**PUBLICIDADE
LEOPOLDO SOUZA E A ¨VELHA POLITICA¨
Publicado em 10 de fevereiro de 2018
Por Jornal Do Dia
Leopoldo Souza já anda beirando os oitenta anos. Com uma passageira dificuldades visual, não lê mais todos os dias os jornais, as revistas semanais e livros, muitos livros. Como sempre fez. Advogado, antes mesmo de formar-se ingressou na política. Foi vereador em Estância. Veio o traumático 1964, e ele, levado pelo cunhado Jose Carlos Teixeira, assinou filiação ao MDB, a oposição consentida pelo regime, todavia, sob severa vigilância. Elegeu-se deputado e logo revelava-se o tribuno, envolvendo-se no sufocado debate político, abordando sempre temas ligados à realidade sergipana. Ele, Jackson Barreto Oviêdo Teixeira, Guido Azevedo, e Otávio Penalva, eram a bancada da oposição num parlamento submisso dominado por grande maioria da ARENA, o partido do regime . Outros como Jaime Araújo, Baltazar Santos, já haviam sido cassados pelo AI-5.
Leopoldo Souza anda agora mais indignado do que nunca. Com o PT já perdera a esperança numa esquerda sintonizada com a ética. Com o seu antigo partido anda mais do que decepcionado, chega à revolta. Leopoldo lembra que dos fundadores do MDB, daqueles que enfrentaram os tempos ásperos, em que por um nada saia uma cassação, nenhum enriqueceu com a política. Os que chegaram pobres, morreram pobres, ou estão ainda pobres, os que chegaram ricos, não ficaram mais ricos, porque era assim que se fazia ,segundo ele ,a ¨Velha Politica¨, velha, porque os valores de então caducaram, ou sumiram, substituídos pelas práticas dominantes da malandragem e da cafajestice.
Leopoldo lembra um episodio ocorrido quando seu pai, Raimundo Souza, que foi prefeito de Estância, uma cidade com tradição operária, que se tornou um dos três municípios sergipanos governados pela oposição. Seu Raimundo viajava a Aracaju no seu carro para tratar de assuntos da prefeitura. Leopoldo o convenceu, a pelo menos receber do município uma quantia para pagar a gasolina, e ele concordou. No primeiro dia da viagem com gasolina municipal, Leopoldo instalou-se no carro para ir a Aracaju, e o pai Prefeito logo o advertiu: ¨Só viaja comigo funcionário da Prefeitura, que for a serviço¨.
Realmente era muito velha a política daquele tempo.