Quarta, 15 De Janeiro De 2025
       
**PUBLICIDADE


A POLÔNIA E A ILUSÃO DOS CAVALOS VENCENDO TANQUES


Publicado em 04 de fevereiro de 2018
Por Jornal Do Dia


A Polônia sofre de uma síndrome dolorosa de um passado de humilhações e sofrimentos. Tantas vezes subjugada, tantas vezes reerguida, a Nação polonesa é vitima de vizinhos cobiçosos, e das suas próprias contradições internas. Passagem quase obrigatória dos grandes exércitos que se deslocaram na conflagrada Europa, de leste a oeste e vice versa, foi tantas vezes pisoteada por tropas estrangeiras, e pelos seus próprios militares, servindo à ditaduras que a infelicitavam. Uma casta enfunando-se de nobrezas, misturou-se com galões rebrilhantes, e nem sempre demonstrou competência nas guerras que travou, todavia, sem lhes faltarem arrojo e valentia. Quando Hitler começou a engraxar seus tanques, a Polônia sentiu que seria a próxima vítima, mas acreditou na salvação que viria dos franceses e ingleses. Descuidou-se da defesa, e apegaram-se os seus generais aos velhos manuais de batalha, já embolorados. Contra a ¨blitzkrieg ¨nazista que sobre ela avançou rápida e demolidora no dia 2 de setembro de 1939, abrindo a sucessão de horrores da guerra mundial, a Polônia colocou em linha divisões de cavalaria, logo dizimadas. Quando os ¨stukas ¨, os aviões de bombardeio em vertical mergulhavam sobre Varsóvia, a força aérea polonesa resumia-se a alguns aparelhos do começo do século. A queda foi rápida e a ocupação imediata, com os dois inacreditáveis aliados, Hitler e Stalin, dividindo a presa. No decorrer da ocupação, os nazistas puseram em prática a ¨solução final ¨, o extermínio de judeus, ciganos,e resistentes poloneses. Na Polônia Hitler instalou seus maiores campos de extermínio, e nas suas câmaras de gás milhões de judeus foram assassinados. Quando se fala nesses campos, usualmente se diz: os campos de extermínio na Polônia. É lá que eles estão, e não na lua. Mas o Parlamento polonês, entendeu que isso é insulto ao país, e aprovou uma pena rigorosa para quem escrever ou falar coisas que possam insinuar participação polonesa no holocausto, ou apontar poloneses como colaboracionistas. Houve quinta – colunas na Polônia da mesma forma que em todos os países ocupados por Hitler. Na Polônia, pairando sobre as traições, ocorreu o heroísmo do Gueto de Varsóvia, onde judeus resistiram até o extermínio.

Um norueguês, o major Quisling, fez o seu nome tornar-se adjetivo para classificar traidores, os ¨quislings¨, espalhados por todos os países, aqui, eram os quinta – colunas, palavra surgida na guerra civil espanhola. Os franceses até hoje lutam contra o opróbio dos colaboracionistas, o maior deles o octogenário, marechal Pétain, herói da primeira guerra, personagem caviloso, submetendo-se servilmente a Hitler para ¨governar ¨a França ocupada, nomeando seu Primeiro Ministro o visceral traidor e corrupto Pierre Laval.

Na França esses assuntos constrangedores são debatidos livremente, claro, ali funciona uma democracia, e nele se envolvem desde 1945 os franceses, quando, após a libertação, começaram a ser fuzilados colaboracionistas, e raspadas as cabeças de mulheres que haviam deitado com os boches, como eram chamados os alemães.
O mal dos poloneses é que eles sempre imaginam que podem engavetar a história.

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE