Coronel Marcony destacou passo a passo das investigações, iniciadas em abril de 2016
PM esclarece desvio
Publicado em 03 de fevereiro de 2018
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
Depois de um período de silêncio, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Marcony Cabral, convocou ontem uma entrevista coletiva para rebater às criticas sobre a forma como vem administrando a crise causada pela investigação dos supostos desvios nas verbas para abastecimento de viaturas da corporação. Marcony apresentou documentos e afirmou que os casos apurados em um Inquérito Polícial Militar (IPM), que já tramita na Auditoria Militar, são "pontuais" e aconteceram apenas no 5º Batalhão (5º BPM), em Nossa Senhora do Socorro (Grande Aracaju), tendo já sido investigados desde abril de 2016 pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.
Marcony afirmou ser "impossível" que os desvios sejam de R$ 1 milhão, como chegou a ser informado por fontes ligadas à investigação, pois os gastos atuais da PM com combustível chegam a R$ 540 mil mensais. Indicou ainda que o possível esquema teria começado em gestões anteriores a seu mandato como comandante, e que só tomou conhecimento das investigações em maio de 2017, pouco depois de assumir o cargo.
"Foi um problema pontual na área do 5º Batalhão, e isso não se refere a toda a corporação, nos fatos que chegaram ao meu conhecimento. Nessa formatação certamente não há. Se aparecerem outros indícios, que levem a isso, mas posso garantir que se isso ocorreu certamente não foi durante a nossa gestão, porque inclusive nós conseguimos ajustar a questão de gastos de combustível, porque vivemos uma crise financeira, diante de uma crise que nós vivemos, conseguir desviar R$ 1 milhão sem que ninguém percebesse é algo realmente de extrema dificuldade", disse o coronel.
Ele disse também que as investigações estão em andamento e sob sigilo, pois elas concentram na análise do sistema técnico que gerencia o abastecimento das viaturas, o qual pode ter sido burlado por usuários de cartões não registrados. "As incongruências são em relação a possíveis outros cartões que tenham aparecidos e não são do controle da Polícia Militar. Como há uma questão técnica muito forte já que é um sistema que está envolvido, isso está sendo investigado pelo Ministério Público, porque ele tem condições e mecanismos legais para buscar maiores informações", justificou.
O IPM da Corregedoria da corporação resultou no indiciamento do sargento Robertson Souza Silva, afastado do Centro de Suprimento e Manutenção (CSM), e de uma frentista que trabalhava em um posto de combustíveis no bairro Lamarão (zona norte). Esta foi a conclusão do relatório da coronel Valéria Tatyane Barros, encarregada do inquérito, em cima dos indícios levantados pela investigação. A participação de outros suspeitos ainda não está totalmente descartada. "Um frentista afirmou que esse sargento teria participação em alguma fraude com ele mas é precipitado de nossa parte dizer se ele fez ou não, qual foi a real participação, porque a investigação ainda está sob sigilo de justiça e está sendo conduzido pelo Ministério Público", disse o comandante geral.
Parado – O comandante não quis comentar as acusações feitas pelo ex-corregedor-geral da corporação, Benê Gravatá, que o acusou de tentar interferir nas investigações do IPM e impedir que outros oficiais ligados ao comando fossem chamados para prestar depoimento. Marcony disse apenas que determinou apenas a abertura dos procedimentos disciplinares contra o oficial, mas vai processá-lo judicialmente porque "teve a honra manchada" pelas declarações. Disse também que o coronel ficou com o IPM paralisado por 63 dias e o colocou sob sigilo. "Como é que a gente sabe disso? Porque 63 dias após, ele foi a auditoria militar e apresentou esse documento. O que ele fez? Algumas medidas investigativas, inclusive, está assim escrito, em caráter sigiloso. Ele pediu sigilo, mas agora vai à imprensa", criticou.