Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

Nova fuga combinada no Cenam e NA Usip


Publicado em 27 de setembro de 2013
Por Jornal Do Dia


Apesar da presença da tropa de choque, alguns menores conseguiram fugir

OS POLICIAIS TIVERAM DIFICULDADES PARA CONTROLAR REBELIÕES NO CENAM E NA USIP, E QUASE OCORREU UMA FUGA EM MASSA. ALGUNS ESTÃO FORAGIDOS

Pela terceira vez em menos de duas semanas, uma rebelião voltou a agitar o Centro de Atendimento ao Menor (Cenam) e, desta vez, conseguiu se estender até a Unidade Socioeducativa de Internação Provisória (Usip). O incidente começou por volta das 13h e só foi totalmente controlado duas horas depois, após a chegada de uma tropa da Polícia Militar. Os internos do Cenam, destinado aos que já foram sentenciados pela Justiça, pularam as muralhas e conseguiram acesso à vizinha Usip, reservada aos internos provisórios. Nas duas unidades, os menores promoveram um grande quebra-quebra, destruindo móveis, cadeados, grades e paredes.
No começo da noite, a Secretaria de Inclusão e Desenvolvimento Social (Seides) confirmou que houve fuga de seis internos da Usip e três deles foram recapturados pela PM. Também houve fuga de internos do Cenam, mas o número ainda era contabilizado até o fechamento desta edição. Não houve feridos, mas alguns internos e agentes de segurança tiveram apenas escoriações leves. A polícia estima que cerca de 80% dos mais de 170 internos das duas unidades participaram da rebelião, o que ainda era apurado pela Seides.
A Fundação Renascer ainda apura como a rebelião começou, mas PMs e agentes de segurança relataram que os internos do Cenam se armaram com barras de ferro e tentaram derrubar os muros da unidade, dando início à confusão. Um grupo maior conseguiu escalar a muralha que divide o centro da Usip, onde, quase que simultaneamente, os adolescentes deram um início a um "bate-grades" e em seguida também quebraram as portas das alas. A partir daí, dezenas de internos ocuparam todo o telhado, chegando até ao prédio da Academia de Polícia Civil (Acadepol). A PM foi logo chamada e enviou dezenas de equipes da Companhia de Policiamento de Radiopatrulha (CPRp), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), do Grupamento Especial Tático de Ações com Motos (Getam).
Toda a área das unidades, situadas à Avenida Tancredo Neves, no Capucho (zona oeste), foi cercada, causando congestionamento no trânsito. Do telhado, os internos atiravam telhas e pedras contra os PMs, que respondiam com bombas de efeito moral. Seguiu-se uma negociação e a polícia conseguiu que os menores descessem do telhado, sob a garantia de que não haveria represálias. Então, um a um, os rebeldes foram descendo por uma escada e sendo algemados. O Batalhão de Choque entrou nas duas unidades para controlar os últimos focos de rebelião e começou o trabalho de contagem dos internos, que estendeu até a noite de ontem. Funcionários da Renascer também faziam o levantamento e o conserto do que foi quebrado.

Maus tratos – Após o fim do motim, os adolescentes conversaram com jornalistas e denunciaram que começaram a se rebelar por causa de agressões e maus-tratos praticados contra eles pelos agentes socioeducativos. Eles reclamam que são espancados com frequência, principalmente durante as atividades ou revistas das alas. Dizem também que nenhuma atividade socioeducativa é ministrada e, por causa da greve da categoria, iniciada há mais de um mês, alguns serviços diários foram prejudicados. Os menores alegaram também que pode haver represália dos agentes, que os obrigariam a dormir no chão, em meio ao que foi quebrado.
No meio da revista das celas, toda a direção da Renascer convocou uma reunião de emergência com representantes do Ministério Público Estadual (MPE), do Juizado da Infância e Juventude, do Comando da Polícia Militar, da Secretaria Estadual de Direitos Humanos (Sedhuc), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE) e de entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Nela, os adolescentes prestaram depoimentos e outras informações foram colhidas, enquanto as autoridades discutiam que medidas seriam tomadas. Até o fechamento desta edição, a reunião não havia terminado, mas a Seides decidiu abrir sindicâncias para apurar as denúncias de maus-tratos. O balanço final da rebelião deve ser divulgado hoje. (Gabriel Damásio)

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade