Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Turismo aposta nas férias


Publicado em 30 de setembro de 2012
Por Jornal Do Dia


José Roberto de Lima Andrade, secretário em exercício do Turismo

A proximidade do final do ano e, consequentemente, das férias anima os setores envolvidos com turismo em Sergipe. Segundo o secretário em exercício do Turismo, José Roberto de Lima Andrade, os investimentos em publicidade, realizados desde 2008, já posicionam o estado como um destino emergente. Nesta entrevista, ele também fala sobre a ampliação do aeroporto de Aracaju e as ações que serão feitas para atrair turistas durante a Copa do Mundo de 2014.

JORNAL DO DIA – Qual a sua avaliação sobre turismo em Sergipe nestes nove meses de 2012?

JOSÉ ROBERTO – A minha avaliação é muito positiva. Comparado com o mesmo período do ano passado, tivemos um incremento de cerca de 20% no fluxo turístico. O aeroporto de Aracaju é um dos que mais cresce no Brasil. Também destaco o anúncio da reabertura do Dioro Hotel, na Barra dos Coqueiros, que passará a ser operado pela GJP, uma das maiores empresas de gestão hoteleira do país, além da construção e ampliação de hotéis. Com isso, nosso parque hoteleiro deverá crescer em torno de 15 a 20% nos próximos dois anos.

JD – Há investimentos do governo previstos para o setor até o final do ano?

JR – A Emsetur estará finalizando a promoção turística do estado, com investimentos em torno de R$ 500 mil. Temos também a expectativa de iniciar ainda este ano investimentos em capacitação profissional com recursos do Ministério do Turismo oriundos de emenda parlamentar do Senador Antônio Carlos Valadares e do deputado federal Valadares Filho no valor de R$ 750 mil, além da conclusão da reforma do antigo restaurante Cacique Chá, no centro de Aracaju.

JD – O que significa para o turismo sergipano a reabertura do Dioro Hotel, na Barra dos Coqueiros?

JR – É extremamente importante, pois além de adicionarmos cerca de 400 leitos à nossa oferta hoteleira, reabre o maior estabelecimento voltado ao turismo de lazer e que possui também o maior espaço para eventos do estado. Outro ponto a destacar é que a operação será feita por uma das maiores gestoras da hotelaria brasileira, a GJP, que pertence a Guilherme Paulus, ex-dono da CVC. Embora ele não detenha mais o controle acionário da empresa, é o presidente do conselho de administração e, certamente, utilizará esta influência junto a CVC para alavancar as vendas do hotel. Reflexo disso é que na próxima alta estação deveremos ter mais três voos charters para Aracaju.
JD – Qual a expectativa da Secretaria do Turismo com a chegada do final do ano, das férias?

JR – Se o nosso ritmo de crescimento se mantiver, acredito que este será o melhor verão para o turismo sergipano. Os investimentos em publicidade realizados desde 2008 já posicionam Sergipe não mais como um destino desconhecido, mas como um destino "emergente". Já podemos sentir a movimentação para o período no aumento de pedidos de reservas. Acredito que nossa taxa de ocupação deverá estar em torno de 90%, considerando que teremos este ano mais 400 leitos com a reabertura do Hotel Dioro.

JD – Até que ponto o turismo sergipano tem contribuído com a geração de empregos no estado?

JR – Os números do emprego em turismo captados pelo IBGE têm demonstrado que a atividade é a quarta maior geradora de empregos em Sergipe, o que para nós é um número bastante significativo, e que reflete o dinamismo do turismo no estado. É importante destacar que o turismo é uma atividade intensiva em mão-de-obra, ou seja, a "mecanização" não ocorre na mesma intensidade como na agricultura e indústria. Outro ponto importante é que, apesar destes empregos concentrarem-se em Aracaju, percebemos que há um crescimento significativo do número de empresas e de empregos turísticos no interior do estado.

JD – Quando deverão ser iniciadas as obras de ampliação do aeroporto de Aracaju?

JR – As obras do aeroporto devem iniciar em 2013 com a ampliação da pista. O governo estadual já está fazendo sua parte, estando em fase final de licitação a obra do desmonte do morro da Piçarrra, necessária para a ampliação da pista. Além disto, está licitando também os projetos da readequação viária, já que o novo terminal de passageiros deverá ser localizado mais a oeste, no sentido do bairro Santa Tereza. Acredito que em 2013 também deva ser finalizada a licitação para a construção do novo terminal. Sei que muitas pessoas acham que este projeto está demorado demais, porém é preciso que se planeje com cuidado a construção do novo aeroporto para que não fique obsoleto em um horizonte pequeno de tempo, como é o caso do nosso terminal. O aumento na demanda por transporte aéreo e as novas configurações das aeronaves exigem que se pense em um aeroporto para pelo menos 20 anos. Também é preciso pensar na utilização do nosso aeroporto como um modal de transporte de cargas para a economia sergipana.

JD – De que forma Sergipe pretende colher benefícios no setor turístico com o advento da Copa do Mundo?

JR – A Copa do Mundo de 2014 certamente impactará o turismo sergipano, principalmente com o fluxo de turistas brasileiros e estrangeiros que vão aos jogos em Salvador. Nunca é demais lembrar que ninguém construirá um hotel exclusivamente para a copa. A Bahia já possui um grande parque hoteleiro e não acredito que haja expansão significativa da hotelaria por lá. Isso significa que Sergipe, beneficiado pela melhoria do acesso com a construção das pontes Joel Silveira e Gilberto Amado, será a opção de hospedagem mais viável. Outro aspecto importante é que estamos cadastrando um novo centro de treinamento de seleções, que inclui o Estádio Lourival Batista, incluindo seus anexos (Ginásio Constâncio Vieira e Parque Aquático Zé Peixe), que deverão ter sua reforma iniciada no próximo ano. Não sabemos, e duvido que alguém saiba, qual as seleções que estarão disputando na sede de Salvador. Em 2013 estaremos fazendo divulgação do nosso centro de treinamento para aqueles países que tradicionalmente disputam a copa. É uma disputa difícil, envolve uma série de fatores, mas estaremos brigando. O êxito dessa ação implicará não só em mais turistas, mas também numa maior exposição na mídia, o que contribuirá para divulgar Sergipe em nível internacional.

JD – O atual número de leitos da rede hoteleira sergipana é suficiente para atender a demanda?

JR – Acredito que há espaço para ampliação do nosso parque hoteleiro. Alguns empresários sempre colocam o discurso contrário, mas, estranhamente, muitas vezes são os primeiros a ampliar seus hotéis. O exemplo de que nossa oferta hoteleira ainda é pequena pode ser constatada pela nossa dificuldade em captar eventos de porte médio (acima de 2 mil pessoas). Com a ampliação do parque hoteleiro, prevista para os próximos dois anos, amenizaremos este problema.

JD – A atração de novos investimentos empresariais pelo governo de Sergipe pode beneficiar o setor turístico?

JR – Com certeza. Sergipe vem passando por um bom momento econômico. Novas empresas estão sendo atraídas graças aos investimentos feitos pelo sistema Petrobras na exploração de novos campos e ao Projeto Carnalita. Isso vai dinamizar o segmento do turismo de negócios que, embora impacte menos na cadeia produtiva do turismo do que o turismo de lazer e eventos, não sofre tanto com o problema da sazonalidade. O ideal é termos esse "mix" de segmentos de turismo divididos de forma proporcional, evitando a dependência excessiva de uma ou outra modalidade.

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