Quinta, 09 De Janeiro De 2025
       
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GEORGE FLOYD – OS PROTESTOS ANTIRRACISTAS E A ICONOCLASTIA COMO SINAIS INCONFORMISMO


Publicado em 13 de junho de 2020
Por Jornal Do Dia


 

* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA  
 
Nesse momento espantoso de regressão social, de embotamento dos espíritos, de esgarçamento das relações interpessoais, em que a grande maioria dos humanóides parece sentir espasmos lancinantes de prazer orgástico com a exposição humilhante do outro, com os linchamentos, a barbárie e o genocídio do cotidiano, parece que um episódio aparentemente trivial, um fato corriqueiro da crônica policial dos arrabaldes e das favelas das grandes cidades, que se trata da morte se individuo negro ou pardo, aparentemente sem vez e sem nome, numa abordagem ou batida por agentes do Estado, teve o condão de despertar a fúria e a ira dos deserdados da terra e quase todos os cantos do mundo.
Aparentemente, num estalar de dedos, parece que os milhões de casados, como que se apossando do espírito do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, no famosíssimo, mas nem sempre lido, "O Crepúsculo dos ídolos ou Como se filosofa com o martelo"   se puseram a derrubar ídolos com a cabeça de ouro, peito de prata, pernas de ferro e pés de barro.
Aquela historieta batida de que ‘o negro deve saber qual é o seu lugar’ ou de que ‘branco correndo é atleta e preto correndo é ladrão’, teve a validade e higidez questionada pelas multidões que tomaram as ruas nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha, na França e no Quênia.
As teses de Joseph Arthur de Gobineau tão aclamadas pelos os Europeus e pelos supremacistas brancos dos Estados Unidos, que no Brasil foram encampadas  pelo defensor da eugenia, anti-semita, anti-nipônico, aquele considerado o pai da Sociologia brasileira, Francisco José de Oliveira Vianna, idéias defendidas e que sempre guiaram as nossas elites econômicas e parte das elites políticas e acadêmicas e que estão em voga no atual governo, sobretudo, na diplomacia e na política educacional, estão sendo questionadas por todos aqueles que não condescendem com o aviltamento, a humilhação, e a divisão dos homens em raças superiores e raças inferiores ou mesmo em sub-raças.
De igual modo, as teses da necessidade de mantença de um modelo de uma polícia letal, voltada ao extermínio e a eliminação de grupos e subgrupos, daqueles que, supostamente, pertencem ou integram raças as inferiores ou sub-raças, polícias que nas buscas ou aprisionamento de pretos e pardos utilizam os métodos de tortura assemelhados aos utilizados pela França na guerra da Argélia ou métodos com requintes de crueldade e perversidade utilizados nos famosos campos de concentração, como instrumental de defesa social, já não são admitidos por aqueles que verdadeiramente ingressaram em um estágio civilizatório superior. 
Sem dúvida, nesse momento tenebroso da história da humanidade, a iconoclastia, o simbolismo da derrubada de estátuas e monumentos de colonizadores, de traficantes de escravos, de pretensos heróis defensores da superioridade racial dos caucasianos, senão arianos, a ex- do Rei Leopoldo da Bélgica, o genocida colonizador do Congo, de Edward Colston, o comerciante, ou melhor, traficante de escravos inglês, de Cecil John Rhodes fundador da então Rodésia, atual Zimbábue, nos traz certo refrigério, nos detém no lançarmo-nos na morbidez e escuridão do existencialismo, nos quedar no mito de Sísifo da mitologia grega ou da filosofia de Albert Camus, na desesperança; faz-nos ver uma luz, mesmo que tênue, um farol distante e mortiço a nos indicar o caminho.
De fato, em meio ao estupor e a cretinice, do mergulho de grande parte dos homens na bestialidade, de, em contrariedade e antinomia ao progresso científico e tecnológico, uma aparente regresso da humanidade a infância do processo civilizatório, o derrubar ídolos com a cabeça de ouro, peito de prata, pernas de ferro e pés de barro é uma notícia mais que alvissareira, talvez seja o limiar ou prenúncio de uma nova primavera dos povos.
* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público e militante de Direitos Humanos, titular da Primeira Defensoria Pública Especial Cível do Estado de Sergipe.

* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA

Nesse momento espantoso de regressão social, de embotamento dos espíritos, de esgarçamento das relações interpessoais, em que a grande maioria dos humanóides parece sentir espasmos lancinantes de prazer orgástico com a exposição humilhante do outro, com os linchamentos, a barbárie e o genocídio do cotidiano, parece que um episódio aparentemente trivial, um fato corriqueiro da crônica policial dos arrabaldes e das favelas das grandes cidades, que se trata da morte se individuo negro ou pardo, aparentemente sem vez e sem nome, numa abordagem ou batida por agentes do Estado, teve o condão de despertar a fúria e a ira dos deserdados da terra e quase todos os cantos do mundo.
Aparentemente, num estalar de dedos, parece que os milhões de casados, como que se apossando do espírito do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, no famosíssimo, mas nem sempre lido, "O Crepúsculo dos ídolos ou Como se filosofa com o martelo"   se puseram a derrubar ídolos com a cabeça de ouro, peito de prata, pernas de ferro e pés de barro.
Aquela historieta batida de que ‘o negro deve saber qual é o seu lugar’ ou de que ‘branco correndo é atleta e preto correndo é ladrão’, teve a validade e higidez questionada pelas multidões que tomaram as ruas nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha, na França e no Quênia.
As teses de Joseph Arthur de Gobineau tão aclamadas pelos os Europeus e pelos supremacistas brancos dos Estados Unidos, que no Brasil foram encampadas  pelo defensor da eugenia, anti-semita, anti-nipônico, aquele considerado o pai da Sociologia brasileira, Francisco José de Oliveira Vianna, idéias defendidas e que sempre guiaram as nossas elites econômicas e parte das elites políticas e acadêmicas e que estão em voga no atual governo, sobretudo, na diplomacia e na política educacional, estão sendo questionadas por todos aqueles que não condescendem com o aviltamento, a humilhação, e a divisão dos homens em raças superiores e raças inferiores ou mesmo em sub-raças.
De igual modo, as teses da necessidade de mantença de um modelo de uma polícia letal, voltada ao extermínio e a eliminação de grupos e subgrupos, daqueles que, supostamente, pertencem ou integram raças as inferiores ou sub-raças, polícias que nas buscas ou aprisionamento de pretos e pardos utilizam os métodos de tortura assemelhados aos utilizados pela França na guerra da Argélia ou métodos com requintes de crueldade e perversidade utilizados nos famosos campos de concentração, como instrumental de defesa social, já não são admitidos por aqueles que verdadeiramente ingressaram em um estágio civilizatório superior. 
Sem dúvida, nesse momento tenebroso da história da humanidade, a iconoclastia, o simbolismo da derrubada de estátuas e monumentos de colonizadores, de traficantes de escravos, de pretensos heróis defensores da superioridade racial dos caucasianos, senão arianos, a ex- do Rei Leopoldo da Bélgica, o genocida colonizador do Congo, de Edward Colston, o comerciante, ou melhor, traficante de escravos inglês, de Cecil John Rhodes fundador da então Rodésia, atual Zimbábue, nos traz certo refrigério, nos detém no lançarmo-nos na morbidez e escuridão do existencialismo, nos quedar no mito de Sísifo da mitologia grega ou da filosofia de Albert Camus, na desesperança; faz-nos ver uma luz, mesmo que tênue, um farol distante e mortiço a nos indicar o caminho.
De fato, em meio ao estupor e a cretinice, do mergulho de grande parte dos homens na bestialidade, de, em contrariedade e antinomia ao progresso científico e tecnológico, uma aparente regresso da humanidade a infância do processo civilizatório, o derrubar ídolos com a cabeça de ouro, peito de prata, pernas de ferro e pés de barro é uma notícia mais que alvissareira, talvez seja o limiar ou prenúncio de uma nova primavera dos povos.

* MIGUEL DOS SANTOS CERQUEIRA, Defensor Público e militante de Direitos Humanos, titular da Primeira Defensoria Pública Especial Cível do Estado de Sergipe.

 

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