O DEFENSOR SÉRGIO BARRETO MORAIS
Especialistas já sugerem 'lockdown' em algumas cidades
Publicado em 13 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia
O crescimento dos casos de coronavírus em Sergipe chamou a atenção dos especialistas que acompanham os desdobramentos da pandemia. Alguns estudos já apontam para a sugestão de que Aracaju e algumas cidades do Estado adotem a proibição total para as pessoas saiam de suas casas por um período entre 10 e 15 dias, medida que é conhecida como ‘lockdown’ ou ‘tranca-rua’. Essa medida, já adotada em estados como Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Pernambuco e Ceará, está na conclusão de um estudo finalizado na semana passada pelo Grupo de Mecânica Estatística, ligado ao Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
A pesquisa está baseada em dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Os pesquisadores analisaram detalhadamente umconjunto de treze variáveis, incluindo algumas não exploradas no estudo do Covid-19 em Sergipe. A principal delas é a taxa de crescimento diário do número de casos confirmados da doença no Estado. Segundo o levantamento, essa taxa foi fortemente alterada após o decreto que flexibilizou parte do isolamento social decretado pelo governo do estado, o que aconteceu em meados de abril e foi revogado cinco dias depois, após alertqas de médicos e cientistas.
"Países que já estão em fase de controle da epidemiatêm taxas abaixo dos 5%. Países com isolamento social controlado não tem taxas acima de 10%.Vemos que durante três semanas, a partir de 24 de marco, apenas em três dias tivemos taxas acima de 10%. Em particular, na semana de 7 a 14 de abril todas as taxas ficaram abaixo dos10%. Com a política de relaxamento social, saímos deste patamar e agora estamos flutuando entre taxas maiores que 10% e em alguns dias maiores que 20%, situação em que se sabe ser dedescontrole total para o avanço da epidemia", diz a nota técnica da pesquisa.
Defensoria – O índice de pessoas infectadas pelo Coronavírus (Covid-19) vem crescendo no Estado de Sergipe e, em Aracaju, já são 1252 casos confirmados, segundo relatório divulgado nesta terça-feira, 12, pela Prefeitura Municipal de Aracaju. Esse resultado vem preocupando a Defensoria Pública do Estado que expediu, através do Núcleo de Direitos Humanos, uma recomendação para que o município determine lockdown pelo prazo mínimo de oito dias para reduzir o número de contágios e ocupação de leitos nos hospitais, evitando um colapso na saúde.
O lockdown é uma medida mais extrema de confinamento e isolamento social com fechamento total do comércio, exceto atividades essenciais. Em geral, inclui também o fechamento de vias e proíbe deslocamentos e viagens não essenciais.
Na Recomendação, a Defensoria Pública pleiteia a decretação do lockdown para endurecimento das medidas aplicadas para conter o Covid-19 com fechamento de todo o comércio em Aracaju, salvo atividades essenciais; tornar obrigatória a permanência das pessoas em suas respectivas residências, através de medidas coercitivas que sejam amplamente divulgadas na imprensa, além de realizar frequentemente a fiscalização e aplicação de multa àqueles que saírem de casa sem a devida comprovação da necessidade; manutenção do fechamento das escolas, faculdades, universidades e demais instituições de ensino, particulares e da rede pública, assim como de museus, cinemas, teatros e demais atividades culturais e de lazer.
De acordo com o defensor público e diretor do Núcleo de Direitos Humanos, Sérgio Barreto Morais, está havendo um aumento substancial da taxa de ocupação de leitos hospitalares. "Um estudo da Universidade Federal de Sergipe com a colaboração de outras universidades do país, aponta que a suspensão das medidas de distanciamento social foi precoce e, neste momento, passamos por um período de descontrole da epidemia em Sergipe.
Na semana passada, o governo do estado descartou a possibilidade de adotar o ‘lockdown’ neste momento, esclarecendo que a medida é recomendada para estados e municípios que já atingiram 80% da capacidade de leitos nos hospitais, o que ainda não se aplica a Sergipe. Já a secretária municipal da saúde, Waneska Barbosa, admitiu a possibilidade durante uma sabatina virtual com vereadores, ao pontuar que o principal problema até agora tem sido a recusa ao isolamento social. "Os exames ordinários na rede continuam sendo feitos, apenas diminuímos o fluxo de pessoas. Também temos a preocupação com a dengue e outras doenças. O espalhamento do vírus se dá em questão da redução do isolamento social, em alguns períodos ele chegou a ser de 40%. O isolamento é o único caminho. Tudo é possível, inclusive o lockdown. As medidas estão sendo tomadas, vamos observando os números diariamente", disse a secretária. (Gabriel Damásio)