Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Jovem é acusado de vender drogas e furtar R$ 500 mil dos próprios pais


Publicado em 10 de março de 2015
Por Jornal Do Dia


Gabriel Damásio

Mais um crime envolvendo jovens de classe média alta é descoberto pela Polícia Civil. Desta vez, o acusado é o estudante Fernando Ítalo de Oliveira Lima, 20 anos, que mora na Aruana (zona de expansão) e ali foi preso na última sexta-feira por agentes do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) e da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol). Segundo as investigações, Fernando estava envolvido com o tráfico de drogas sintéticas e teria furtado cerca de R$ 500 mil dos próprios pais adotivos. O caso foi apresentado ontem de manhã pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).

A delegada Suirá Paim, do DAGV, relata que Fernando já vinha sendo investigado há algum tempo por sua equipe, devido a denúncias de que ele maltratava os pais, já idosos. Algumas destas denúncias já foram feitas pelas próprias vítimas, mas, na hora de formalizar a queixa, elas desistiam. "Ele era agressivo com os pais, xingava, ameaçava de morte… tinha um histórico de agressões. E os pais procuravam a delegacia por mais de uma vez, mas sempre recuavam na hora de formalizar a ocorrência. Eles pediam apenas que convocássemos o filho para conversarmos com ele e dar conselhos sobre o seu comportamento", disse ela a jornalistas, lembrando que o acusado chegava a rir dos policiais quando saía do DAGV.

A gota d’água que levou à descoberta do furto – e à entrada definitiva da polícia na história – foi em 19 de janeiro deste ano, quando os idosos descobriram que Ítalo, aproveitando um descuido das vítimas, saiu de casa levando um veículo Toyota Corolla, além de todos os cartões bancários e telefones celulares. "Durante a investigação, foi constatado que Fernando já vinha fazendo transações bancárias com os cartões dos pais e de uma tia também idosa, totalizando uma movimentação financeira que totalizou entre R$ 450 mil e R$ 500 mil", confirma Suirá, ao esclarecer que este total vinha sendo retirado gradualmente das contas. "Os idosos não conferiam o saldo bancário e ele se aproveitava disso para retirar o dinheiro do banco no limite diário permitido. Agindo assim, ele evitava que a instituição financeira comunicasse ao titular da conta a retirada do dinheiro", explicou.

A polícia descobriu que o dinheiro foi usado na compra de drogas sintéticas, as quais eram semanalmente encomendadas pelo correio e revendidas em festas de alto padrão em Aracaju e outras capitais do Nordeste. Ao ser preso, Fernando estava com 157 comprimidos de ecstasy, um selo de LSD, uma balança de precisão, dois cofres disfarçados em livros e anotações com a contabilidade da venda das drogas. O lucro e os outros furtos também foram usados pelo acusado para abrir uma empresa de eventos que, conforme as investigações, era uma fachada para encobrir a origem do dinheiro.

A delegada do DAGV afirma que o acusado conseguia revender totalmente essas remessas em apenas uma noite, e também consumia as drogas. "Ele tinha retirado um passaporte com o intuito de viajar a Europa. Recentemente, ele comprou um pacote no valor de R$ 15 mil para curtir o Carnaval em Florianópolis e gastava altas quantias em festas e drogas", confirma Suirá. A revelação, confessada pelo próprio estudante, chocou a família, que nem desconfiava dos negócios ilegais do rapaz.

"Os pais suspeitavam que Fernando era usuário de drogas, mas não tinham certeza e nem podiam imaginar que a coisa fosse desta monta. Eles estão tristes, decepcionados. Não é uma felicidade que a gente tem no nosso trabalho. É muito triste ver  pessoas decentes passando por uma situação como essa. E infelizmente, foi um rapaz muito inteligente, que teve muitas oportunidades, mas não as aproveitou", lamenta Suirá. Ela se referiu ao perfil do acusado, que fala inglês fluentemente, tinha sido recentemente aprovado para cursar Direito e Relações Internacionais em duas universidades de Aracaju.

Fernando Ítalo foi autuado em flagrante e será processado pelos crimes de tráfico de entorpecentes, furto qualificado, lavagem de dinheiro e maus tratos contra idosos (previsto no Estatuto do Idoso). A prisão preventiva dele foi decretada na própria sexta-feira pelo juiz José Anselmo de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Aracaju. O DAGV investiga agora a suspeita de que outras pessoas estejam envolvidas no esquema, sem descartar a hipótese de pedir que a Justiça decrete o sequestro dos valores investidos na empresa suspeita, a fim de recuperar o dinheiro.

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