Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Almeida acusa eleitor de ser "cúmplice de corruptos"


Publicado em 02 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia


Almeida admite que ainda pode desistir da candidatura

Em entrevista ao JORNAL DO DIA, o deputado federal e candidato a prefeito de Aracaju pelo PPS, Almeida Lima, rechaça quem diz que sua estratégia política foi errada e lembra que em 12 de setembro do ano passado, em artigo, delineou as bases, os fundamentos de um novo projeto político pelo qual iria lutar e está lutando e lamenta não ter encontrado aliados.

Almeida lamenta que a sociedade tenha se esquivado em debater com os candidatos um programa de governo, a vida publica e privada dos candidatos e as ideias com as quais pretendem governar. "Povo que elege governante corrupto não é um povo vítima, é um povo cúmplice. Mas nessa eleição a culpa pela falta de debate honesto e esclarecedor não é, apenas, das pessoas individualmente, pois a omissão é da sociedade organizada. É da imprensa, das igrejas, dos sindicatos, das universidades, da OAB, dos movimentos populares, dos empresários".
Leia a integra da entrevista com o candidato Almeida Lima.

Jornal do Dia – Quando confirmou a sua candidatura a prefeito de Aracaju, o senhor esperava tantas dificuldades?
Almeida Lima – Dificuldades de ordem material eu as encaro com normalidade, e elas são comuns. As dificuldades que eu não esperava, confesso, não são minhas, mas da sociedade em compreender, aceitar e participar do debate que propus. Um debate mais do que necessário quando se vai eleger um presidente, governador ou prefeito. A vida pública e privada dos candidatos e as ideias com as quais pretendem governar devem ser debatidas e resultar claras para toda a população. Isso é feito em todo país civilizado e de gente esclarecida. O contrário é atirar no escuro, e isso não é eleição, é farsa. Um povo que não faz esse tipo de debate é um povo pobre de espírito e está condenado a conviver sempre com governos medíocres e corruptos. Está condenado a continuar sofrendo. Lamento que a sociedade embora brade por governantes honestos, não que discutir a honestidade dos candidatos.

JD – As pesquisas estimam que o senhor terá um baixo percentual de votos, a sua estratégia de campanha foi equivocada?
Almeida – De forma alguma. Fiz o que havia planejado, o que havia imposto a mim mesmo. Faria tudo de novo e continuarei a fazer não, apenas, nessa eleição, mas pela vida política inteira que terei pela frente. Nada do que fiz foi de forma atabalhoada. Lembrem-se que em 12 de setembro do ano passado em artigo (Uma Nova Ordem Política – http://www.consultnews.com.br/blog_post.asp?post=62&c=3) eu delineei as bases, os fundamentos de um novo projeto político pelo qual iria lutar e estou lutando. Uma Nova Ordem Política é um projeto político novo. Não encontrei aliados, mas espero reunir, embora tenho consciência das dificuldades, pois alguns dos fundamentos são obstáculos para muita gente. É preciso, por exemplo, renunciar a esse passado que fracassou, mas que hoje se apresenta dizendo-se ser a solução, bem assim, a essa candidatura que diz representar a renovação, quando ela é a síntese eloquente da obra O Leopardo, de GIUSEPPE TOMASI Di LAMPEDUSA, expressada na frase "renovar para continuar como está". Essa candidatura da "renovação" é a da "Quinta Coluna" que sempre atrapalhou um projeto progressista, de esquerda, em Sergipe, e espero que um dia percebam isso. Acredito até que esse dia está bem próximo.

JD – Nos últimos dias, o senhor vem criticando eleitores que não veem defeitos em seus adversários. Essa não seria uma estratégia que pode criar ainda mais dificuldades para a sua campanha?
Almeida – Para quem tem projetos imediatistas e eleitoreiros, sim. Para quem é político carreirista, sim. Mas para quem faz política por idealismo, não! Uma Nova Ordem precisa ser edificada em cima de verdades. As verdades doem, mas são necessárias. A realidade é que precisamos de uma sociedade estabelecida em novas bases. Estou cansado de conviver e de ver o acumpliciamento da sociedade com os governos corruptos e perdulários. Povo que elege governante corrupto não é um povo vítima, é um povo cúmplice.

Mas nessa eleição a culpa pela falta de debate honesto e esclarecedor não é, apenas, das pessoas individualmente, pois a omissão é da sociedade organizada. É da imprensa, das igrejas, dos sindicatos, das universidades, da OAB, dos movimentos populares, dos empresários. Todos deveriam participar, debater, manifestar-se publicamente. Assumir posições. Mas apesar da responsabilidade que todos esses segmentos têm, omitiram-se nesse processo. Depois não terão legitimidade para criticar nada. Eu me refiro à elite que dirige, que tem a palavra. Padres e Pastores diante de seus rebanhos estão sendo omissos, a imprensa diante de seus leitores, os professores, diante de seus alunos, enfim, a universidade, os intelectuais, os empresários, as entidades de classe.

JD – O PPS colaborou com a sua campanha? Há espaço para o senhor continuar no partido juntamente com Nilson Lima?
Almeida – Claro que o PPS colaborou, e o meu espaço, que é vasto, é dentro do PPS. Nessa campanha eu cuidei e estou cuidando de coisas grandiosas. Não haverá espaço para o varejo, para o menor.

JD – O senhor pode realmente retirar a sua candidatura a poucos dias do pleito? Isso não poderia provocar um grande prejuízo eleitoral para campanhas futuras?
Almeida – Sim, é possível. Não faço essa avaliação e não me preocupam as campanhas futuras. Preocupa-me um projeto, não campanhas e eleições.

JD – O senhor pode deixar a vida pública ou, passadas essas eleições, já estaria se preparando para tentar renovar o seu mandato de deputado federal em 2014?
Almeida – Nem uma coisa nem outra. Não deixarei a vida pública, nem me preparo para renovar esse mandato de deputado federal. Não estou com nenhum projeto eleitoral em vista. O meu projeto é político.

JD – A falta de alianças nestas eleições foi fator decisivo para a sua campanha?
Almeida – Alianças são importantes, mas não a qualquer preço. Dessa forma, antes só do que mal acompanhado.

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