Quarta, 22 De Janeiro De 2025
       
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Um encontro muito especial


Publicado em 08 de dezembro de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
 
8 de dezembro – dia muito importante para os cristãos-católicos: celebra-se a solenidade da ‘Imaculada Conceição’, padroeira da nossa cidade e da nossa Arquidiocese de Aracaju. É também um dia muito especial para toda a Família Salesiana: Dom Bosco sempre lembrou esta data como o aniversário do marco inicial de toda a sua obra, por sua imensa devoção a Maria Santíssima, mas também por entender que um encontro muito providente – acontecido neste dia – foi o começo de tudo…
Vamos entender essa história? Transcrevo trechos do livro "Dom Bosco e os Salesianos", de Morand Wirth, SDB, publicação da Editorial Dom Bosco, São Paulo, páginas 35 e 36:
"Dom Bosco preparava-se nesse dia [8 de dezembro de 1841] para celebrar Missa na Igreja de São Francisco de Assis. Enquanto se paramentava na sacristia, alguém entrara furtivamente: um adolescente, intrigado, sem dúvida, com aquele lugar tão diferente, se deixara ficar num canto da sala. Chega o sacristão. Pensando encontrar o ajudante de Missa que estava procurando, chama-o logo. Dom Bosco estava também para dirigir-lhe a palavra, mas não teve tempo. Num piscar de olhos, o sacristão havia empunhado o espanador para expulsar o "idiota" que não sabia as palavras da Missa. O neo-sacerdote [Dom Bosco] interveio então com energia: "Que está fazendo? (…) É meu amigo! Vá chamar o rapaz: preciso falar com ele".
O menino voltou, a tremer. Tranquilizado por Dom Bosco, aceita esperar até ao fim da Missa para "falar de um negócio que lhe haveria de agradar".  Após a ação de graças recomeça a conversação, num clima de confiança. O rapaz chamava-se Bartolomeo Garelli. Órfão de pai e mãe, sem instrução escolar nem religiosa, o jovem trabalhador de dezesseis anos, dizia François Veuillot, "apareceu aos olhos de Dom Bosco como um grito de toda a infância pobre e abandonada". A conversa acabou naquela manhã com uma primeira lição de catecismo.
Dom Bosco jamais esqueceu esse episódio. Tomou nota do dia: 8 de dezembro de 1841, festa da Imaculada Conceição. Para ele, que era sensível às "elegantes combinações da Providência", essa coincidência estava certamente cheia de significado. Considerou o dia 8 de dezembro como a data do nascimento do Oratório e como o ponto de partida de toda a obra salesiana.
A convite de Dom Bosco, Bartolomeo Garelli voltou no domingo seguinte com seis companheiros. Encontraram nesse padre [Dom Bosco] instrução religiosa adequada e amizade. O número de participantes crescia a cada reunião".
Nossa reflexão não pode terminar sem as palavras do próprio Dom Bosco sobre aquele momento, registradas nas suas "Memórias do Oratório de São Francisco de Sales – 1815 a 1855", capítulo 12 da Segunda Década, intitulado "Festa da Imaculada Conceição e início do Oratório Festivo":
"(…) fiz o sinal-da-cruz para começar; meu aluno não o fez porque não sabia. Naquela primeira aula procurei ensinar-lhe a fazer o sinal-da-cruz e a conhecer Deus Criador e o fim por que nos criou. Embora tivesse pouca memória, conseguiu, com assiduidade e atenção, aprender em poucos domingos as coisas necessárias para fazer uma boa Confissão e, pouco depois, a sagrada Comunhão. A esse primeiro aluno juntaram-se outros mais. Durante aquele inverno limitei-me a alguns adultos que tinham necessidade de catequese especial, sobretudo aos que saíam da cadeia. Pude então constatar que os rapazes que saem de lugares de castigo, caso encontrem mão bondosa que deles cuide, os assista nos domingos, procure arranjar-lhes emprego com bons patrões e visitá-los de quando em quando ao longo da semana, tais rapazes dão-se a uma vida honrada, esquecem o passado, tornam-se bons cristãos e honestos cidadãos. Essa é a origem do nosso Oratório, que, abençoado por Deus, teve um desenvolvimento que então eu não podia imaginar".
Este é um dos episódios mais fascinantes da vida de Dom Bosco. Pouco se sabe sobre o destino de Bartolomeo Garelli. Mas devemos rezar por ele. Foi, sem dúvida, o instrumento de Deus para que Dom Bosco começasse a realizar o que o Pai planejara para a sua vida e a sua vocação. E, como disse o próprio Dom Bosco: "Foi ela [Maria] que tudo fez!". Quanto a nós, estejamos atentos aos "Bartolomeos" que Deus colocar na nossa vida…
Temos ainda outros grandes motivos para render graças a Deus por este dia, entre os quais:
1 – Há 111 anos era instalado o "Oratório Festivo Nossa Senhora Auxiliadora". Assim, neste ano estamos celebrando 111 anos de presença salesiana em Aracaju;
2 – O nosso querido Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, Salesiano de Dom Bosco, hoje Arcebispo Emérito de Maceió, que foi Bispo Auxiliar de Aracaju de 1975 a 1980 e entre nós tem grandes amigos e admiradores, entre os quais me incluo, e que escreve regularmente o seu artigo semanal às quintas-feiras no nosso ‘Jornal do Dia’, celebra hoje 64 anos como padre – foi ordenado no dia 8 de dezembro de 1954, data centenária do Dogma da Imaculada Conceição.
Por estas e tantas outras razões – cada um tem as suas -, Deo gratias!!!
* * *
E.T. – Este artigo é dedicado a Bartolomeo Garelli, in memorian.
* Raymundo Mello é Memorialista
raymundopmello@yahoo.com.br

* Raymundo Mello

(publicação de Raymundinho Mello, seu filho) 

8 de dezembro – dia muito importante para os cristãos-católicos: celebra-se a solenidade da ‘Imaculada Conceição’, padroeira da nossa cidade e da nossa Arquidiocese de Aracaju. É também um dia muito especial para toda a Família Salesiana: Dom Bosco sempre lembrou esta data como o aniversário do marco inicial de toda a sua obra, por sua imensa devoção a Maria Santíssima, mas também por entender que um encontro muito providente – acontecido neste dia – foi o começo de tudo…
Vamos entender essa história? Transcrevo trechos do livro "Dom Bosco e os Salesianos", de Morand Wirth, SDB, publicação da Editorial Dom Bosco, São Paulo, páginas 35 e 36:
"Dom Bosco preparava-se nesse dia [8 de dezembro de 1841] para celebrar Missa na Igreja de São Francisco de Assis. Enquanto se paramentava na sacristia, alguém entrara furtivamente: um adolescente, intrigado, sem dúvida, com aquele lugar tão diferente, se deixara ficar num canto da sala. Chega o sacristão. Pensando encontrar o ajudante de Missa que estava procurando, chama-o logo. Dom Bosco estava também para dirigir-lhe a palavra, mas não teve tempo. Num piscar de olhos, o sacristão havia empunhado o espanador para expulsar o "idiota" que não sabia as palavras da Missa. O neo-sacerdote [Dom Bosco] interveio então com energia: "Que está fazendo? (…) É meu amigo! Vá chamar o rapaz: preciso falar com ele".
O menino voltou, a tremer. Tranquilizado por Dom Bosco, aceita esperar até ao fim da Missa para "falar de um negócio que lhe haveria de agradar".  Após a ação de graças recomeça a conversação, num clima de confiança. O rapaz chamava-se Bartolomeo Garelli. Órfão de pai e mãe, sem instrução escolar nem religiosa, o jovem trabalhador de dezesseis anos, dizia François Veuillot, "apareceu aos olhos de Dom Bosco como um grito de toda a infância pobre e abandonada". A conversa acabou naquela manhã com uma primeira lição de catecismo.
Dom Bosco jamais esqueceu esse episódio. Tomou nota do dia: 8 de dezembro de 1841, festa da Imaculada Conceição. Para ele, que era sensível às "elegantes combinações da Providência", essa coincidência estava certamente cheia de significado. Considerou o dia 8 de dezembro como a data do nascimento do Oratório e como o ponto de partida de toda a obra salesiana.
A convite de Dom Bosco, Bartolomeo Garelli voltou no domingo seguinte com seis companheiros. Encontraram nesse padre [Dom Bosco] instrução religiosa adequada e amizade. O número de participantes crescia a cada reunião".
Nossa reflexão não pode terminar sem as palavras do próprio Dom Bosco sobre aquele momento, registradas nas suas "Memórias do Oratório de São Francisco de Sales – 1815 a 1855", capítulo 12 da Segunda Década, intitulado "Festa da Imaculada Conceição e início do Oratório Festivo":
"(…) fiz o sinal-da-cruz para começar; meu aluno não o fez porque não sabia. Naquela primeira aula procurei ensinar-lhe a fazer o sinal-da-cruz e a conhecer Deus Criador e o fim por que nos criou. Embora tivesse pouca memória, conseguiu, com assiduidade e atenção, aprender em poucos domingos as coisas necessárias para fazer uma boa Confissão e, pouco depois, a sagrada Comunhão. A esse primeiro aluno juntaram-se outros mais. Durante aquele inverno limitei-me a alguns adultos que tinham necessidade de catequese especial, sobretudo aos que saíam da cadeia. Pude então constatar que os rapazes que saem de lugares de castigo, caso encontrem mão bondosa que deles cuide, os assista nos domingos, procure arranjar-lhes emprego com bons patrões e visitá-los de quando em quando ao longo da semana, tais rapazes dão-se a uma vida honrada, esquecem o passado, tornam-se bons cristãos e honestos cidadãos. Essa é a origem do nosso Oratório, que, abençoado por Deus, teve um desenvolvimento que então eu não podia imaginar".
Este é um dos episódios mais fascinantes da vida de Dom Bosco. Pouco se sabe sobre o destino de Bartolomeo Garelli. Mas devemos rezar por ele. Foi, sem dúvida, o instrumento de Deus para que Dom Bosco começasse a realizar o que o Pai planejara para a sua vida e a sua vocação. E, como disse o próprio Dom Bosco: "Foi ela [Maria] que tudo fez!". Quanto a nós, estejamos atentos aos "Bartolomeos" que Deus colocar na nossa vida…
Temos ainda outros grandes motivos para render graças a Deus por este dia, entre os quais:
1 – Há 111 anos era instalado o "Oratório Festivo Nossa Senhora Auxiliadora". Assim, neste ano estamos celebrando 111 anos de presença salesiana em Aracaju;
2 – O nosso querido Dom Edvaldo Gonçalves Amaral, Salesiano de Dom Bosco, hoje Arcebispo Emérito de Maceió, que foi Bispo Auxiliar de Aracaju de 1975 a 1980 e entre nós tem grandes amigos e admiradores, entre os quais me incluo, e que escreve regularmente o seu artigo semanal às quintas-feiras no nosso ‘Jornal do Dia’, celebra hoje 64 anos como padre – foi ordenado no dia 8 de dezembro de 1954, data centenária do Dogma da Imaculada Conceição.
Por estas e tantas outras razões – cada um tem as suas -, Deo gratias!!!
* * *
E.T. – Este artigo é dedicado a Bartolomeo Garelli, in memorian.

* Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br

 

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