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Um tiro no pé?
Publicado em 18 de setembro de 2013
Por Jornal Do Dia
Não vem repercutindo bem politicamente para o prefeito João Alves Filho (DEM) a decisão de tirar do Banese a folha de pagamento dos servidores da Prefeitura de Aracaju. É que os sergipanos enxergam no gesto do prefeito uma ação para querer inviabilizar a instituição bancária – que consideram um patrimônio do povo de Sergipe – só para criar dificuldades para o Governo do Estado na condição de seu opositor.
Os comentários nas rodas políticas e nos cafés nos shoppings são em torno dessa nova polêmica no Estado. Existe um entendimento de que o povo entendeu bem as declarações do governador em exercício Jackson Barreto (PMDB) sobre a importância do Banese para o desenvolvimento do Estado, a geração de emprego e renda, e para o lado cultural. E está solidário ao apelo para o bom senso de João Alves em não tirar a conta dos servidores do Banese por temer, principalmente, que a medida repercuta em todo o Estado e vários prefeitos possam fazer isso.
Muitos viram nas declarações de Jackson que a decisão de João Alves é política. Principalmente quando JB declarou: "Eu, Gama [João Augusto Gama] e Déda fomos prefeitos de Aracaju quando João Alves era governador de Sergipe e nós nunca tiramos a conta do Banese da prefeitura. Éramos adversários e nunca tivemos essa iniciativa, que é maléfica ao Banese. Queremos o tratamento igual que nós demos enquanto prefeitos, mantendo a conta da prefeitura no Banese pelo seu papel em Sergipe. Peço uma reflexão de João Alves a essa medida e uma solução em nome do bom senso".
O que também pesou para a rejeição do povo com relação à decisão do prefeito em fazer licitação para escolha do banco que ficará responsável pela operacionalização da folha de pagamento dos funcionários da Prefeitura de Aracaju foi a declaração do presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe, José Souza, de que teme a privatização do Banese.
Em declarações a imprensa, Souza diz que o prefeito não ouviu os sindicatos nem os servidores e agiu de forma monocrática ao lançar o edital para licitação. Revela que essa medida representa uma possível privatização do Banese, pelo seu enfraquecimento por perder o seu segundo maior cliente.
Avalia o presidente do Sindicato dos Bancários que com a retirada da folha salarial do Banese, se João Alves for eleito governador de Sergipe em 2014, vai privatizar o Banese por considerá-lo desnecessário, um banco sem muita importância.
Ainda segundo Souza, ele não acredita que é apenas a folha de pagamento que será leiloada para quem oferecer uma oferta mínima de R$ 40 milhões. "O debate não é a folha, pelo instituto da portabilidade. O interesse está na conta. Duvido que algum banco queira comprar só a folha por R$ 40 milhões. Querem passar isso para a opinião pública, mas não é a verdade".
João Alves já percebeu o desgaste político, mas vai levar o seu projeto adiante. Prefere justificar as suas ações tentando amortecer a repercussão negativa.
As centrais sindicais vão tentar impedir na Justiça que o prefeito tire do Banese a folha de pagamento da PMA, por temer a sua privatização e demissão. Se conseguir o seu objetivo, será mais um desgaste político desnecessário para João Alves que vai acumulando derrotas na Justiça, como a da Praia 13 de Julho e da contratação de Organizações Sociais (OS) para gerenciamento da saúde na capital.
Sem acordo
Aconteceu ontem a reunião do prefeito João Alves Filho (DEM) com a presidente do Banese, Vera Lúcia de Oliveira, visando discutir a licitação para escolha de nova instituição financeira oficial para operacionalização da folha de pagamento dos servidores do município. Como já era previsto, não se chegou a um consenso.
Argumentos
Na reunião, realizada no gabinete do prefeito, Vera Lúcia e diretores do Banese fizeram uma explanação dos números do banco, mostrando os impactos que sofrerá com a perda da conta da prefeitura da capital, a fim de sensibilizar os gestores do executivo municipal.
Intransigente
Já João Alves falou que a situação financeira da PMA, com a queda de arrecadação, o obriga a fazer o leilão da folha salarial. Falou da dificuldade para quitar a folha de funcionários e de pagar as contrapartidas dos empréstimos do Governo Federal. Disse ainda que outras prefeituras de Sergipe já tiraram a folha do Banese, como Socorro, Lagarto e Estância.
Qual a verdade?
João Alves, que estava acompanhado do secretário municipal de finanças Nilson Lima, garantiu a presidente do Banese que a principal conta da prefeitura – a conta única, onde são feitos os depósitos de tributos – não sairá do Banese. Para Vera Lúcia, o edital da prefeitura deixa claro que além da folha de pagamento dos servidores, a arrecadação dos tributos estaduais e municipais ficará centralizada na instituição vencedora da licitação.
Bola pra frente
De acordo com Vera Lúcia, o Banese não tem condições de participar do leilão por questões financeiras, uma vez que o mínimo é de R$ 40 milhões. Disse que só resta agora replanejar a vida do banco a partir de 7 de outubro, quando acontece o leilão, e o banco perderá de imediato 12.500 clientes.
Mudando o foco
Diante do apelo do governador em exercício Jackson Barreto (PMDB) para o prefeito João Alves Filho (DEM) não tirar a folha de pagamento dos servidores do Banese, o prefeito apelou ontem para que o governador em exercício repasse para o município os R$ 20 milhões devidos para a saúde. Disse que "o negócio é 2014" e que não vai abrir mão de uma receita que será boa para a população.
No parlamento
Ontem, na Tribuna Livre da Câmara Municipal, o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Aracaju (Sepuma), Nivaldo Fernandes, estranhou o edital do leilão da folha da PMA não está disponibilizado para o público. Lamentou que a prefeitura não abriu discussão com os servidores, que não sabem o que será oferecido a eles e o que vão ganhar com a venda da folha de pagamento.
Desgaste com a mudança
Aliados dos irmãos Amorim em Nossa Senhora da Glória continuam insatisfeitos com o fato deles terem aceitado o apoio do ex-prefeito Serginho Oliveira à candidatura a governador de Eduardo Amorim (PSC). Acham que Serginho foi o responsável pela vitória de Chico do Correio (PT) nas eleições de 2012, uma vez que o aliado do grupo, Jairo de Derninho (PTdoB), perdeu as eleições por apenas 100 votos.
Ponto de vista
Para o prefeito de Canindé do São Francisco, Heleno Silva (PRB), a partir da descompatibilização ou não de João Alves Filho da Prefeitura de Aracaju em abril de 2014, o processo sucessório tomará outro rumo. "Até lá tudo é só conversa", avalia.
Expectativa
Heleno está confiante na filiação do ex-prefeito de Estância, Ivan Leite (PSD), no PRB. Avalia que o seu nome está qualificado para disputar qualquer mandato eletivo em 2014, inclusive na chapa majoritária.
PTB
Uma fonte assegurou ontem à coluna que o deputado estadual Adelson Barreto (sem partido) vai se filiar ao PTB, presidir o partido no Estado e ser candidato a deputado federal nas eleições de 2014. Tudo em comum acordo com o atual presidente Edvan Amorim, que inclusive utilizou esse argumento junto a cúpula nacional do PTB para ter o partido de volta, já que o tinha perdido para o deputado federal Almeida Lima.
Se estruturando
Ainda segundo a fonte, no ato político do dia 27 deste mês, na Assembleia Legislativa, os irmãos Amorim devem anunciar pelo menos mais dois partidos que passarão a integrar o seu bloco político. Com isso, o grupo passaria a dispor de 14 partidos.
Veja essa…
Do presidente do Sindicato dos Bancários, José Souza, sobre a venda da folha de pagamento dos servidores da PMA: "O prefeito não pode tudo. Não vivemos em uma monarquia, mas em uma democracia. Não vivemos na época que o prefeito era biônico". Foi uma alfinetada em João Alves, que na década de 70 foi prefeito biônico de Aracaju, em um período de ditadura militar.
… e essa …
Do presidente do Sepuma, Nivaldo Fernandes, ontem, na Câmara Municipal: "O que a prefeitura está vendendo é o salário do servidor. Em um processo democrático de direito social urge a sensibilidade de sentar para conversar. Não cabe mais decisões unilaterias".
Curtas
O governador em exercício Jackson Barreto participou ontem, em Brasília, de reuniões no Senado e no Supremo Tribunal Federal (STF). Estava acompanhado do senador Valadares (PSB), do ex-governador Albano Franco e dos secretários Jeferson Passos (Planejamento) e Zezinho Sobral (Planejamento).
O senador Eduardo Amorim (PSC) fez a defesa dos produtores rurais nordestinos durante a apresentação da MP 619,2013 que estabelece ações para ampliar a capacidade de armazenagem de grãos no país. Apresentou emendas ao relatório da MP, que devem ser contempladas.
A senadora Maria do Carmo Alves (DEM) foi indicada para compor a Comissão Senado do Futuro, instalada ontem. Formada por dez senadores, a comissão tem a responsabilidade de discutir com entidades civis e especialistas, soluções para melhoria das instituições brasileiras.
O líder do PSC, deputado federal André Moura (SE), participou ontem de reunião-almoço com membros do Conselho de Assuntos Legislativos (CAL) da Confederação Nacional da Indústria – CNI. Discutiu temas que estão na ordem do dia no Congresso.
Hoje o Brasil acompanha o voto do ministro Celso de Mello, que pode reabrir o processo do mensalão no STF.