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A REPÚBLICA E O CABARÉ DE TONHO
Publicado em 22 de março de 2015
Por Jornal Do Dia
A definição de República feita antes de Cristo por Cícero, permanece atual. A res pública, a coisa do povo, o interesse coletivo, a coisa pública, são, segundo o tribuno romano, os atributos indispensáveis na concepção do governo republicano, e nisso a República ganha a sua característica, que não é apenas uma forma de governo diferenciando-se e contrapondo-se à monarquia, mas, que se identifica, essencialmente, com o primado da justiça e da equidade.
Raimundo Faoro, em Os Donos do Poder revela a deformação histórica da República brasileira corroída por um patrimonialismo que vem de muito longe, dos primórdios da nossa formação como povo e nação. A nossa República transformou-se na "Magna Latrocínia", denominação de Santo Agostinho, para os governos desfigurados.
Cid Gomes, quando foi à Câmara dos Deputados, apontando para o presidente fez aquelas denuncias tão graves pelo conteúdo e tão desastradas quanto à forma, deixou de oferecer, com moderação e serenidade, um instrumento para o reerguimento da República a partir da "magna latrocínia", onde as instituições se atolam.
O ex-ministro, pela sua tempestuosa maneira de agir, fez lembrar um dono de cabaré aracajuano chamado Tonho do Mira, ou Maria 38. Quando, nas noites trepidantes dos sábados o clima no Mira Mar tornava-se explosivamente bagunçado, Tonho pulava em cima de uma mesa, disparava um tiro para o alto. Fazia-se um silencio amedrontado, e ele bradava: "Isso aqui é um cabaré, mas tem dono". Todavia, no sábado seguinte, a mesma bagunça retornava.
O problema é que, tanto no cabaré de Tonho em desordem, como na República de Dilma, desvirtuada, nada se pode resolver na base do grito.