Polícia pede quebra de sigilos de mulher que fingiu doença
Publicado em 27 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia
A Polícia Civil vai pe- dir que a Justiça au- torize a quebra de sigilo bancário da mulher acusada de forjar um diagnóstico de câncer. Aline Silva de Carvalho, 32 anos, que é da cidade de Estância (Sul) foi presa nesta quinta-feira e indiciada pelos crimes de estelionato e falsificação de documentos. O objetivo da polícia é descobrir qual a destinação dada ao total que foi arrecadado em campanhas de arrecadação de recursos promovidas por Aline em redes sociais.
No total, cerca de R$ 7 mil foram depositados em contas bancárias divulgadas em postagens com fotos nas quais a acusada aparece com a cabeça raspada. Nas postagens, havia também mensagens de apelo. O delegado Fernando Melo, responsável pelo caso, disse suspeitar que a mulher teria agido por motivação financeira, mas ela própria alegou que planejou toda a farsa para tentar preservar o casamento, que passava por uma crise. Aline tem dois filhos e fez recentemente uma cirurgia estética para a redução de uma das mamas.
O caso foi descoberto após uma denúncia anônima feita à direção do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), onde Aline deu entrada no Centro de Oncologia e chegou a passar por seis sessões de quimioterapia. Depois de uma investigação, constatou-se que os exames apresentados pela suposta paciente eram montados com informações de um paciente de câncer que já faleceu e era amigo dela. Aline, que confessou a fraude em depoimento na delegacia vai responder ao processo em liberdade, mas pode ser condenada a até cinco anos de prisão e ainda a ter que ressarcir os prejuízos causados aos doadores e ao serviço público.
A notícia causou indignação principalmente em grupos de apoio a pacientes com câncer, que chegaram a ser procurados por Aline. Uma delas foi a ONG Mulheres de Peito. A líder da entidade, Sheila Galba, disse à TV Sergipe que recebeu uma mensagem da jovem pouco antes de ela ser presa pela Polícia Civil. No texto, ela reclamava da falta de um medicamento no Centro de Oncologia. "Estamos todos em estado de choque. Não imaginava que a campanha realizada por ela nas redes sociais e o histórico da doença relatado não passavam de uma fraude. Ela brincou com a saúde, o que é um absurdo. Eu e as 200 mulheres que fazemos tratamento gostaríamos de estar no lugar dela e não precisar de tomar medicação. Ela brincou com a saúde de muita gente", desabafou Sheila.