Instalação de aterro sanitário provoca protestos em Socorro
Publicado em 03 de outubro de 2013
Por Jornal Do Dia
Cândida Oliveira
candidaoliveira@jornaldodiase.com.br
Mais uma manifestação fechou a BR 101, no quilômetro 88. Dessa vez, moradores do povoado Tabocas, localizado em Nossa Senhora do Socorro, protestaram contra a instalação de um aterro sanitário no local. A manifestação aconteceu por volta das 6h da manhã de ontem, 2, e só terminou 3h depois.
Com as duas pistas fechadas com a presença de diversos moradores e de galhos de árvores, um congestionamento de aproximadamente 4 Km se formou e as reclamações dos caminhoneiros foram muitas. O caminhoneiro José Francisco Teixeira disse que a parada complicava a entrega da sua mercadoria. "Só circulamos de 6h às 18h, então com a manifestação perdemos tempo. Está difícil porque todos os dias é isso".
O caminhoneiro Luciano de Souza contou que precisava chegar a Recife (PE). "Tenho compromisso de entrega, preciso chegar a outro estado ainda hoje (ontem)".
O autônomo Claudeilton Teles disse que a manifestação era contra o aterro da empresa Torre Empreendimentos. "Filmamos eles jogando lixo, resto de caixão dentro da mina que utilizamos para beber água. Em hipótese alguma vai entrar lixo na nossa comunidade. Vamos recorrer aos órgãos que forem necessários até o fim", avisou.
O aposentado Antônio Paixão pedia dignidade para as famílias que moram na região. "Coloquem o lixo em Rosário do Catete, que já possui um local apropriado para isso. A água que é captada aqui abastece as comunidades da Tabocas, do Oiteiros, além da sede do município, e 30% dela é consumida em Aracaju. Então, a população recebe água contaminada na sua casa", denunciou.
Depois de abrir a rodovia, por volta das 9h, os manifestantes seguiram em caminhada para a porta do aterro, onde derrubaram um grande outdoor que foi arrastado para o meio da pista que dá acesso aos caminhões de entulhos e atearam fogo no terreno da empresa. As chamas se alastraram rápido.
A diretora técnica da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Ana Tereza Paim de Almeida, relatou que foi emitida a Licença de Instalação (LI) para que o aterro fosse implantado e a Torre Empreendimentos solicitou 3 anos para a instalação do aterro de resíduos urbanos. "Quando a obra estiver concluída, a Adema vai ao local conferir se o projeto como foi acordado foi implantado, só depois dessa visita técnica liberamos a licença de funcionamento", explicou.
Sobre a contaminação do aquífero, ela garantiu que não existe esse risco, pois vários ensaios foram realizados por geólogos da Administração. "Com o resultado dos estudos, a Adema se sentiu segura para liberar a Licença de Instalação".
Ela alertou que a empresa não tem licença para descarte de resíduo urbano. E que a denúncia da população será apurada. "O setor de fiscalização da Adema irá até a área realizar vistorias e caso seja comprovada a irregularidade medidas administrativas serão tomadas", assegurou. O Ministério Público Federal aguarda um laudo técnico realizado por uma equipe de Brasília (DF) para dar o parecer do aterro, porém a construção do aterro é alvo de investigação.