Quarta, 22 De Janeiro De 2025
       
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Antes esperança, agora vilões e vilãs


Publicado em 28 de novembro de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* Antonio Passos
São injustas as acusações que estão pipocando nas redes sociais contra professores e professoras, identificando-os como vilões e vilãs da educação. Há algumas décadas, de modo contrário, prevalecia a opinião de que somente por meio da valorização do magistério poderíamos esperar um Brasil melhor.
Nas décadas finais do século XX, aqui em Aracaju, era comum ouvir formadores de opinião vinculados a classe média falarem, de modo saudoso, sobre um tempo bom no qual os servidores públicos mais bem remunerados eram os docentes. Consequentemente, comentavam, a educação pública era de primeira qualidade.
Sempre desconfiei que aquelas narrativas resultavam de um olhar social muito restrito. Minha avaliação, consolidada com o tempo, é de que se referiam a um contexto no qual as escolas públicas eram muito poucas e elitizadas, no cenário do processo de apropriação privada do estado, que marca a história do Brasil.
Quando as lutas sociais foram forçando a ampliação do acesso ao ensino público, quando as portas das escolas começaram a ser abertas para um ingresso mais amplo e diversificado, as elites econômicas que sempre, em alguma medida, comandaram o país, perderam o interesse pela qualidade da educação pública.
Desprestigiada a escola pública, foi também o magistério posto de lado. Os saudosistas da classe média, por ingenuidade ou má-fé, colocavam a depreciação da educação apenas na conta de uma abstrata degeneração da política. Contudo – e esse era o lado bom da conversa – continuavam valorizando a figura do professor.
Agora, de uma hora para outra, dedos são apontados contra professoras e professores, denunciando-os como vilãs e vilões da educação. Xingamentos e ameaças são postadas nas redes sociais. Acusações são feitas como se os educadores trabalhassem dissimulados, tramando e praticando crimes nas salas de aula.
Além dos perigos anexos a essa onda acusatória, ela, por si só, revela uma grande ingratidão. Todos nós devemos as nossas respectivas formações aos professores e professoras que tivemos. Não faz diferença se estamos falando de médicos, motoristas, policiais, advogados… Todos foram formados por professores.
* Antonio Passos é jornalista

* Antonio Passos

São injustas as acusações que estão pipocando nas redes sociais contra professores e professoras, identificando-os como vilões e vilãs da educação. Há algumas décadas, de modo contrário, prevalecia a opinião de que somente por meio da valorização do magistério poderíamos esperar um Brasil melhor.
Nas décadas finais do século XX, aqui em Aracaju, era comum ouvir formadores de opinião vinculados a classe média falarem, de modo saudoso, sobre um tempo bom no qual os servidores públicos mais bem remunerados eram os docentes. Consequentemente, comentavam, a educação pública era de primeira qualidade.
Sempre desconfiei que aquelas narrativas resultavam de um olhar social muito restrito. Minha avaliação, consolidada com o tempo, é de que se referiam a um contexto no qual as escolas públicas eram muito poucas e elitizadas, no cenário do processo de apropriação privada do estado, que marca a história do Brasil.
Quando as lutas sociais foram forçando a ampliação do acesso ao ensino público, quando as portas das escolas começaram a ser abertas para um ingresso mais amplo e diversificado, as elites econômicas que sempre, em alguma medida, comandaram o país, perderam o interesse pela qualidade da educação pública.
Desprestigiada a escola pública, foi também o magistério posto de lado. Os saudosistas da classe média, por ingenuidade ou má-fé, colocavam a depreciação da educação apenas na conta de uma abstrata degeneração da política. Contudo – e esse era o lado bom da conversa – continuavam valorizando a figura do professor.
Agora, de uma hora para outra, dedos são apontados contra professoras e professores, denunciando-os como vilãs e vilões da educação. Xingamentos e ameaças são postadas nas redes sociais. Acusações são feitas como se os educadores trabalhassem dissimulados, tramando e praticando crimes nas salas de aula.
Além dos perigos anexos a essa onda acusatória, ela, por si só, revela uma grande ingratidão. Todos nós devemos as nossas respectivas formações aos professores e professoras que tivemos. Não faz diferença se estamos falando de médicos, motoristas, policiais, advogados… Todos foram formados por professores.

* Antonio Passos é jornalista

 

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