Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Samba bonito, a noite inteira


Publicado em 10 de setembro de 2013
Por Jornal Do Dia


Nino Karvan e a Madeira de Lei - uma ponte entre os maiores e os nossos

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

A dureza da vida não mata o amor. Dizem as rodas de samba e Nino Karvan, ele próprio um bamba, assina embaixo. É certo que Mangaba Madura (2001) e Aquarela pra Pandeiro (2005) não o colocaram a salvo de toda a sorte de julgamentos. Nem a si, nem as premissas de seu trabalho. Gosto é igual a braço. Uma apreciação consequente, contudo, há de reconhecer no compositor de "Ribeira" e "Madeira de Lei" a intimidade necessária para fazer a ponte entre os maiores e os nossos, como ele se propõe na temporada que inaugura esta semana no Café da Gente.

De Noel a nós é o nome do show que Nino Karvan apresenta com o auxilio luxuoso de Barata do Cavaquinho, Willame Rodrigues e Juarez Amaral a partir desta sexta-feira. No repertório, clássicos de Zé Keti, Ataulfo Alves, Cartola e Nelson Cavaquinho. É também uma oportunidade de revisar a discografia de um artista genuíno, desses que sintetizam os pecados e virtudes de uma geração inteira emprestando a própria matéria ao artesanato do tempo.

Quando Mangaba Madura foi lançado, Nino já contava 15 anos de música. Apesar disso, o artista recusou o cetro e a coroa de cartolina das vacas sagradas e se arriscou num exercício de afirmação radical. Emprestou métrica e rima para aboios, emboladas e blues, decidido a chafurdar na lama do mangue Serigy. Não agradou a todo mundo. Nem podia. Mas permaneceu fiel ao intento aparente de fundar uma aldeia no coração da qual pudesse cantar mais alto.

Hoje, doze anos depois do festejado lançamento, o irregular Mangaba Madura pode soar um tanto cafona (a guitarra de Marcus Vinícius não ajuda nem um pouco), mas o disco/manifesto de Nino Karvan será sempre lembrado, com toda a justiça do mundo, como um dos pontos altos da produção musical da terrinha. A riqueza inata de algumas canções lhe basta.

Em Aquarela pra Pandeiro, a forma aparece mais bem acabada, mas o propósito primeiro, a motivação que embala e faz o trabalho de Nino tão especial, permanece intocado. Como ele mesmo defende no encarte do disco, trata-se de apreender a vivência do interior nordestino, a música das feiras, a fala e a musicalidade do povo. Um forró certeiro, como só quem se mistura sem medo é capaz.

De Noel a nós, no Café da Gente:
13, 20 e 27 de setembro, sempre às 19 horas, no Museu da gente Sergipana.

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