Fake news na mira do STF

O Supremo Tribunal Federal decidiu dar continuida de ao inquérito das fake news, que apura a disse minação de notícias falsas e ameaças a integrantes da corte. Ao defender a legalidade do inquérito, Moraes disse que as investigações sob o comando do STF não miram críticas aos ministros, mas ameaças de atos violentos contra os integrantes do tribunal.
O inquérito tem origem controversa, mas nem por isso é menos oportuno. Em verdade, chega tarde. Ao contrário do que afirma quem se diz cerceado em seu direito à liberdade de expressão ao distribuir informação falsa, não se trata de amordaçar a opinião pública. Mas de sanear o debate político em curso no Brasil de Bolsonaro.
A distribuição de fake news tem um potencial devastador. A eleição que consagrou o presidente Bolsonaro nas urnas, por exemplo, foi disputada na base do vale tudo. As calúnias mais infames foram reproduzidas à exaustão, até acabarem aceitas como verdade. Nem mesmo o trabalho realizado pelo bom jornalismo, contrário à simples especulação, apoiado em fatos, foi suficiente para orientar o eleitorado. A desonestidade virou a regra do jogo. Infelizmente, o Tribunal Superior Eleitoral não esboçou reação mais efetiva, apesar de todos os avisos, e não se mostrou à altura do desafio sob a própria alçada.
Que o inquérito sob a responsabilidade do STF sirva de exemplo. As campanhas difamatórias realizadas ao arrepio da Lei podem até soar convincentes junto às parcelas mal informadas da população, independente de classe econômica e escolaridade. Mas a vigilância das instituições responsáveis pela manutenção dos fundamentos da República não há de falhar mais uma vez.