Sexta, 24 De Janeiro De 2025
       
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O BRASIL DA ENXADA MALSINAVA A INDÚSTRIA


Publicado em 22 de fevereiro de 2015
Por Jornal Do Dia


Os grandes fazendeiros, gente extremamente conservadora que plantava café, ao lado dos senhores de engenho nordestinos, mandavam para representá-los no Congresso Nacional os senadores e deputados, que topavam ouvir qualquer discurso, menosdaqueles que no Império falavam em Abolição ou República. Depois, deposto o imperador, lembravam da necessidade de modernizar o Brasil, e entendiam que isso não poderia acontecer sem a industrialização. Para a oligarquia rural, sugerir que se instalassem fábricas no país significava quase a mesma coisa que defender a ideia estúpida e malsã da reforma agrária.
Havia, ao lado do conservadorismo rural, uma elite pensante que se dedicava a cantar as virtudes e as vantagens do Brasil como um ¨país essencialmente agrícola¨. Isso era motivo de extremado orgulho. Para que ser uma Bélgica, uma Inglaterra, ou França,Alemanha? Se aqui se instalassem fábricas, logo se formariam os contingentes proletários, e com eles viriam os sindicatos e as ideologias devastadoras da religião, da propriedade, das nossas melhores tradições. Com operários se organizando, exigindo, fazendo greves, teríamos a desordem propagada pelo socialismo, pelo anarquismo, pestes que andavam a ameaçar a estabilidade das monarquias européias. O Brasil rural, acomodado, tranqüilo, sem agitações políticas, sem povaréu paralisando fábricas, mas produzindo muito café, açúcar, carne, leite, couros, produtos fáceis de exportar, seria o modelo perfeito de um país que tinha enormes espaços de terra fértil onde plantar e colher. Aqui, poderia se concretizar a utopia, a sociedade perfeita, embora servindo apenas para a satisfação de uma reduzida elite de proprietários.
Atravessamos o tempo, conseguimos fazer grandes avanços econômicos, e ultimamente sociais, mas não

nos livramos totalmente do preconceito contra a industrialização, preconceito, ou o que seria pior, incapacidade para fazê-la. Seria apenas uma resistência passadista que nos sobra, ou o resultado de uma educação capengante que nos condena a não crescer tecnologicamente, a produzir café para que italianos, suíços, americanos, a ele agreguem valor, sofisticando o produto, esnobando na qualidade,na criatividade no marketing? Por aqui mesmo de criação brasileira só temos o simplório cafezinho. Mas as empresas multinacionais faturam com o cappucino, o latte, o expresso, o ristretto, o macchiato, e há muito mais ainda: o Irish Coffe, Brandy Coffe, Calypso Coffe, Gaelic Coffe, esses, resultado da mistura do café com bebidas alcoólicas, oferecendo atrativos que seduzem paladares pelo mundo todo. E aqui, temos o cafezinho, no máximo a média, café, pão e manteiga.
Carros, produzimos muitos, mas todos os modelos nos chegam de fora, aqui os repetimos e os montamos. A Coréia, a China, a Índia, a Rússia, criaram modelos resultantes da competência tecnológica que dominam.
Somos o maior exportador de ferro do mundo e estamos a importar trilhos da China para as nossas ferrovias, trilhos feitos com o minério de ferro brasileiro de excelente qualidade, que aqui deveria ser industrializado.
Teria sido melhor mesmo se ficássemos apenas a plantar batatas?

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