Quarta, 22 De Janeiro De 2025
       
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Lembranças e saudades de bons tempos


Publicado em 11 de dezembro de 2018
Por Jornal Do Dia


 

* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
 
Tempo do Advento, tempo que antecede o 
Natal. Pensei em trazer de volta para os 
caros leitores alguns textos escritos por meu pai – o ‘Memorialista Raymundo Mello’ – sobre o assunto. Suas memórias, suas lembranças dos antigos Natais de Aracaju.
Pra hoje, selecionei o artigo "Ó sol nascente…", publicado na edição de 22/12/2015 do ‘Jornal do Dia’. Boa leitura pra todos!
Assim escreveu Raymundo Mello:
"O Natal do Menino Jesus sempre foi bem e festivamente celebrado em Aracaju e em todo o Estado de Sergipe. Festa religiosa por excelência, tem o carisma especial da pregação da paz e da concórdia entre os homens daqui e do mundo – "Paz na terra aos homens por Ele amados", após, sempre, um "Glória a Deus nas alturas" que o cristianismo prega e promove há mais de 2.000 anos.
E os milhões de cristãos espalhados pelo mundo inteiro fazem sempre uma pausa nas suas diferenças de agir, de pensar, de conviver, até mesmo em tempos de guerras declaradas – repito: ‘guerras declaradas’ – sim, porque hoje, o estado de guerra mundial em que se vive, só não está registrado ainda como a ‘Terceira Guerra Mundial’, creio eu, cidadão leigo, porque tal oficialização seria a decretação do fim dos tempos. O poderio em armas nucleares, conhecido e desconhecido, levaria à extinção da raça humana em questão de horas. Duas bombas atômicas detonadas pelos Estados Unidos da América contra o Japão (Hiroshima e Nagasaki), há pouco mais de meio século, destruíram em minutos duas grandes cidades e mataram instantaneamente cerca de 200.000 pessoas, isso no ato das explosões, mas continuaram morrendo milhares, em dias e meses seguintes, corpos consumidos pelas queimaduras produzidas pelo sopro maligno das bombas.
Apenas duas bombas, pequenas, em ‘fase experimental’, como se diz hoje em dia. Imaginemos os arsenais abastecidos de tais armas que se diz existirem hoje, espalhadas no mundo inteiro, explodindo. Em horas, adeus vidas humanas aos milhões, adeus planeta Terra. E, como cantava – e é bom relembrarmos – Elis Regina, "poetas, seresteiros, namorados correi, é chegada a hora de curtir e cantar, talvez, as derradeiras noites de luar" (se não é de Gilberto Gil, peço desculpas ao inspirado poeta, letrista da canção, que a escreveu).
Então, dependemos das iras e desesperos dos homens, porque, se depender de Deus, o Natal do Menino Jesus continuará a ser celebrado, ‘per omnia secula seculorum’, "e o Seu reino não terá fim". Vamos viver essa Fé e, como diz Paulo a Timóteo (1Tim 2,7), viver ‘na Fé e na Verdade’.
Que bom continuarmos vivendo e relembrando os Natais festivos pelos quais passamos. Pelas ‘Feirinhas de Natal’ na Praça Tobias Barreto (antigamente Pinheiro Machado), defronte da ‘Igreja São José’ e do belo Colégio por ele Patrocinado, com festas natalinas alegres, Missa do Galo à meia noite, além de ‘Carrossel de Tobias’, roda gigante, onda, aviões catalinas rodando como sombrinhas e fazendo concorrência a elas que também existiam, e retretas, chegança de Zé do Pão, reisado, cacumbi, roletas, barrufo, bares e restaurantes, serviço de alto-falantes divulgando ‘Votos de Boas Festas’, bancos e cadeiras pertencentes a famílias que, quando se recolhiam às suas residências, os sem-bancos e sem-cadeiras lordemente se aboletavam, fazendo hora para ir aos bares e restaurantes, com as melhores bebidas e comidas, instalados modesta mas alegremente na chamada ‘Rua do Egito’, que era montada com simplicidade no lado oeste da praça, defronte do colégio dirigido pelas freiras (Irmãs Sacramentinas) e com suas alunas internas. Quando a "coisa" esquentava e o barulho crescia muito, bastava um sinal para a Secretaria de Segurança Pública, àquela época denominada ‘Chefatura de Polícia’, e o doutor Manuel Ribeiro, claro que o chefe, residente na mesma praça, mandava acalmar os ânimos, "se não…". Essas "Feirinhas de Natal" foram vividas pelo menino João Ubaldo Ribeiro, o danado do Ubaldo, que morou e cresceu na Bahia, onde passou a residir com sua família (o pai era o ‘Chefe de Polícia’ que citei), e lá, por força de sua obra literária importante, tornou-se ‘Imortal’, membro da ‘Academia Brasileira de Letras’, e ninguém – que me desculpem os que se ocuparam desse tema ‘Natal de Aracaju’ – foi tão autêntico e poeta como Ubaldo, através de suas crônicas que eu lia em jornais do Rio de Janeiro.
Segundo o jornalista e ex-deputado Jorge Araújo, a Assembleia Legislativa de Sergipe outorgou-lhe o título de "Cidadão Sergipano", mas Ubaldo [que faleceu em 18/07/2014], "avesso a homenagens", nunca veio receber o honroso título.
Anos depois, as Feirinhas de Natal passaram a ser vividas no Parque Teófilo Dantas, com grande êxito e alegria, até que o Carrossel de Tobias foi desativado e as autoridades municipais deixaram, por suas razões, de patrocinar as Feirinhas de Natal na Praça Olímpio Campos.
Mas isso é tema para o futuro.
Das feirinhas, restam apenas as lembranças e as saudades de bons tempos".
* * *
E.T. – Agradeço todas as manifestações de apreço que recebi pela publicação do artigo "Um encontro muito especial" (Jornal do Dia – edição n.º 4.609 – 8 a 10/12/2018, sábado passado – página 14). Os que não conseguiram ler o texto e desejarem tê-lo poderão solicitar-me, através do e-mail abaixo. Terei imensa alegria em disponibilizá-lo.
* Raymundo Mello é Memorialista
raymundopmello@yahoo.com.br

* Raymundo Mello

(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)

Tempo do Advento, tempo que antecede o  Natal. Pensei em trazer de volta para os  caros leitores alguns textos escritos por meu pai – o ‘Memorialista Raymundo Mello’ – sobre o assunto. Suas memórias, suas lembranças dos antigos Natais de Aracaju.
Pra hoje, selecionei o artigo "Ó sol nascente…", publicado na edição de 22/12/2015 do ‘Jornal do Dia’. Boa leitura pra todos!
Assim escreveu Raymundo Mello:
"O Natal do Menino Jesus sempre foi bem e festivamente celebrado em Aracaju e em todo o Estado de Sergipe. Festa religiosa por excelência, tem o carisma especial da pregação da paz e da concórdia entre os homens daqui e do mundo – "Paz na terra aos homens por Ele amados", após, sempre, um "Glória a Deus nas alturas" que o cristianismo prega e promove há mais de 2.000 anos.
E os milhões de cristãos espalhados pelo mundo inteiro fazem sempre uma pausa nas suas diferenças de agir, de pensar, de conviver, até mesmo em tempos de guerras declaradas – repito: ‘guerras declaradas’ – sim, porque hoje, o estado de guerra mundial em que se vive, só não está registrado ainda como a ‘Terceira Guerra Mundial’, creio eu, cidadão leigo, porque tal oficialização seria a decretação do fim dos tempos. O poderio em armas nucleares, conhecido e desconhecido, levaria à extinção da raça humana em questão de horas. Duas bombas atômicas detonadas pelos Estados Unidos da América contra o Japão (Hiroshima e Nagasaki), há pouco mais de meio século, destruíram em minutos duas grandes cidades e mataram instantaneamente cerca de 200.000 pessoas, isso no ato das explosões, mas continuaram morrendo milhares, em dias e meses seguintes, corpos consumidos pelas queimaduras produzidas pelo sopro maligno das bombas.
Apenas duas bombas, pequenas, em ‘fase experimental’, como se diz hoje em dia. Imaginemos os arsenais abastecidos de tais armas que se diz existirem hoje, espalhadas no mundo inteiro, explodindo. Em horas, adeus vidas humanas aos milhões, adeus planeta Terra. E, como cantava – e é bom relembrarmos – Elis Regina, "poetas, seresteiros, namorados correi, é chegada a hora de curtir e cantar, talvez, as derradeiras noites de luar" (se não é de Gilberto Gil, peço desculpas ao inspirado poeta, letrista da canção, que a escreveu).
Então, dependemos das iras e desesperos dos homens, porque, se depender de Deus, o Natal do Menino Jesus continuará a ser celebrado, ‘per omnia secula seculorum’, "e o Seu reino não terá fim". Vamos viver essa Fé e, como diz Paulo a Timóteo (1Tim 2,7), viver ‘na Fé e na Verdade’.
Que bom continuarmos vivendo e relembrando os Natais festivos pelos quais passamos. Pelas ‘Feirinhas de Natal’ na Praça Tobias Barreto (antigamente Pinheiro Machado), defronte da ‘Igreja São José’ e do belo Colégio por ele Patrocinado, com festas natalinas alegres, Missa do Galo à meia noite, além de ‘Carrossel de Tobias’, roda gigante, onda, aviões catalinas rodando como sombrinhas e fazendo concorrência a elas que também existiam, e retretas, chegança de Zé do Pão, reisado, cacumbi, roletas, barrufo, bares e restaurantes, serviço de alto-falantes divulgando ‘Votos de Boas Festas’, bancos e cadeiras pertencentes a famílias que, quando se recolhiam às suas residências, os sem-bancos e sem-cadeiras lordemente se aboletavam, fazendo hora para ir aos bares e restaurantes, com as melhores bebidas e comidas, instalados modesta mas alegremente na chamada ‘Rua do Egito’, que era montada com simplicidade no lado oeste da praça, defronte do colégio dirigido pelas freiras (Irmãs Sacramentinas) e com suas alunas internas. Quando a "coisa" esquentava e o barulho crescia muito, bastava um sinal para a Secretaria de Segurança Pública, àquela época denominada ‘Chefatura de Polícia’, e o doutor Manuel Ribeiro, claro que o chefe, residente na mesma praça, mandava acalmar os ânimos, "se não…". Essas "Feirinhas de Natal" foram vividas pelo menino João Ubaldo Ribeiro, o danado do Ubaldo, que morou e cresceu na Bahia, onde passou a residir com sua família (o pai era o ‘Chefe de Polícia’ que citei), e lá, por força de sua obra literária importante, tornou-se ‘Imortal’, membro da ‘Academia Brasileira de Letras’, e ninguém – que me desculpem os que se ocuparam desse tema ‘Natal de Aracaju’ – foi tão autêntico e poeta como Ubaldo, através de suas crônicas que eu lia em jornais do Rio de Janeiro.
Segundo o jornalista e ex-deputado Jorge Araújo, a Assembleia Legislativa de Sergipe outorgou-lhe o título de "Cidadão Sergipano", mas Ubaldo [que faleceu em 18/07/2014], "avesso a homenagens", nunca veio receber o honroso título.
Anos depois, as Feirinhas de Natal passaram a ser vividas no Parque Teófilo Dantas, com grande êxito e alegria, até que o Carrossel de Tobias foi desativado e as autoridades municipais deixaram, por suas razões, de patrocinar as Feirinhas de Natal na Praça Olímpio Campos.
Mas isso é tema para o futuro.
Das feirinhas, restam apenas as lembranças e as saudades de bons tempos".

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E.T. – Agradeço todas as manifestações de apreço que recebi pela publicação do artigo "Um encontro muito especial" (Jornal do Dia – edição n.º 4.609 – 8 a 10/12/2018, sábado passado – página 14). Os que não conseguiram ler o texto e desejarem tê-lo poderão solicitar-me, através do e-mail abaixo. Terei imensa alegria em disponibilizá-lo.

* Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br

 

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