"O diálogo entre Deus e o seu povo"
Publicado em 21 de agosto de 2020
Por Jornal Do Dia
* Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB
(publicação de Raymundinho Mello)
Cá estou eu substituindo mais uma vez, interina mente, o nosso Dom Edvaldo no seu artigo se manal das quintas-feiras. Pensemos hoje, com maior profundidade, sobre o lugar que os textos sagrados ocupam na nossa vida de cristãos. Para nortear a reflexão, trago ‘alguns’ pontos da ‘Catequese do Papa Francisco’ sobre a Liturgia da Palavra, extraídos da mensagem por ele pronunciada em dia 31 de janeiro de 2018.
A questão é a seguinte: "Que atenção damos às leituras propostas na liturgia diária?". Vejamos como nos instrui o Santo Padre:
* Na Liturgia da Palavra nos reunimos precisamente para ouvir aquilo que Deus fez e ainda tenciona realizar por nós. É uma experiência que acontece "diretamente" e não por ter ouvido falar, pois "quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é o próprio Deus que fala ao seu povo; e Cristo, presente na palavra, anuncia o Evangelho".
* E quantas vezes, enquanto se lê a Palavra de Deus começa-se a fazer comentários. Não é verdade? Devem-se fazer comentários durante a leitura da Palavra de Deus? Não, porque se tu tagarelas com as pessoas não ouves a Palavra de Deus. Quando se lê a Palavra de Deus na Bíblia – a primeira Leitura, a segunda, o Salmo Responsorial e o Evangelho – devemos ouvir, abrir o coração, pois é o próprio Deus que nos fala, e não podemos pensar noutras coisas nem falar de outros assuntos.
* Explicar-vos-ei o que acontece na Liturgia da Palavra. As páginas da Bíblia deixam de ser um escrito, para se tornar Palavra viva, pronunciada por Deus. É Deus quem, através da pessoa que lê, nos fala e nos interpela, a nós que ouvimos com fé. O Espírito "que falou por meio dos profetas", inspirando os autores sagrados, faz com que "a Palavra de Deus atue realmente nos corações aquilo que faz ressoar aos ouvidos". Mas para ouvir a palavra de Deus é necessário ter também o coração aberto para receber a palavra no coração. Deus fala e nós prestamos-lhe ouvidos, para depois pôr em prática quanto ouvimos. É muito importante ouvir. Às vezes, talvez, não entendemos bem porque algumas leituras são um pouco difíceis. Mas Deus fala-nos igualmente de outro modo. É preciso estar em silêncio e ouvir a Palavra de Deus. Não vos esqueçais disto. Na Missa, quando começam as leituras, ouçamos a Palavra de Deus.
* Temos necessidade de o ouvir! Com efeito, é uma questão de vida, como bem lembra a expressão incisiva de que "não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4,4). A vida que nos dá a Palavra de Deus. Neste sentido, falamos da Liturgia da Palavra como da "mesa" que o Senhor prepara para alimentar a nossa vida espiritual. A da liturgia é uma mesa abundante, que haure amplamente dos tesouros da Bíblia, tanto do Antigo como do Novo Testamento, porque neles é anunciado pela Igreja o único e idêntico mistério de Cristo. Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz dos Evangelhos Sinóticos, nos acompanham ao longo do ano litúrgico: uma grande riqueza. Aqui desejo recordar também a importância do Salmo Responsorial, cuja função consiste em favorecer a meditação do que se ouve na leitura que o precede. É bom que o Salmo seja valorizado através do cântico, pelo menos no refrão.
* A Palavra de Deus é a Palavra de Deus! É o Senhor que nos fala. Sabemos que a palavra do Senhor é uma ajuda indispensável para não nos perdermos, como oportunamente reconhece o Salmista que, dirigindo-se ao Senhor, confessa: "A vossa palavra é uma lâmpada que ilumina os meus passos, uma luz no meu caminho" (Sl 119 [118],105). Como poderíamos enfrentar a nossa peregrinação terrena, com as suas dificuldades e provações, sem ser regularmente alimentados e iluminados pela Palavra de Deus que ressoa na liturgia?
* Não é suficiente escutar com os ouvidos, sem acolher no coração a semente da Palavra divina, permitindo que ela produza frutos. Lembremo-nos da parábola do semeador e dos vários resultados alcançados, em conformidade com os diversos tipos de terreno (cf. Mc 4,14-20). A ação do Espírito, que torna eficaz a resposta, tem necessidade de corações que se deixem modelar e cultivar, de modo que quanto é ouvido na Missa passe para a vida de todos os dias, segundo a admoestação do Apóstolo Tiago: "Sede cumpridores da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tg 1,22). A Palavra de Deus percorre um caminho dentro de nós. Escutamo-la com os ouvidos e ela passa para o coração; não permanece nos ouvidos, mas deve chegar ao coração; e do coração às mãos, às boas obras. Eis o percurso da Palavra de Deus: dos ouvidos ao coração e às mãos.
O Papa conclui esta Audiência rezando: "Que o Senhor vos encha o coração de um grande amor pela sua Palavra, para poderdes colocar a vontade divina no centro da vossa vida, como a Virgem Maria. Ela, que acolheu e encarnou o Verbo de Deus, seja o vosso guia e conforto. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção de Deus".
Amém! Que assim seja!
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E.T. – Recomendo a leitura – na íntegra – desta mensagem, que pode ser encontrada na internet: http://w2.vatican.va/content/vatican/pt.html > Audiências > Página 2 > Audiência Geral de 31 de janeiro de 2018.
* Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, SDB é Arcebispo Emérito de Maceió(foi Bispo Auxiliar de Aracaju – 1975 a 1980)dedvaldo@salesianorecife.com.br