Segunda, 20 De Janeiro De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

1 ano e meio…


Publicado em 02 de outubro de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
 
Começo o texto hoje parabenizando o 
jornalista ‘Gilvan Manoel’ por seu edi
torial publicado na edição de 28/09 passado do nosso ‘Jornal do Dia’, sob o título "O perigo maior".
Análise política não é da minha competência neste artigo semanal, porém, não posso abster-me de alertar os que aqui me lêem quanto aos iminentes perigos que certos discursos representam.
É verdade que a nossa democracia está fragilizada, o descrédito na classe política é gritante e as instituições jurídicas estão enfraquecidas, afogadas num mar de contradições. Mas ‘nada’ justifica que nos alinhemos com aqueles que, por palavras e atitudes, desrespeitam as conquistas sociais pelas quais tanto lutamos ao longo de décadas. É preciso repudiar, veementemente, toda e qualquer manifestação fundada no ódio, na intolerância, no preconceito, na exaltação da violência e nos pilares ditatoriais como saída para a crise em que o país está imerso, dividido escandalosamente entre ideologias obsoletas de direita e esquerda, representadas por comportamentos alienados.
O mundo mudou, evoluiu, não há mais lugar para discursos que ignorem a alteridade e o respeito às garantias individuais.
Grifo e pareio-me com o pensamento de Gilvan ao concluir o seu editorial: "Tanto despautério poderia ser mera verborragia, atributo de quem não tem muito a dizer. Mas há um risco razoável de realmente representar uma visão de mundo. O perigo maior é o eleitor pagar pra ver".
Como sou do tempo em que muito aprendíamos com a leitura de fábulas, recorro ao meu velho exemplar das "Fábulas de Esopo", que ganhei ainda na juventude, e dele extraio, desejando favorecer o caminho reflexivo dos caros leitores – se me permitem -, a fábula "O lobo e as ovelhas":
"Havia uma guerra entre os lobos e as ovelhas; estas, embora fossem mais fracas, como tinham a ajuda dos cães levavam sempre a melhor. Os lobos então pediram paz, com a condição de que dariam de penhor os seus filhos, se as ovelhas também lhes entregassem os cães. As ovelhas aceitaram estas condições e foi feita a paz. Contudo, os filhos dos lobos, quando se viram na casa das ovelhas, começaram a uivar muito alto. Acudiram logo os pais, a pensar que isso significava que a paz havia sido quebrada, e recomeçaram a guerra. Bem quiseram defender-se as ovelhas; mas como a sua principal força consistia nos cães, que haviam entregado aos lobos, foram facilmente vencidas por eles e acabaram degoladas.
Moral da história: ensina esta fábula que ninguém deve entregar as armas aos seus inimigos, antes tenha a paz por suspeitosa. Também nos avisa quanto ao perigo de meter em casa inimigos, ou filhos de inimigos, como fizeram as ovelhas, que querendo estar mais seguras por terem os filhos dos lobos em casa, foram eles a causa da sua destruição".
Que cada um silencie, reflita e chegue às suas próprias conclusões.
Segundo assunto: meu pai, o ‘Memorialista Raymundo Mello’, costumava cantarolar em casa. Seu repertório era deveras diversificado: músicas do cancioneiro popular brasileiro, cânticos religiosos, sátiras e tudo mais. Até arriscava-se em idiomas estrangeiros, canções em inglês e francês. De vez em quando cantava alguma música que eu desconhecia e quando, brincando, lhe perguntava se era da sua autoria, ele respondia: "Quisera eu ter inteligência para compor uma obra-prima dessa; o compositor é … (dizia o nome), procure aí na internet que você encontra".
Era uma enciclopédia ambulante o meu pai. Uma memória privilegiada!
Certo dia, acordei com ele cantarolando um jingle eleitoral da campanha de 1960 para a Presidência da República: "Na hora de votar eu vou jangar, eu vou jangar; é Jango, é Jango, é o Jango Goulart". Terminando o canto, ficamos conversando sobre as nuances desta eleição e ele não escondia a sua admiração pelo Presidente ‘João Belchior Marques Goulart’.
Saí. Ao voltar para casa, encontrei sobre a minha mesa, para digitação e envio à editoria do jornal, o texto "Lembrando francamente", publicado na edição de 10/04/2014 do ‘Jornal do Dia’, que reproduzo a seguir:
"Fui eleitor de João Goulart. Àquela época, 1950-1964, as cúpulas partidárias indicavam candidatos à Presidência da República e também candidatos à Vice Presidência. Cabia ao eleitor escolher quem ele queria na Vice Presidência, independente das siglas partidárias – exemplo: Jânio Quadros/João Goulart. Não era como hoje que candidatos a Presidente e a Vice Presidente já chegam acoplados.
Quando Jânio renunciou e quiseram impedir que Jango, Vice Presidente eleito, assumisse a Presidência, lamentei e tive oportunidade de externar que aquilo era um absurdo, contrariava a Constituição e a vontade do povo brasileiro.
Pressões nacionais e internacionais aceitaram em um acordo político-militar que Jango assumisse o governo como Presidente, porém, impondo mudança na forma do regime – saíamos do Presidencialismo para o Parlamentarismo, onde o Presidente é uma cópia da Rainha da Inglaterra – muita pompa, muito luxo, ares de quem manda mas não governa.
Jango aceitou a mudança porque sabia que o povo que o elegeu o queria na Presidência e não apenas subscrevendo o que o chefe do gabinete de ministros quisesse lhe empurrar e registre-se que ele teve alguns primeiro-ministros razoáveis como Tancredo Neves, democrata brasileiro de boa cepa que conseguiu que o povo brasileiro resolvesse, por opção livre, o regime desejado – Presidencialismo ou Parlamentarismo.
Foi efetuado um plebiscito e o Presidencialismo venceu por maioria absoluta de votos. Fui mesário na votação do Plebiscito, na chamada eleição do Sim ou Não e a vontade popular foi representada por uma votação fantástica em todo o país para que voltasse na íntegra o regime presidencialista e, consequentemente, Jango Presidente.
E Jango não cochilou – resultado definido, ele assumiu a Presidência de fato e de direito e, a seu modo e de seus agregados, governou enquanto foi possível.
E aí, ao final de março de 1964 (dia 31), autoridades militares e governadores de São Paulo (Adhemar de Barros), Minas Gerais (Magalhães Pinto) e Rio de Janeiro (Carlos Lacerda), uniram-se e deflagraram uma revolução (golpe) para tomar o governo das mãos de Jango e, a partir daí, até 1985, o que se dizia ser uma coisa (tirar João Goulart do governo face as suas opções democráticas serem consideradas de esquerda), foi outra, o país descambou para a direita e de março de 1964 a março de 1985, o Brasil foi governado por Generais.
Tudo isso são fatos históricos e que os Historiadores os registrem com os "effes e erres" devidos. Não sou Historiador e o que relatei em linguagem bem popular serve de preâmbulo para o que registro de memória a seguir.
No primeiro dia útil após 31 de março de 1964, cumprindo o pleno exercício de minha função pública, sentei-me na mesa de trabalho e redigi um telegrama de solidariedade ao Presidente João Goulart para enviar pelos Correios e Telégrafos.
Saio da Repartição e vou à agência do Banco do Brasil, direto ao caixa, fazer o recolhimento da arrecadação do dia anterior, como de praxe. Lá desenvolvo a atividade e mostro ao Caixa, meu amigo Raymundo Luiz da Silva, o telegrama, para que me dissesse se achava que, com o endereçamento que fiz, o teor chegaria ao destino, nestes termos: "Presidente João Goulart, Palácio do Governo, Brasília-DF. Conte Vossa Excelência com meu integral apoio e solidariedade". Assinado e identificado.
Não sei se o meu velho amigo Raymundo Luiz recorda isso, mas eu, nunca esqueci, está aqui vivo na memória e hoje torno público. Ele me chamou ao lado de seu guichet e, baixinho, me disse: "Xará, não faça isso. Sei de sua boa intenção mas a revolução (golpe) é um fato consumado; a essa altura, Jango já saiu do Brasil e refugia-se no Uruguay. Com sua licença, rasgo seu telegrama e esqueça".
Pegou o papel, rasgou bem miúdo e jogou numa lata de lixo, ali junto ao guichet do caixa. Fiquei confuso, balancei a cabeça e fui completar minha tarefa diária de trabalho.
O tempo passou, Jango foi recentemente reintegrado (post mortem) em seu cargo de Presidente da República (18/12/2013), de onde somente deveria ter saído após completar seu período de governo. Tem mais, além de homenageado e reintegrado no cargo de Presidente da República, foi resepultado com honras de Chefe de Estado, no mausoléu da família, em São Borja, no Rio Grande do Sul.
E, para lá envio, em memória, o meu telegrama, com uma Oração por sua alma, enquanto, de coração, registro o fato e agradeço a Raymundo Luiz, meu velho xará; é um agradecimento sincero pelo gesto que me livrou de grandes problemas.
Se ele não relembra o fato, falando francamente, eu nunca o tirei da memória".
Concluo reverenciando a memória de meu pai, no sentido amplo da palavra. Precisamente há 1 ano e meio, em 02/04/2017, ele "partia" para o seu ‘encontro definitivo com Deus’. Quem dera, lá na glória, tenha manifestado a sua solidariedade ao presidente que tanto admirava.
* Raymundo Mello é Memorialista
raymundopmello@yahoo.com.br

* Raymundo Mello

(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)

Começo o texto hoje parabenizando o  jornalista ‘Gilvan Manoel’ por seu edi torial publicado na edição de 28/09 passado do nosso ‘Jornal do Dia’, sob o título "O perigo maior".
Análise política não é da minha competência neste artigo semanal, porém, não posso abster-me de alertar os que aqui me lêem quanto aos iminentes perigos que certos discursos representam.
É verdade que a nossa democracia está fragilizada, o descrédito na classe política é gritante e as instituições jurídicas estão enfraquecidas, afogadas num mar de contradições. Mas ‘nada’ justifica que nos alinhemos com aqueles que, por palavras e atitudes, desrespeitam as conquistas sociais pelas quais tanto lutamos ao longo de décadas. É preciso repudiar, veementemente, toda e qualquer manifestação fundada no ódio, na intolerância, no preconceito, na exaltação da violência e nos pilares ditatoriais como saída para a crise em que o país está imerso, dividido escandalosamente entre ideologias obsoletas de direita e esquerda, representadas por comportamentos alienados.
O mundo mudou, evoluiu, não há mais lugar para discursos que ignorem a alteridade e o respeito às garantias individuais.
Grifo e pareio-me com o pensamento de Gilvan ao concluir o seu editorial: "Tanto despautério poderia ser mera verborragia, atributo de quem não tem muito a dizer. Mas há um risco razoável de realmente representar uma visão de mundo. O perigo maior é o eleitor pagar pra ver".
Como sou do tempo em que muito aprendíamos com a leitura de fábulas, recorro ao meu velho exemplar das "Fábulas de Esopo", que ganhei ainda na juventude, e dele extraio, desejando favorecer o caminho reflexivo dos caros leitores – se me permitem -, a fábula "O lobo e as ovelhas":
"Havia uma guerra entre os lobos e as ovelhas; estas, embora fossem mais fracas, como tinham a ajuda dos cães levavam sempre a melhor. Os lobos então pediram paz, com a condição de que dariam de penhor os seus filhos, se as ovelhas também lhes entregassem os cães. As ovelhas aceitaram estas condições e foi feita a paz. Contudo, os filhos dos lobos, quando se viram na casa das ovelhas, começaram a uivar muito alto. Acudiram logo os pais, a pensar que isso significava que a paz havia sido quebrada, e recomeçaram a guerra. Bem quiseram defender-se as ovelhas; mas como a sua principal força consistia nos cães, que haviam entregado aos lobos, foram facilmente vencidas por eles e acabaram degoladas.
Moral da história: ensina esta fábula que ninguém deve entregar as armas aos seus inimigos, antes tenha a paz por suspeitosa. Também nos avisa quanto ao perigo de meter em casa inimigos, ou filhos de inimigos, como fizeram as ovelhas, que querendo estar mais seguras por terem os filhos dos lobos em casa, foram eles a causa da sua destruição".
Que cada um silencie, reflita e chegue às suas próprias conclusões.
Segundo assunto: meu pai, o ‘Memorialista Raymundo Mello’, costumava cantarolar em casa. Seu repertório era deveras diversificado: músicas do cancioneiro popular brasileiro, cânticos religiosos, sátiras e tudo mais. Até arriscava-se em idiomas estrangeiros, canções em inglês e francês. De vez em quando cantava alguma música que eu desconhecia e quando, brincando, lhe perguntava se era da sua autoria, ele respondia: "Quisera eu ter inteligência para compor uma obra-prima dessa; o compositor é … (dizia o nome), procure aí na internet que você encontra".
Era uma enciclopédia ambulante o meu pai. Uma memória privilegiada!
Certo dia, acordei com ele cantarolando um jingle eleitoral da campanha de 1960 para a Presidência da República: "Na hora de votar eu vou jangar, eu vou jangar; é Jango, é Jango, é o Jango Goulart". Terminando o canto, ficamos conversando sobre as nuances desta eleição e ele não escondia a sua admiração pelo Presidente ‘João Belchior Marques Goulart’.
Saí. Ao voltar para casa, encontrei sobre a minha mesa, para digitação e envio à editoria do jornal, o texto "Lembrando francamente", publicado na edição de 10/04/2014 do ‘Jornal do Dia’, que reproduzo a seguir:
"Fui eleitor de João Goulart. Àquela época, 1950-1964, as cúpulas partidárias indicavam candidatos à Presidência da República e também candidatos à Vice Presidência. Cabia ao eleitor escolher quem ele queria na Vice Presidência, independente das siglas partidárias – exemplo: Jânio Quadros/João Goulart. Não era como hoje que candidatos a Presidente e a Vice Presidente já chegam acoplados.
Quando Jânio renunciou e quiseram impedir que Jango, Vice Presidente eleito, assumisse a Presidência, lamentei e tive oportunidade de externar que aquilo era um absurdo, contrariava a Constituição e a vontade do povo brasileiro.
Pressões nacionais e internacionais aceitaram em um acordo político-militar que Jango assumisse o governo como Presidente, porém, impondo mudança na forma do regime – saíamos do Presidencialismo para o Parlamentarismo, onde o Presidente é uma cópia da Rainha da Inglaterra – muita pompa, muito luxo, ares de quem manda mas não governa.
Jango aceitou a mudança porque sabia que o povo que o elegeu o queria na Presidência e não apenas subscrevendo o que o chefe do gabinete de ministros quisesse lhe empurrar e registre-se que ele teve alguns primeiro-ministros razoáveis como Tancredo Neves, democrata brasileiro de boa cepa que conseguiu que o povo brasileiro resolvesse, por opção livre, o regime desejado – Presidencialismo ou Parlamentarismo.
Foi efetuado um plebiscito e o Presidencialismo venceu por maioria absoluta de votos. Fui mesário na votação do Plebiscito, na chamada eleição do Sim ou Não e a vontade popular foi representada por uma votação fantástica em todo o país para que voltasse na íntegra o regime presidencialista e, consequentemente, Jango Presidente.
E Jango não cochilou – resultado definido, ele assumiu a Presidência de fato e de direito e, a seu modo e de seus agregados, governou enquanto foi possível.
E aí, ao final de março de 1964 (dia 31), autoridades militares e governadores de São Paulo (Adhemar de Barros), Minas Gerais (Magalhães Pinto) e Rio de Janeiro (Carlos Lacerda), uniram-se e deflagraram uma revolução (golpe) para tomar o governo das mãos de Jango e, a partir daí, até 1985, o que se dizia ser uma coisa (tirar João Goulart do governo face as suas opções democráticas serem consideradas de esquerda), foi outra, o país descambou para a direita e de março de 1964 a março de 1985, o Brasil foi governado por Generais.
Tudo isso são fatos históricos e que os Historiadores os registrem com os "effes e erres" devidos. Não sou Historiador e o que relatei em linguagem bem popular serve de preâmbulo para o que registro de memória a seguir.
No primeiro dia útil após 31 de março de 1964, cumprindo o pleno exercício de minha função pública, sentei-me na mesa de trabalho e redigi um telegrama de solidariedade ao Presidente João Goulart para enviar pelos Correios e Telégrafos.
Saio da Repartição e vou à agência do Banco do Brasil, direto ao caixa, fazer o recolhimento da arrecadação do dia anterior, como de praxe. Lá desenvolvo a atividade e mostro ao Caixa, meu amigo Raymundo Luiz da Silva, o telegrama, para que me dissesse se achava que, com o endereçamento que fiz, o teor chegaria ao destino, nestes termos: "Presidente João Goulart, Palácio do Governo, Brasília-DF. Conte Vossa Excelência com meu integral apoio e solidariedade". Assinado e identificado.
Não sei se o meu velho amigo Raymundo Luiz recorda isso, mas eu, nunca esqueci, está aqui vivo na memória e hoje torno público. Ele me chamou ao lado de seu guichet e, baixinho, me disse: "Xará, não faça isso. Sei de sua boa intenção mas a revolução (golpe) é um fato consumado; a essa altura, Jango já saiu do Brasil e refugia-se no Uruguay. Com sua licença, rasgo seu telegrama e esqueça".
Pegou o papel, rasgou bem miúdo e jogou numa lata de lixo, ali junto ao guichet do caixa. Fiquei confuso, balancei a cabeça e fui completar minha tarefa diária de trabalho.
O tempo passou, Jango foi recentemente reintegrado (post mortem) em seu cargo de Presidente da República (18/12/2013), de onde somente deveria ter saído após completar seu período de governo. Tem mais, além de homenageado e reintegrado no cargo de Presidente da República, foi resepultado com honras de Chefe de Estado, no mausoléu da família, em São Borja, no Rio Grande do Sul.
E, para lá envio, em memória, o meu telegrama, com uma Oração por sua alma, enquanto, de coração, registro o fato e agradeço a Raymundo Luiz, meu velho xará; é um agradecimento sincero pelo gesto que me livrou de grandes problemas.
Se ele não relembra o fato, falando francamente, eu nunca o tirei da memória".
Concluo reverenciando a memória de meu pai, no sentido amplo da palavra. Precisamente há 1 ano e meio, em 02/04/2017, ele "partia" para o seu ‘encontro definitivo com Deus’. Quem dera, lá na glória, tenha manifestado a sua solidariedade ao presidente que tanto admirava.

* Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br

 

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade