Quarta, 22 De Janeiro De 2025
       
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A Revolução dos Vinte Centavos e suas contradições


Publicado em 02 de agosto de 2013
Por Jornal Do Dia


* Denisson Teles

As manifestações que nosso país viu no mês de junho, e que continua a ver, definitivamente não foram por apenas vinte centavos. Estes foram só a gota d’água que uniu uma multidão de pessoas diferentes, com ideologias e pensamentos distintos (e nem sempre bons), agindo conscientes ou não, em prol de consequências em comum. Da boca da maior parte da eufórica juventude que se dizia apaixonada pelo Brasil ouvia-se: "O Brasil acordou!". Pois é, acordou, mas eu me pergunto para quê. Temo que esse Brasil tenha acordado tão atordoado e irritado que nem saiba o que faz.

Brasília tremeu. Jovens foram às ruas gritando sua indignação, chegando à capital, muitos de cara pintada, fazendo recordar as manifestações que deram um fim ao governo tão indignante do ex-presidente Fernando Collor, na década de 1980. Esta juventude dizia (e diz) amar a pátria, e com seu grito naquele momento queria o melhor para o nosso país, o fim da corrupção, entre outras coisas como pudemos nos inteirar pela mídia. Até mesmo o hino nacional cantavam apaixonadamente e trazia a bandeira com orgulho. Chegou até a ser comovente isso tudo.

O que vi nesses movimentos foram várias contradições: amor e ódio se mesclavam. Mas talvez nem seja contradição, pois o escritor Dante Alighieri já sugeria que o amor é o ódio enlouquecido. Sendo assim, foi o amor enlouquecido que dominou parte dos manifestantes. Mas acredito que amar a pátria é amar o hino, a bandeira, mas também e principalmente é amá-la como um todo, querendo bem ao coletivo, ao público, à nação! Que amor foi esse que fez cantar o hino nacional e abraçar a bandeira e ao mesmo tempo fez com que parte dos manifestantes quisesse depredar o Congresso e o Itamaraty (que são máximos símbolos da nossa nação)?! Como posso amar o Brasil e querer depredá-lo naquilo que mais representa seu poder? Muitos infelizmente confundiram-se quando agiram assim, pois não é destruindo paredes públicas, que se acaba com os problemas desse país.

Houve quebra-quebra em vários lugares, destruição de monumentos e outras obras públicas, e também de patrimônio privado: ônibus foram queimados, etc. Só o prejuízo do metrô na Avenida Paulista, em São Paulo chegou a R$ aproximadamente 73 mil.

Infelizmente, poucos daqueles que se manifestavam amam o Brasil. Mais que isso: poucos brasileiros amam verdadeiramente o Brasil! Se perguntarmos aos jovens brasileiros se preferem o nosso país ou os Estados Unidos, quase ninguém escolhe o Brasil… Falta amor à pátria, ao hino, à bandeira, à nação como um todo! O canto do hino nas ruas foi mais de indignação e ódio do que de amor sensato, para a maioria que o entoou.

Vendo pela TV, percebemos que a polícia parecia vítima, tantos eram os manifestantes que havia. Muitos quiseram enfrentá-la, mas ela buscou evitar confronto. Porém, como última alternativa e para o bem coletivo, os policiais foram obrigados pela situação extraordinária utilizar sprays de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Por causa dessa atitude, muito diziam que a polícia estava sendo cruel e coisas do tipo. Ora bolas, a polícia estava numa situação crítica, acuada, ela precisava intervir para manter a ordem, e claro que mesmo tendo todos os cuidados nessas situações, os policiais podem errar, mas muito dificilmente uma bala atingida em um inocente foi por malícia ou imprudência! Reforço: era uma situação crítica e deviam agir da forma que ela exigia.

Os protestos que tinham objetivo de serem pacíficos em muitos lugares não o foram por causa de alguns que deles faziam parte. Mas há quem defenda energicamente que foram pacíficos e que a polícia foi violenta. Pois bem, "nunca vi ônibus pegando fogo nem patrimônio sendo destruído em ‘protestos pacíficos’. Nesse tipo muito peculiar de protesto pacífico, a polícia intervém pacificament, com cassetetes pacíficos, bombas de gás pacíficas e balas de borracha pacíficas, como é de se esperar".  (Samuel Alves, site Direitas Já). Infelizmente tem de ser assim.

Sobre os objetivos dos manifestantes o problema é que não pediam de forma clara, focada, específica. Exemplo: pediam o fim da corrupção. Mas pedir o fim da corrupção é pedir algo muito amplo, e que é impossível de um presidente realizar. Para um resultado eficiente, os manifestantes tinham que pedir coisas mais objetivas, específicas: em vez de o fim da corrupção no Brasil, poderiam exigir o fim da corrupção no partido de ‘Fulano’, ou a cassação do mandato do corrupto ‘Beltrano’. Mas por que assim não fizeram, os políticos pouco ligaram. Tanto que houve político que, durante as manifestações, pegou jato da Força Aérea do Brasil para dar um passeio. Sabem que na hora das eleições o povo esquece e vota nele novamente.

O Brasil acordou? Espero que tenha acordado, mas que não tenha sido apenas para cuspir. Que tenha acordado e assim permaneça, para que aprenda que a democracia se faz nas urnas e não apenas no grito.

Se o ‘gigante’ acordou, que prove nas urnas, pois estamos numa democracia e não numa anarquia!
Uma última consideração: muito me assusta que a maioria dos participantes não sabia bem o que queria, mas parte dos poucos que sabia, tinham más intenções para o futuro do país. Alguns os chamam de totalitaristas, fascistas, mas o filósofo Olavo de Carvalho chama-os de comunistas (claro que era uma minoria pequena dos manifestantes, mas não por isso insignificante). Abramos os olhos para o tudo que ocorreu!                                                                                                                                                                                               

* Denisson Teles é graduando em História pela UFS

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