Oito mortos e três presos por morte de capitão

Depois de mais de  um mês de sigilo e  expectativa, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) anunciou ter chegado aos responsáveis pelo assassinato do capitão Manoel Oliveira, comandante da Companhia Independente de Operações Policiais em Área de Caatinga (Ciopac), da Polícia Militar sergipana. Segundo as investigações, o crime foi cometido por um grupo de pistoleiros que agia em várias cidades do sertão dos estados de Sergipe, Bahia e Alagoas. A quadrilha foi desarticulada ontem pela ‘Operação Rubicão’, deflagrada pelas polícias sergipana e baiana para cumprir 10 mandados de prisão.
Durante as buscas, iniciadas durante a madrugada, oito investigados morreram em confrontos com as equipes policiais. Um dos tiroteios aconteceu no bairro Santa Maria, resultando nas mortes do ex-policial militar Antônio Braz dos Santos Neto, condenado em 2003 pela morte doex-deputado estadual Joaldo Barbosa, e do cunhado dele, o negociante de gado Edu Santos Oliveira. A casa deles foi cercada por volta das 4h e, segundo a polícia, os dois reagiram à abordagem dos policiais, provocando um tiroteio. A esposa dele negou ter havido tiroteio e disse à TV Atalaia que Braz veio a Aracaju para se entregar à polícia, mas não estava envolvido com a morte do capitão. 
Os outros confrontos que terminaram com mortes de suspeitos aconteceram em Poço Redondo (Sertão) e nas cidades baianas de Jeremoabo, Paulo Afonso, Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães, onde os investigados também teriam reagido aos cercos da polícia. "Oito desses bandidos ousaram em reagir. E como a gente já esperava, é uma quadrilha organizada e muito bem armada, então eles reagiram, entraram em confronto com nossos policiais e, graças a Deus, nossos policiais voltaram bem e com vida", disse a delegada-geral da Polícia Civil, KatarinaFeitoza. Outros três homens foram presos e trazidos para a sede do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), em Aracaju, onde a base da operação foi concentrada. Os nomes dos envolvidos ainda não foram divulgados pela SSP.
Segundo as investigações, a quadrilha é responsável por vários assassinatos ocorridos nos últimos três anos. Um deles é o do presidente da Câmara de Vereadores de Carira, Jailton Martins de Carvalho, o ‘Jailton do Preá’, morto junto com seu motorista em junho de 2017, em Carira. Outra morte atribuída foi a do ex-vereador Claudeir dos Santos, o ‘Pinho de Santa Rosa’, executado três meses antes no povoado Santa Rosa do Ermírio, em Poço Redondo. O grupo também teria assassinado o ex-prefeito Petrônio Pereira Gomes, de Pedro Alexandre, baleado numa feira da cidade em julho de 2016. A quadrilha também é investigada por tráfico de drogas e assaltos a bancos. 
O crime mais recente foi contra o capitão Oliveira, executado em 4 de abril na estrada de acesso à cidade de Monte Alegre de Sergipe. De acordo com Katarina, as investigações apontam que o crime está ligado a uma ação conjunta das polícias de Sergipe e da Bahia contra os crimes de pistolagem na região. Essa ação resultou na prisão de três integrantes da quadrilha, em setembro de 2017, na cidade de Pedro Alexandre. "Era uma quadrilha perigosa, muito organizada e extremamente bem armada. Com certeza, a questão da motivação [da morte do capitão] é por aí!", resumiu, informando que os outros detalhes da investigação só serão revelados pela polícia na terça-feira, durante uma coletiva de imprensa. 
A operação foi chamada de Rubicão, nome de um rio italiano que não poderia ser atravessado pelas tropas do antigo Império Romano, mas foi atravessado pelo imperador Júlio César, causando uma guerra civil. "Conta a história que esse rio não poderia ser ultrapassado, sob pena de a pessoa não retornar. E essas bandidos ultrapassaram o limite do razoável, quando resolveram afrontar toda a polícia e todo o Estado de Sergipe", finalizou Katarina.