A OPERAÇÃO POLICIAL NA INVASÃO PANTANAL FOI DEFLAGRADA NA MADRUGADA E FORAM APREENDIDOS MAIS DE 110 QUILOS DE MACONHA E COCAÍNA
AÇÃO NO PANTANAL APREENDE DROGAS
Publicado em 10 de outubro de 2013
Por Jornal Do Dia
Mais de 60 policiais civis e militares ocuparam ontem a Invasão do Pantanal, no bairro Inácio Barbosa (zona sul de Aracaju), em uma operação para prender integrantes do que é considerada uma das principais quadrilhas de traficantes que agem na capital. A ação, comandada pelo Departamento de Narcóticos (Denarc) e pela Companhia de Policiamento de Radiopatrulha (CPRp), foi para cumprir cinco mandados de prisão e outros 11 de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Criminal de Aracaju. Segundo o balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram apreendidos 110,5 quilos de drogas em vários locais da invasão, sendo 108 de maconha e 2,5 de cocaína.
A operação foi planejada há dois meses pelo Denarc e pela CPRp, que já investigavam a ação da quadrilha há mais tempo, a partir de constantes informações repassadas ao Disque-Denúncia (181). As incursões foram feitas por terra, água e ar, pois a área da invasão fica junto a um mangue e ao Rio Poxim, ambos usados pelos traficantes para esconder e transportar as drogas. As duas unidades foram apoiadas por equipes da Superintendência de Polícia Civil (Supci), do Pelotão de Polícia Ambiental (PPAmb), do Grupamento Tático Aéreo (GTA) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), que usou cães farejadores.
Ao todo, quatro pessoas foram presas, mas apenas um mandado de prisão foi cumprido. Edjane Santos da Silva, 28 anos, era procurada pelo crime de tráfico de entorpecentes e já tem outras passagens pela polícia. Os outros três foram presos em flagrante durante a operação. Ednaldo dos Santos, o ‘Gugu’, 21, é acusado de portar vários tabletes de maconha, enquanto Leniton Almeida de Araújo, o ‘Chiquinho’, 22 anos, acusado de portar um revólver calibre 38 e uma pistola 380. O quarto preso, Taislan Silva dos Santos, 19, foi detido por tentar impedir a aproximação dos policiais jogando pedras e outros artefatos. Houve um princípio de tumulto e policiais militares que apoiavam a operação reagiram usando spray de pimenta.
Outras pessoas criticaram a ação dos policiais. Em uma das casas próximas ao mangue, apontada pela polícia como ponto de apoio para a quadrilha, uma mulher grávida de sete meses chegou a passar mal e foi atendida por vizinhos. Os familiares começaram a protestar, acusando a polícia de invadir a residência de forma abusiva, mas a situação foi controlada após o mandado judicial ser mostrado. Para o delegado Fábio Pereira, do Denarc, a atitude pode ser uma estratégia dos traficantes para colocar a população a favor de suas atividades.
"Temos informações seguras de que pessoas foram mobilizadas pelos traficantes para falar mal da operação policial e por em descrédito o trabalho que foi planejado há meses, mas a polícia não vai se intimidar e recebe este tipo de crítica até com alegria", disse ele, lembrando que a maioria da comunidade apoiou a ação da polícia. Essa tática também se revelou durante as investigações, pois, segundo Pereira, "policiais que faziam levantamentos da área foram abordados o tempo inteiro por pessoas que queriam saber o que eles estavam fazendo na invasão e o que queriam por lá".
De acordo com o comandante da RP, capitão Hiram Rocha, cerca de 90% da droga apreendida foi encontrada enterrada no mangue do rio Poxim. Apurou-se que os tabletes da droga eram levados em poucas quantidades para as casas da invasão, usadas pelos traficantes como bocas-de-fumo ou locais para esconder armas e drogas. Estas casas eram alugadas e os traficantes mudavam constantemente de local. A droga era vigiada pelos seguranças da quadrilha, que também conta em sua estrutura com olheiros, vigilantes, compradores, vendedores e uma rede de pessoas que os apoiavam em caso de invasão da polícia.
Além das drogas e das armas, foram apreendidas dezenas de munições, cédulas de pequeno valor e um caderno de anotações relativo às atividades do tráfico. O capitão Rocha ressaltou que novas operações devem ocorrer na localidade porque dos cinco mandados expedidos pela Justiça, quatro ainda precisam ser cumpridos. Já o delegado Fábio Pereira destacou que desses foragidos, três pelos menos exerciam função de chefia da organização. "Há ainda uma grande quantidade de pessoas que se beneficiavam das atividades ilícitas da quadrilha", enfatizou.