegado Cristiano Barreto, do Cope, o bando agia principalmente nos finais de semana e escolhia vítimas potenciais de forma aleatória, dando preferência às que transitavam em veículos de luxo. "Eles tinham como principal foco o ‘sequestro-relâmpago’, que na verdade é um roubo qualificado. Levavam os ocupantes como reféns e faziam saques em caixas eletrônicos. Em algumas oportunidades, eles chegavam a praticar um crime pouco contabilizado em Aracaju, a extorsão mediante sequestro, pedindo resgates aos familiares das vítimas. Esse crime, aliás, não era registrado há muito tempo em Sergipe", explicou o delegado.
Barreto citou como exemplo um sequestro ocorrido em julho deste ano na Avenida Nova Saneamento, bairro Luzia (zona sul), na noite de um domingo. "Foi quando eles tomaram de refém uma família inteira ao sair de um supermercado e levaram essas pessoas a um determinado local da cidade, exigindo que parentes seus efetuassem o pagamento de um resgate a um dos integrantes da quadrilha em outro ponto da cidade", lembrou ele. Outros crimes semelhantes se seguiram, sem dia ou hora certa, nos quais os reféns eram rendidos com muita violência e ameaçados de morte, sempre com forte pressão psicológica. "Há uma denúncia, que ainda está sendo investigada, na qual a mãe de uma vítima foi entregar o dinheiro do resgate e acabou sendo estuprada", relata o delegado.
Segundo as investigações, a articulação da quadrilha se deu em torno de "Maurinho", que recebeu a saída temporária na Semana Santa deste ano – não retornando à prisão – e já foi condenado a mais de 52 anos de prisão em processos judiciais por assaltos, tráfico de drogas e homicídios. O líder do grupo também foi o primeiro a ser preso, ao ser localizado em Penedo (AL) por policiais do Cope e do Comando de Operações Especiais da PM (COE). "Verificamos que o Maurinho se deslocava para Penedo sempre que o grupo cometia um crime. Então, mandamos uma equipe nossa para lá e conseguimos achá-lo com a esposa, atravessando a balsa para Neópolis", disse Cristiano. A partir daí, um a um, os outros integrantes foram achados e presos em suas casas.
Precauções – Na coletiva de imprensa, o chefe do setor de relações da PM, coronel Marcony Cabral, aproveitou para dar recomendações à população para evitar crimes de "sequestro-relâmpago". Para o oficial superior, os criminosos procuram vítimas descuidadas. "É importante não manter hábitos diários. Chegar ao veículo com a chave nas mãos, observar a presença de suspeitos na redondeza e evitar conversas nas portas das residências, são algumas práticas necessárias para se evitar crimes desse tipo", detalhou o coronel.
Marcony ainda destacou a importância da manutenção da calma em situações desse tipo. "Estando nas mãos dos criminosos é prudente não reagir e não encarar os criminosos. Em situações desse tipo, geralmente eles estão muito nervosos e sob efeito de substâncias entorpecentes", finalizou.