Motoboys protestam fechando avenida e atrapalham motoristas
Publicado em 11 de julho de 2015
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
miltonalvesjunior@jornaldodiase.com.br
A falta de entendimen-to entre Prefeitura de Aracaju e grupo de motoboys gerou mais um capítulo de impasses na manhã de ontem. Durante a realização de uma blitz de rotina promovida pela Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) nas intermediações do bairro São Conrado, três taxistas clandestinos e duas motos supostamente conduzidas por motoboys foram apreendidas por agentes que participavam da operação. A medida adotada pelos servidores causou insatisfação por parte da categoria que, em frações de minutos, se mobilizou para interromper o trânsito na região e protestar contra a postura do governo municipal. Eles lutam por uma regularização do serviço, assim como recentemente ocorreu na cidade de Nossa Senhora do Socorro.
Revoltados com esta novela que se arrasta há mais de cinco anos, os ‘clandestinos’, assim como denomina a SMTT, fecharam parte da avenida Heráclito Rollemberg, onde por mais de duas horas ali permaneceram a fim de chamar a atenção do prefeito João Alves Filho. Ciente do transtorno que estavam gerando para centenas de motoristas, a categoria lamentou a postura administrativa de João e avaliou suas medidas como possível omissão. Para os mais de 40 motoboys e mototaxistas que aderiram à manifestação, o simples fato de debater a regularização desse atendimento deve resultar em suspensão parcial dos atos públicos. Para Jorge Barreto Junior, que atua como entregador de produtos alimentícios há mais de cinco anos, essa profissão é necessária para atender parte da população que exige qualidade e eficiência.
Atuante nas horas vagas também como mototaxista, ele critica a falta de apoio do prefeito e destaca o interesse de dezenas de motoqueiros que apenas desejam trabalhar tranquilamente, sem nenhum tipo de pressão imposta por parte da SMTT. "É preciso que o senhor prefeito entenda que estamos falando de pais e líderes de família que precisam manter a família e é com esse tipo de trabalho que conseguimos juntar um dinheirinho a mais. O que nos revolta é saber que aqui em Aracaju aqueles que querem trabalhar não tem vez. Em Socorro a situação era semelhante, mas o prefeito entendeu nosso pleito e regularizou nossas atividades, mas aqui João parece que não vê nossas implorações. Esse é o motivo da briga", disse.
Segundo os líderes do movimento promovido na manhã de ontem, só em Aracaju são cerca de cinco mil mototaxistas e motoboys que atuam diariamente com o receio de serem abordados pelo efetivo da SMTT. Segundo explicações de Jeverton Santos, apontado como um dos principais defensores da causa, como se não bastassem as multas aplicadas por agentes, muitos trabalhadores têm suas respectivas motos apreendidas. Fato esse que interfere ainda mais na renda mensal da família. "Tirar a moto de um cidadão de bem que está trabalhando é a mesma coisa que tirar um livro de uma criança. Estamos trabalhando para atender bem as pessoas que são reféns de um transporte público de má qualidade, ou simplesmente querem receber em casa alguma encomenda não ilícita, claro", destacou.
Quanto ao próximo passo a ser dado referente a este pleito, Jeverton Santos foi enfático na resposta concedida ao Jornal do Dia. "Simples, basta apenas que o prefeito João se interesse em debater esse assunto com representantes de empresas que há anos prestam esse tipo de serviço com qualidade na nossa cidade. Infelizmente, e volto a bater na tecla, o cidadão de bem está sendo vetado de trabalhar. Enquanto houver esse tipo de abordagem e apreensão de motos nós iremos permanecer com as manifestações", avisou. Até o final da tarde de ontem João Alves Filho não tinha se pronunciado quanto ao pleito dos motoqueiros. Assim como ocorreu com o chefe do executivo municipal, nenhum subordinado se interessou em conversar com a imprensa sobre a polêmica.