Quarta, 15 De Janeiro De 2025
       
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Proposta de uma política a serviço da felicidade


Publicado em 11 de maio de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* Jossimário Mick
"A causa da felicidade que provém de nós mesmos é maior que aquela proveniente das coisas, pois aquilo que ninguém pode nos proporcionar ou mesmo nos subtrair, obviamente, nos é mais essencial que qualquer outro bem".
Inicio este artigo parafraseando as palavras de Metrodoro, o primeiro discípulo de Epicuro e do meu filósofo predileto Arthur Schopenhauer (1788-1860) de quem me valho para propor uma política a serviço da felicidade e fundamentado em um de seus Aforismos – Para Sabedoria de Vida – que exprime a arte de conduzir a vida da maneira mais agradável e feliz possível.
Tudo o que fazemos na vida, nossa luta diária, a busca por dias melhores, caminha no sentido de sermos felizes, seres realizados. Se estudamos, se trabalhamos, é porque queremos ter uma vida digna; porque isso nos traz felicidade. Quando abnegamos nossa própria vida para nos dedicar ao próximo, é porque queremos ver o bem-estar das pessoas e isso nos torna felizes. Tudo na vida converge para a viabilidade de sermos plenos.
Plutarco conta que determinado dia Diógenes – o filósofo do barril – se viu diante de Alexandre, o Grande. Grande por suas conquistas, pelo acúmulo de tantos bens e triunfos. O imperador, vendo o filósofo sentado ao Sol, em completa miséria, disse a ele que lhe pedisse o que quisesse, ao que Diógenes respondeu: "Peço que você não tire de mim o que eu tenho". Provavelmente Alexandre imaginou como seria possível tirar alguma coisa de um pobre miserável que nada tem! Diógenes então retrucou: "Tenho apenas um pedido: que te retires da frente do meu Sol!". 
Diógenes nos deu grande lição. Retoma o pensamento de Schopenhauer quando afirma que "aquilo que ninguém nos pode proporcionar ou mesmo nos subtrair – a exemplo mesmo do sol – nos é mais essencial que qualquer outro bem". Deveras, nossa felicidade independe de qualquer bem externo, ela está dentro de nós. Quantos afortunados levam uma vida melancólica e infeliz apesar de tantos bens acumulados?
Aliás, Schopenhauer aponta que em geral, nove décimos de nossa felicidade dependem somente da saúde. Com ela, tudo se transforma numa fonte de prazer, enquanto que sem ela não podemos desfrutar de nada, qualquer seja a sua natureza. Assim, ele diz: "A saúde sobrepuja os demais bens externos de tal forma que se pode dizer que um mendigo saudável é mais feliz que um rei enfermo". Deveras, de que adianta o acúmulo de tantos bens e não poder gozá-los?
"Um temperamento sereno e alegre, feliz em gozar de uma saúde perfeita, uma compreensão nítida, vivaz e penetrante, que vê as coisas corretamente, uma vontade moderada e suave, e, portanto, uma boa consciência – essas são vantagens que nenhuma posição ou riqueza podem compensar ou substituir".
Nas palavras de Thomas Hobbes (1588-1679), o homem abriu mão de governar a si mesmo e delegou ao Estado sua liberdade natural diante do constante estado de insegurança e medo, bem como o desejo de paz. Assim, fica o Estado encarregado de prescrever leis, julgar, recompensar, punir, de fazer a guerra e a paz.
Em outras palavras é dever do Estado prever o prover para seus cidadãos tudo o que tem de melhor, ou deveria ser assim. 
É evidente que a felicidade é uma questão pessoal, mas a sua viabilidade pressupõe o entorno social onde a pessoa vive, políticas que administram a sociedade. O bem-estar das pessoas deveria ser a finalidade de qualquer política pública, mas não é o que acontece na prática.
No tocante aos Direitos e Garantias Fundamentais de nossa Constituição Federal, os Direitos Sociais resguarda ao cidadão, no seu Artigo 6º, o direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, a proteção à maternidade e à infância, à assistência aos desamparados. Sim! Não parece, mas é o Artigo 6º da Carta Magna brasileira! 
Como podemos imaginar cidadãos plenos de felicidade quando nos deparamos em cada esquina com indivíduos em situações de desigualdades sociais das mais diversas? 
São pessoas falecendo nos hospitais por falta de equipamentos e estruturas básicas; educação precária, professores desrespeitados pelo Estado; a fome e a miséria ainda é uma realidade longe de ser superada; nossos jovens em situação de vulnerabilidade, sem uma colocação no mercado de trabalho; o desemprego crescente a cada dia; um déficit enorme de moradias para as famílias que se submetem, algumas delas, a viverem em  condições insalubres e periculosas nas mais diversas ocupações, sendo, inclusive, retorquidas pelo Estado. O transporte parece uma "lata de sardinha", a cada dia mais precário e um encargo cobrado longe de ser o mais justo. A segurança e a proteção aos desamparados dispensam qualquer comentário!
Em todas as eleições o discurso vigente é a máxima voltada para a economia ou a política como prioridade de uma agenda complexa que não evidencia a felicidade como eixo de políticas públicas.
Aos políticos, sorrisos só não bastam. A viabilização milhões em emendas como barganha para eleger candidatos, também não! Queremos hospitais funcionando, escolas públicas com a mesma qualidade das particulares, a inclusão social de negros, mulheres, LGBTI’s, pobres, idosos, pessoas em condições de rua, serviços públicos de qualidade e o nosso dinheiro bem aplicado.
Podemos considerar que o dinheiro não compra a felicidade, nem ela pode ser conquistada através de leis criadas por políticos. Por outro lado, a desassistência do Estado nas questões básicas das necessidades de uma pessoa dificulta a busca da felicidade. Os governos poderiam ser facilitadores da felicidade, tal como o são criadores de infelicidade. Justamente nessa perspectiva que aqui sugerimos uma nova maneira de gerir a coisa pública: a proposta de uma política a serviço da felicidade.
* Jossimário Mick é professor, agente federal e pré-candidato a senador pelo PSOL de Sergipe.

* Jossimário Mick

"A causa da felicidade que provém de nós mesmos é maior que aquela proveniente das coisas, pois aquilo que ninguém pode nos proporcionar ou mesmo nos subtrair, obviamente, nos é mais essencial que qualquer outro bem".
Inicio este artigo parafraseando as palavras de Metrodoro, o primeiro discípulo de Epicuro e do meu filósofo predileto Arthur Schopenhauer (1788-1860) de quem me valho para propor uma política a serviço da felicidade e fundamentado em um de seus Aforismos – Para Sabedoria de Vida – que exprime a arte de conduzir a vida da maneira mais agradável e feliz possível.
Tudo o que fazemos na vida, nossa luta diária, a busca por dias melhores, caminha no sentido de sermos felizes, seres realizados. Se estudamos, se trabalhamos, é porque queremos ter uma vida digna; porque isso nos traz felicidade. Quando abnegamos nossa própria vida para nos dedicar ao próximo, é porque queremos ver o bem-estar das pessoas e isso nos torna felizes. Tudo na vida converge para a viabilidade de sermos plenos.
Plutarco conta que determinado dia Diógenes – o filósofo do barril – se viu diante de Alexandre, o Grande. Grande por suas conquistas, pelo acúmulo de tantos bens e triunfos. O imperador, vendo o filósofo sentado ao Sol, em completa miséria, disse a ele que lhe pedisse o que quisesse, ao que Diógenes respondeu: "Peço que você não tire de mim o que eu tenho". Provavelmente Alexandre imaginou como seria possível tirar alguma coisa de um pobre miserável que nada tem! Diógenes então retrucou: "Tenho apenas um pedido: que te retires da frente do meu Sol!". 
Diógenes nos deu grande lição. Retoma o pensamento de Schopenhauer quando afirma que "aquilo que ninguém nos pode proporcionar ou mesmo nos subtrair – a exemplo mesmo do sol – nos é mais essencial que qualquer outro bem". Deveras, nossa felicidade independe de qualquer bem externo, ela está dentro de nós. Quantos afortunados levam uma vida melancólica e infeliz apesar de tantos bens acumulados?
Aliás, Schopenhauer aponta que em geral, nove décimos de nossa felicidade dependem somente da saúde. Com ela, tudo se transforma numa fonte de prazer, enquanto que sem ela não podemos desfrutar de nada, qualquer seja a sua natureza. Assim, ele diz: "A saúde sobrepuja os demais bens externos de tal forma que se pode dizer que um mendigo saudável é mais feliz que um rei enfermo". Deveras, de que adianta o acúmulo de tantos bens e não poder gozá-los?
"Um temperamento sereno e alegre, feliz em gozar de uma saúde perfeita, uma compreensão nítida, vivaz e penetrante, que vê as coisas corretamente, uma vontade moderada e suave, e, portanto, uma boa consciência – essas são vantagens que nenhuma posição ou riqueza podem compensar ou substituir".
Nas palavras de Thomas Hobbes (1588-1679), o homem abriu mão de governar a si mesmo e delegou ao Estado sua liberdade natural diante do constante estado de insegurança e medo, bem como o desejo de paz. Assim, fica o Estado encarregado de prescrever leis, julgar, recompensar, punir, de fazer a guerra e a paz.
Em outras palavras é dever do Estado prever o prover para seus cidadãos tudo o que tem de melhor, ou deveria ser assim. 
É evidente que a felicidade é uma questão pessoal, mas a sua viabilidade pressupõe o entorno social onde a pessoa vive, políticas que administram a sociedade. O bem-estar das pessoas deveria ser a finalidade de qualquer política pública, mas não é o que acontece na prática.
No tocante aos Direitos e Garantias Fundamentais de nossa Constituição Federal, os Direitos Sociais resguarda ao cidadão, no seu Artigo 6º, o direito à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao transporte, ao lazer, à segurança, à previdência social, a proteção à maternidade e à infância, à assistência aos desamparados. Sim! Não parece, mas é o Artigo 6º da Carta Magna brasileira! 
Como podemos imaginar cidadãos plenos de felicidade quando nos deparamos em cada esquina com indivíduos em situações de desigualdades sociais das mais diversas? 
São pessoas falecendo nos hospitais por falta de equipamentos e estruturas básicas; educação precária, professores desrespeitados pelo Estado; a fome e a miséria ainda é uma realidade longe de ser superada; nossos jovens em situação de vulnerabilidade, sem uma colocação no mercado de trabalho; o desemprego crescente a cada dia; um déficit enorme de moradias para as famílias que se submetem, algumas delas, a viverem em  condições insalubres e periculosas nas mais diversas ocupações, sendo, inclusive, retorquidas pelo Estado. O transporte parece uma "lata de sardinha", a cada dia mais precário e um encargo cobrado longe de ser o mais justo. A segurança e a proteção aos desamparados dispensam qualquer comentário!
Em todas as eleições o discurso vigente é a máxima voltada para a economia ou a política como prioridade de uma agenda complexa que não evidencia a felicidade como eixo de políticas públicas.
Aos políticos, sorrisos só não bastam. A viabilização milhões em emendas como barganha para eleger candidatos, também não! Queremos hospitais funcionando, escolas públicas com a mesma qualidade das particulares, a inclusão social de negros, mulheres, LGBTI’s, pobres, idosos, pessoas em condições de rua, serviços públicos de qualidade e o nosso dinheiro bem aplicado.
Podemos considerar que o dinheiro não compra a felicidade, nem ela pode ser conquistada através de leis criadas por políticos. Por outro lado, a desassistência do Estado nas questões básicas das necessidades de uma pessoa dificulta a busca da felicidade. Os governos poderiam ser facilitadores da felicidade, tal como o são criadores de infelicidade. Justamente nessa perspectiva que aqui sugerimos uma nova maneira de gerir a coisa pública: a proposta de uma política a serviço da felicidade.
* Jossimário Mick é professor, agente federal e pré-candidato a senador pelo PSOL de Sergipe.

 

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