Ainda não ocorreu ontem, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o julgamento do mérito dos recursos apresentados por deputados e ex-deputados de Sergipe no caso das subvenções da Assembleia Legislativa em 2014, quando os parlamentares usaram irregularmente
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Fechamento da Fafen une situação e oposição
Publicado em 21 de março de 2018
Por Jornal Do Dia
A Fábrica de Fertilizantes Nitrogena dos de Sergipe (Fafen/SE) entrou em operação em 6 de outubro de 1982 e marcou um novo ciclo do desenvolvimento no estado, com a construção da adutora do Rio São Francisco, a ampliação da rede de energia elétrica e a instalação do Terminal Portuário Ignácio Barbosa, na Barra dos Coqueiros.
Ocupando uma área de 1 Km², a fábrica produz amônia, uréia fertilizante, uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico, hidrogênio e gás carbônico. Tem hoje cerca de 700 empregados.
Desde 2014, a Fafen/SE conta com uma planta de produção de sulfato de amônio com capacidade para produzir até 303 mil toneladas/ano, o que equivale a 80% da importação da região Nordeste em 2014. O sulfato de amônio contém nitrogênio na composição e também é excelente fonte de enxofre, muito utilizado no cultivo de milho, cana-de-açúcar e algodão.
Por se encontrar instalada no Estado há décadas a decisão da Petrobras em fechar a Fafen/SE pegou de surpresa os sergipanos. No maior desrespeito ao povo brasileiro e aos governantes dos estados onde a fábrica está instalada, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, ligou para o governador Jackson Barreto (MDB), na noite de anteontem, para informar o fechamento da fábrica em Laranjeiras no próximo mês de junho com a alegação que a empresa está dando prejuízos.
JB demonstrou preocupação não só pelo desemprego aos seus empregados, como também a queda de arrecadação de impostos para o Estado e o município de Laranjeiras, com a destruição da cadeia produtiva. E, com razão, protestou dizendo ao presidente da Petrobras que uma decisão dessa envergadura não devia ser comunicada ao governador por telefone e sem uma ampla discussão sobre o assunto.
O lado bom nesse lamentável episódio do fechamento da Fafen em Sergipe é que a classe política, tanto da situação quanto da oposição, se uniu para tentar salvar a fábrica do seu fechamento, que causará um enorme prejuízo não só para Sergipe, mas, também, para o país.
Isso porque os fertilizantes são insumos essenciais à produção agrícola e o fechamento das fábricas no Brasil vai colocar em risco a Soberania Alimentar e o Agronegócio no país, uma vez que a produção agrícola passará a depender totalmente da importação de fertilizantes.
Governador, senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores estão protestando e se mobilizando para buscar uma alternativa que evite o fechamento da Fafen pelo governo desastroso e ilegítimo de Michel Temer, que ainda quer privatizar a Eletrobras, para atender a sua política de entregar o capital brasileiro ao capital estrangeiro, além de portos, aeroportos e o pré-sal.
Como os políticos sergipanos, o povo brasileiro precisa reagir a essa política nefasta do governo Temer, que tem apenas 4% de aprovação popular e, ainda assim, tem pretensões de concorrer à presidência da República nas eleições deste ano.
Medidas do governo 1
O governador Jackson Barreto (MD) já pediu ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, uma audiência na sede da empresa, para aprofundar a discussão do fechamento da Fafen e buscar alternativas. "Nesse momento de crise não se justifica fechar a Fafen. É preciso dizer a Petrobras que não é possível fazer o que está fazendo com Sergipe, que deu muito lucro para ela. Entendo que tem o momento de lucro e de dificuldade".
Medidas do governo 2
Jackson já solicitou ao presidente Michel Temer uma audiência de emergência com a presença da bancada federal e hoje, em Brasília, já participa de reunião com deputados e senadores de Sergipe para discutir esse tema.
Unindo forças
A reunião de JB com a bancada ocorrerá no gabinete da vice-coordenadora da bancada federal de Sergipe, a senadora Maria do Carmo Alves (DEM), a partir das 11h. Segundo a parlamentar, com o anuncio de fechamento da Fafen é preciso discutir uma alternativa menos nociva aos trabalhadores e a Sergipe, por ser a fábrica uma grande promotora do desenvolvimento do Estado.
Audiência pública
O senador Eduardo Amorim (PSDB) apresentou ontem requerimento junto à Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) pedindo a realização de uma audiência pública visando discutir o fechamento da Fafen. No documento, o parlamentar solicita a presença do presidente da Petrobras, Pedro Parente, do Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, do diretor do Sindpetro de Alagoas/Sergipe, além do coordenador-geral do Sindipetro da Bahia.
Sem entender
Eduardo Amorim diz que é difícil entender o que está acontecendo, uma vez que no passado, o governo estudava a possibilidade de autossuficiência em se tratando de fertilizantes nitrogenados e fosfatados. "A região de Laranjeiras, onde a Fafen está instalada, possui a maior mina de potássio do hemisfério sul e é responsável por 48% do fertilizante hidrogenado produzido no País. Agora o governo atua em sentido contrário, desmobilizando ativos estratégicos da Petrobras", destacou.
Solidário na luta
O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) disse ontem que reassume na próxima sexta-feira o mandato de Senador e protestará contra o fechamento da Fafen. "Tal decisão além de retirar o emprego de centenas de trabalhadores humilha o nosso Estado como membro da federação. O governador sequer foi ouvido. Apenas comunicado", afirmou, convocando a união da classe política em defesa dos interesses do povo sergipano.
Defendendo a união
Em pronunciamento ontem na tribuna da Câmara, o deputado federal Valadares Filho (PSB-SE), registrou preocupação com o fechamento da Fafen relacionada aos trabalhadores e, a quebra da cadeia produtiva. Disse que o momento exige a união de todas as forças políticas de Sergipe. "A decisão de fechar a Fafen não faz sentido, pois não guarda coerência com o mercado de fertilizantes. O consumo de fertilizantes no Brasil, entre 2003 e 2012 cresceu de 22,8 milhões de toneladas para 29,6 milhões, ou seja, cerca de 30% de aumento. Diante desses dados, entendo que se a fábrica está registrando prejuízos é preciso melhorar a gestão. E não encerrar as atividades!".
Defesa de união de SE e BA
O deputado estadual Gilmar Carvalho protocolou na manhã de ontem, na Assembleia, uma proposta com o objetivo criar a Frente Parlamentar Suprapartidária de Luta contra o Fechamento da Unidade Sergipana da Fafen. Defende que a bancada federal de Sergipe se una a da Bahia, que é numerosa, para pressionar o presidente da República a rever sua posição.
Cobrança junto a bancada
O deputado estadual Francisco Gualberto (PT) cobra da bancada federal em Brasília atitudes enérgicas junto ao presidente Michel Temer para reverter a situação. "Os senadores que ajudaram a dar o golpe no país agora precisam ajudar a salvar a economia de Sergipe", frisou, adiantando que irá reunir alguns deputados estaduais e estudar medidas para tentar barrar o fechamento da Fafen. "Vamos fazer o que for possível. Sergipe não voltará aos tempos em que dependia somente da cultura da cana de açúcar para sobreviver", disse.
Conhecimento de causa
Para Gualberto, que foi funcionário da Fafen, o que está por trás da tentativa de fechamento é a intenção do governo Temer em entregar de vez ao capital estrangeiro toda a produção e comercialização de fertilizantes no Brasil. "O discurso dos representantes de Temer é que a fábrica dá prejuízo. Não é verdade. Trabalhei lá durante 20 anos e todos sabemos que não existe a possibilidade de prejuízo. Atualmente 80% dos fertilizantes que o Brasil consome, principalmente no setor agropecuário, vem de países como Estados Unidos e até Rússia, e que os 20% restantes vem das fábricas em Sergipe, Bahia e Paraná. Esses 20% acabam atrapalhando o cartel de fertilizantes dos estrangeiros. Portanto, a intenção do governo Temer é atender o mercado internacional. O preço dos fertilizantes irá subir e não terá ninguém para contrapor. E isso significa alimentos mais caros na mesa do brasileiro".
Veja essa…
Do líder do governo no Congresso, André Moura (PSC), sobre a Fafen: "É uma tremenda falta de consideração com Sergipe. Uma péssima notícia! Fui pego de surpresa, não é porque sou líder do governo que aceitarei calado essa ação que vai prejudicar nosso povo, a nossa economia, sobretudo quando o nosso estado passa por uma das suas piores crises".
Curtas
O líder do governo André Moura esteve ontem à tarde com o presidente Michel Temer tratando do fechamento da Fafen em Sergipe. Disse que não aceitava a forma como a decisão foi anunciada pelo presidente da Petrobras sem qualquer diálogo prévio. E pediu que recebesse os governadores de Sergipe e da Bahia, com suas bancadas.
O PP de Sergipe vai continuar sob o comando do deputado estadual Venâncio Fonseca e apoiar o projeto eleitoral de André Moura. Isso ficou acordado ontem durante reunião em Brasília do presidente nacional do partido, Ciro Nogueira, com André e Venâncio.
O senador Eduardo Amorim (PSDB participou ontem do lançamento oficial da pré-candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República. O evento aconteceu na sede do partido em Brasília.
A Petrobrás já informou que as Fafens na Bahia e no Paraná também serão fechadas este ano. Em razão disso, a Câmara Municipal de Camaçari realizou ontem audiência pública para discutir o fechamento da Fafen-BA e amanhã será a vez da Câmara Municipal de Dias D´ávila promover audiência com essa mesma finalidade.