Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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O Pato de João matou o Gato


Publicado em 19 de novembro de 2013
Por Jornal Do Dia


ILUSTRAÇÃO: VIEIRA NETO

A busca da perfeição é coisa  antiga. Começou quando Deus tirou uma costela do homem e criou um ser só aparentemente mais perfeito, concorde você que me lê, ou não. Desde então ficou combinado que a busca da perfeição é inerente ao homem, é coisa simples como parto de cócoras e só complica quando este homem é um artista.

Um escritor ou poeta precisa de pouco para aperfeiçoar sua arte. Apenas de uma briga dele com ele mesmo. Hemingway conta em "Paris é Uma Festa", que levou quinze dias para escrever sete linhas de um romance. Ninguém, no hotel onde vivia, desconfiou. João Cabral de Mello Neto sofreu por muitos anos para concluir um poema. Só faltava uma palavra. Nunca a encontrava. Mas ele sofria com isso, tadinho.

Quando o artista é um cantor pop a coisa se complica. Sua busca da perfeição vem sempre acompanhada de exigências que o público acompanha com interesse. E, no caso da bibinha mal resolvida, Justin Bieber, de pichações em muro de hotel cinco estrelas e de surubas homéricas regadas a entorpecentes e energéticos pra acordar o pintinho adormecido. Outros cantores internacionais quando vêm ao Brasil exigem centenas de toalhas felpudas no camarim, o que dá a impressão que eles vêm aqui apenas para tomar banho. Alguns descem do avião tão sujos que eu não tenho mais dúvidas sobre isso.

Agora sim, vamos ao ponto: em termos de exigências, João Gilberto é o caso mais sério na arte nacional. Nunca pediu toalha felpuda. Suas exigências sempre giram em torno de sua música. Quer apenas as condições ideais para que ela saia perfeita. Tim Maia era outro. Muito exigente, gritava:"Olha esta merda de som!" E xingava a mãe de todo mundo. João fala baixinho, torra o saco de todo mundo e, suponho, xingam a mãe dele sem dó.

Na sua busca da perfeição – como se isso fosse possível -, João costuma cantar dias, semanas, meses, uma mesma canção. Este processo de repetição já fez algumas vítimas. A mais conhecida é seu gato, que não aguentou ouvir o estribilho de "O Pato" (tem coisa mais chata?) pela miléscima vez. Jogou-se do décimo andar ou tomou guaraná com formicida. Que ninguém estranhe esta versão. Sim, porque o gato de João não era um gato comum. Era tão sensível quanto os gatos que Araripe Coutinho criava à base de salmão e caviar em priscas eras. Teve 14 vidas, esteve nos braços de Rita Hayworth e recusou-se a colaborar, como tamborim, na primeira versão do "Orfeu", de Camus.

Enfim, vamos combinar: João, que vive no mundo da lua (que não é apenas dos namorados), torra o saco de Deus e de todas as suas criaturas, com suas exigências. Tão frescas quanto o "Chanel nº 5" da fresquíssima Marilyn Monroe.

Geleia Geral

… Será que existe alguém que tenha paciência de ler até o fim os livros com chatíssimas e enfadonhas teses de doutorado publicados à exaustão pela editora  da Universidade Federal de Sergipe?  Dolorosa Interrogação.

… O que tem de puxa-saco a parabenizar a TV Sergipe pelos seus 42 anos, é coisa de louco. Diga-se a bem da verdade: louco por pintar na telinha da repetidora da Globo por trinta segundinhos. Não seria melhor tentar imitar o Justin Bieber? Dolorosa interrogação. De novo.

… Vem aí uma nova edição do "Big Broxa Brasil", ou seja, vai rolar bunda-lê-lê e pingolim-lá-lá de montão, para levar ao êxtase os voyeurs de pantufas cor de rosa-choque e lacinho grená degradée na prótese capilar feita no capricho pelo mestre Marcos Raffou. É do cacique!

… Até que enfim. Algo de bonito e edificante no folhetim global das nove: o envolvimento das personagens Linda e Rafael. Ela é autista e ele um ser humano quase em extinção. De uma pureza comovente! Aplausos. De pé.

… O ator Everardo Senna, na pele do seu alter-ego, Coroné Vevé, apresenta na TV Aperipê todos os domingos de manhã, o programa "Café com o Coroné". Idéia muito boa, mas o amigo Everardo precisa renovar o seu repertório de piadas e bordões. E escolher melhor os convidados para o programa. No mais, tudo bem no ano que vem…

A maior tara
"Preciso estar constantemente apaixonada pelo meu ofício. E novela sempre foi minha maior tara como atriz". – Paloma Duarte, revista Tititi, edição de 08.11.2013.

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