Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Ordem de despejo causa revolta em moradores do Casarão do Parque


Publicado em 07 de março de 2015
Por Jornal Do Dia


O prédio invadido no Parque Teófilo Dantas não oferece segurança às famílias

Milton Alves Júnior

Famílias que invadiram o Casarão do Parque há mais de cinco anos voltaram a protestar na manhã de ontem contra determinação judicial que exigiu a retirada de todos os moradores. Inconformados com a liminar exigindo a reintegração de posse do prédio, na manhã de ontem mais de 500 pessoas representando 227 famílias que ocupam o imóvel foram às ruas do Centro e causaram desordem pública. Durante o ato pneus foram queimados, insultos ao proprietário foram feitos, e sobrou até para o prefeito de Aracaju, João Alves Filho, que, segundo as famílias, não contempla os desabrigados com benefícios sociais como auxílio moradia. Oficialmente, conforme previsto nos autos analisados pelo juiz Marcel de Castro Brito, da 11ª Vara Civil, as famílias devem deixar o prédio de forma pacífica até o próximo sábado, 14.

Por volta das 9h equipes do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) foram mobilizadas para o cruzamento das ruas Capela com Propriá a fim de cessar as chamas dos pneus. Devido à barreira de fogo e mobilização das famílias, por mais de duas horas o trânsito de veículos foi inviabilizado e causou congestionamento em todas as ruas do Centro da capital. Agentes da Polícia Militar acompanharam o até então provável esvaziamento do casarão, conforme prometido pelos próprios moradores no último dia 27 de fevereiro. Já para manter a integridade física do patrimônio público da capital, agentes da Guarda Municipal de Aracaju também estiveram acompanhando o protesto. Irredutíveis, as famílias garantiram ao oficial de justiça que ninguém deixará o prédio até que os benefícios municipais sejam atribuídos.

Diante da situação, Wilton Alves Cordeiro, que estava representando o juiz, informou que a situação vivenciada na manhã dessa sexta-feira seria imediatamente comunicada ao meritíssimo para que outras medidas judiciais sejam definidas. Para o oficial, acordos foram descumpridos e essa atitude deve gerar novos conflitos até o fim do prazo previamente estabelecido. "Será inevitável porque na sexta-feira da semana passada informamos que eles teriam 15 dias para sair. Quando a determinação foi apresentada eles disseram que deixariam o prédio hoje, mas como se pode observar, ninguém mostra interesse em respeitar as ordens do juiz. Sendo assim, vou comunicar os fatos para que a justiça adote as medidas canibais. Estamos aqui para cumprir ordens", disse.

Certo que as famílias deixariam o local sem conflitos, Rosemberg Marque, que esteve representando os proprietários do edifício Casarão, ficou surpreso com o recuo dos invasores e chegou a prometer novo espaço enquanto a prefeitura não beneficiasse cada família com o auxílio moradia. Mesmo após esta tentativa de novo acordo, aos poucos os moradores começaram a voltar para as dependências do imóvel e rejeitaram a proposta. Ao perceber que a situação negativa era irredutível, Rosemberg denunciou que parte dos moradores está atuando de má fé, pois alguns já recebem o auxílio reivindicado, mas permanecem no casarão por possível comodismo.

Ocupação – Em meio às negociações, representantes das famílias chegaram a ameaçar invadir a Praça da Catedral e transformar o espaço em um grande retiro de moradores de rua, porém, devido à chuva que caía na capital, a ameaça foi abortada. Desempregada e mãe de três filhas, Elis Silva de 32 anos relatou as dificuldades para sobrevivência e caracterizou a decisão da justiça como desumana. "Não temos para onde ir, não temos emprego e não vamos sair daqui para deixar meus filhos no relento e pegar uma gripe. Aqui pelo menos a gente divide comida e cobertores, mas a justiça não quer saber do que será da gente quando sair daqui. Vida melhor que essa ela (prefeitura) pode dar se passar o dinheiro das moradias, mas vida ruim a justiça também pode dar se a gente tiver mesmo que sair sem direito a nada", afirmou.

De acordo com a comunicação social da Prefeitura de Aracaju, a Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social (Semfas) já realizou o devido cadastro das 227 famílias que abrigam no Casarão da Praça. Essa atitude foi adotada em 2013 quando uma ação movida pelos Núcleos de Bairros e Direitos Humanos da Defensoria Pública de Sergipe foi ajuizada. Compartilhando com as denúncias feitas por Rosemberg Marque, foi comunicado que algumas famílias já são beneficiadas com o auxílio moradia, outros, aguardam o repasse. A nova perspectiva é que outra ação de reintegração possa ocorrer até o período vespertino da próxima quarta-feira, 11.

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