Aspecto da audiência realizada no MPE para discutir a crise na ortopedia
HUSE NEGA EXISTÊNCIA DE CRISE
Publicado em 20 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia
Kátia Azevedo
O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) informou ontem que a ameaça de demissão em massa de ortopedistas que atuam na unidade pode não acontecer. A direção do órgão esclareceu que a crise está sendo gerenciada e sob controle.
Ontem, a direção do hospital participou de mais uma audiência no Ministério Público Estadual. O diretor técnico do Huse, Augusto César Esmeraldo, explicou que existem problemas estruturais que a gestão da unidade está tentando negociar com os profissionais. O médico ressaltou que eles têm a liberdade de optar e desistirem de pedir a demissão.
"No momento não está havendo desassistência. Estamos fazendo mutirão. Não estamos vendo este momento como uma crise da ortopedia. Há um gerenciamento da situação, que está sob controle. As negociações continuam para melhorar as condições de trabalho dos profissionais e atendimento ao público". declarou o diretor técnico do Huse.
O médico informou ainda que desde 21 de setembro até agora, já foram realizadas mais de 120 cirurgias. Para reduzir a fila, outras unidades hospitalares tiveram escalas completas, realizando também esse tipo de intervenção, a exemplo do Hospital Regional de Lagarto, que já realizou mais de 70 procedimentos. Mensalmente, o Huse faz 200 cirurgias ortopédicas, e o Hospital Cirurgia, cerca de 280.
Além da crise no Huse, o Hospital Cirurgia enfrenta também problemas. Há duas semanas a unidade reduziu em 60% a quantidade de intervenções ortopédicas por conta da falta de um equipamento exigido pela Anvisa através de uma portaria de 2010. "Estamos dependendo de alguns equipamentos que estão para chegar de São Paulo. Já na próxima semana o hospital deve funcionar a pleno vapor no tocante à ortopedia", informa Gilberto Santos, diretor do Hospital Cirurgia. De acordo com ele, o hospital também está operando com a metade de leitos.
Durante a audiência, que também contou a participação do Hospital Cirurgia e outras representações da área de saúde, a promotora de Justiça Euza Gentil Missano solicitou que num prazo de 48 horas a direção do Huse envie ao MPE a carga horária com detalhes do cumprimento da escala dos médicos ortopédicos. "Precisamos acompanhar mais de perto este problema e tomar as medidas cabíveis, considerando que se trata da oferta de um serviço essencial para a população", justiçou a promotora.
Ação pública – Em setembro, a crise na ortopedia foi alvo de Ação Civil Pública ajuizada em face do Estado de Sergipe e da Fundação Hospitalar de Saúde, tendo em vista o número insuficiente de médicos ortopedistas no Huse. A Curadoria da Saúde, por intermédio da promotora Euza Missano, requereu a liminar a fim de que o Estado oferecesse um número suficiente de médicos ortopedistas.
A falta destes profissionais afeta o atendimento de pacientes no Pronto Socorro e resulta em filas de pacientes esperando cirurgias que deveriam ser feitas com urgência. A juíza Simone de Oliveira Fraga confirmou a antecipação de tutela anteriormente deferida e condenou o Estado de Sergipe a obrigação de providenciar a formação da escala de médicos ortopedistas do Huse completa com no mínimo 03 profissionais por plantão, no serviço de urgência e emergência do Pronto Socorro e 02 no Centro Cirúrgico.
Acidentes – Os médicos também chamaram a atenção para o grande aumento de acidentes de trânsito e quedas com pessoas idosas. Esses são os principias motivos de superlotação nas unidades de trauma. "Mesmo fazendo esforço, a fila nunca acaba porque os acidentes nunca param", relata Augusto César Esmeraldo. "De 21 de setembro até agora, o Huse já fez 34 cirúrgicas ortopédicas em idosos", exemplifica.
Durante a audiência, os médicos acompanharam o relato de Maria Vieira dos Santos Fiel, cuja mãe de 87 anos está esperando uma vaga no Huse desde dia 11 de outubro para ser submetida a uma cirurgia ortopédica. Com a intervenção do Ministério Público, ela conseguiu agendar a operação para o dia 23, terça-feira. "Depois de muita luta acreditamos que ela será finalmente operada. Agora esperamos que tudo se resolva", acredita.