A terra tremeu

Kátia Azevedo
katiaazevedo@jornaldodiase.com.br

Os moradores dos municípios de Graccho Cardoso, Itabi, Feira Nova e cidades circunvizinhas localizadas no sertão sergipano foram surpreendidos na noite de quarta-feira com tremores de terra na região.

O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) emitiu relatório para o Centro de Meteorologia da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), confirmando a ocorrência dos tremores no sertão de Sergipe entre 19h30 e 21h.
"O abalo sísmico ficou abaixo de 3.5 graus na Escala Richter, que vai de zero a 9, com pouca magnitude e impacto de risco de destruição", explicou o meteorologista Overland Amaral, da Semarh.

Ele informou que este tipo de fenômeno natural é causado por movimentos de forças intensas das placas tectônicas da terra, que provocam ajustes na crosta terrestre em decorrência de falhas na estrutura geológica.
Ainda de acordo com Overland Amaral esta não é a primeira vez que alguns municípios do semiárido sergipano registram este tipo de ocorrência. O meteorologista ressaltou que os municípios de Capela e Canhoba já sofreram abalos sísmicos em anos anteriores. Em Sergipe, o primeiro tremor que se tem noticia ocorreu em 25 e 27 de setembro de 1993. Em 2006 a terra tremeu em sete dos 29 municípios que compõem a região do semiárido sergipano: Nossa Senhora das Dores, Moita Bonita, Siriri, Santa Rosa de Lima, Divina Pastora, Malhador e Cumbe.

Em 2007 e 2008 também ocorreram o mesmo fenômeno. Overland destacou ainda a ocorrência de tremores de terra registrados na região do São Francisco em 1965, 2006 e 2011. No dia 7 de janeiro passado, por volta das 23h, também foi registrado um tremor em cinco cidades dos Estados de Alagoas e Sergipe.
Overland lembra que os tremores ocorreram porque as cidades ficam localizadas bem no meio de uma falha geológica, um foco vulnerável à atividade sísmica.

Segundo o boletim divulgado pelo LabSis/UFRN, o tremor de terra também foi sentido em outros estados do Nordeste, considerada uma região sujeita a terremotos, com magnitude média de 3,5 graus na chamada Escala Richter.

Além de municípios sergipanos, o abalo sísmico foi registrado na madrugada de quinta-feira nas cidades de Sobral, no Ceará. Municípios do Rio Grande do Norte também foram atingidos pelo tremor.
Em Sobral, o abalo sísmico foi de 3,7 graus na escala Richter, segundo magnitude repassada pelo LabSis/UFRN. A margem de erro na medição de um terremoto é de 0,3 pontos, para mais ou para menos. Não houve registro de feridos.  

O LabSis/UFRN monitora a área desde 2008, quando aconteceu um terremoto de 4.2 de magnitude. Desde então, os pesquisadores já registraram mais de três mil pequenos abalos.

Em Sergipe, existe uma estação permanente da Rede Sismográfica do Nordeste do Brasil (RSISNE) na cidade de Lagarto, mas ainda sem conexão com o laboratório do Rio Grande do Norte. Se estivesse funcionando haveria uma maior precisão de controle deste tipo de fenômeno natural. A proposta da rede é conectar mais nove estações para que as 16 do Nordeste fiquem ligadas ao LabSis/UFRN.

Nas cidades atingidas pelo tremor de terra, os moradores ficaram assustados. Mesmo com pouco impacto, casas apresentaram rachaduras nas paredes e telhas foram arrancadas de algumas residências situadas em povoados. Em Graccho Cardoso, a prefeitura passou a quinta-feira visitando as comunidades e realizando vistorias.  

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Estadual, Coronel Mendes, o órgão não foi comunicado e não teve nenhum conhecimento oficial sobre relatos de possíveis danos envolvendo os municípios atingidos