Isolamento cai, casos sobem e governo pode retardar reabertura
Publicado em 21 de junho de 2020
Por Jornal Do Dia
As pioras nos indica dores recentes de isolamento social, de casos confirmados de coronavírus e ocupação de leitos exclusivos para pacientes infectados com a doença podem levar o governo do estado a retardar a implantação do Plano de Reabertura Econômica, que começou a sua fase de transição na última quinta-feira. A indicação foi feita indiretamente pelo governador Belivaldo Chagas, em uma postagem nas redes sociais que comentava o rompimento da marca de 400 mortes causadas pelo coronavírus, ocorrido também na quinta-feira.
Na ocasião, o governador voltou a pedir que a população obedeça às regras de ficar em casa e usar as máscaras respiratórias caso necessário. "Não são apenas números frios nas estáticas, cada vida importa para nós e por isso estamos trabalhando sem medir esforços para ampliar a capacidade da nossa rede hospitalar exclusiva para a Covid-19, mas precisamos da cooperação de todos para vencer esta doença. Peço a todos encarecidamente que fiquem em casa, só saiam se for usando máscara e evitem aglomerações. Vamos juntos vencer esta fase tão difícil!", escreveu Belivaldo.
Na quinta-feira, foi autorizado o funcionamento de concessionárias de veículos; imobiliárias e similares; comércio de eletrodomésticos, eletrônicos e elétricos, comunicação, informática, equipamentos de áudio e vídeo; comércio de móveis e colchões; e escritórios de engenharia e arquitetura. Na próxima terça-feira, se não houver recuo, será ativada a 1ª fase do Plano de Retomada, chamada de ‘bandeira laranja’, com liberação para a reabertura dos demais escritórios de prestadores de serviços e serviços em geral (publicidade, agências de viagens e etc); clínicas e consultórios de odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional, bem como serviços especializados de podologia; comércio (alguns setores); operadores turísticos; atividades de treinamento de desporto profissional; salões de beleza, barbearias e de higiene pessoal; templos e atividades religiosas (30%).
O decreto estadual 40.615, que regulamenta o plano, prevê que a fase de transição pode evoluir para a 1ª Fase se a taxa de ocupação de UTI foi menor ou igual a 70%. Após o período de 14 dias, deve-se chegar a 2ª Fase (bandeira amarela), quando a taxa de UTI precisa ser menor ou igual a 60%. Estima-se que, 14 dias depois, passar para a 3ª Fase do plano (bandeira verde), com uma taxa de ocupação de UTI menor ou igual a 50%. "A média, hoje, é de aproximadamente 67% na rede pública, mas precisamos segurar essa média até o dia 23, porque se os números aumentarem e chegarem a, por exemplo, 80% não teremos a bandeira laranja", disse o governador na semana passada.
Os últimos dados, no entanto, indicam que a regra de isolamento social ainda não está sendo amplamente obedecida. Segundo um levantamento da startup InLoco, com base no monitoramento dos sinais de frequência de telefonia, Sergipe apresenta o terceiropioríndice de isolamento social do país, ganhando apenas dos estados de Goiás e Tocantins. Os dados da última sexta-feira mostram que apenas 32,78% dos sergipanos aderiram ao isolamento, muito abaixo da média nacional de 34,7%. A queda aconteceu ao longo da última semana, pois, no dia 14 de junho, um domingo, o isolamento era de 43,8%.
Por outro lado, os casos de contaminação e de mortes causadas pelo coronavírus tiveram uma forte alta. O balanço divulgado na noite de sexta-feira pela Secretaria Estadual da Saúde fechou com 426 mortos e 17.808 pacientes infectados desde o primeiro caso de coronavírus em Sergipe. No domingo passado, dia 14, esses números estavam em 330 mortos e 13.968 infectados. Os dados deste sábado não foram divulgados até o fechamento desta edição, bem como a consolidação dos dados da chamada "Semana Epidemiológica 25". A Semana Epidemiológica é um período que vai de domingo a sábado e usado pelo Ministério da Saúde para contabilizar e estudar a evolução de epidemias.
Mas o JORNAL DO DIA apurou que, na semana que passou, entre os dias 14 e 19 de junho, o estado teve mais 96 pacientes mortos e outros 3.840 contaminados com o coronavírus. Números que, mesmo incompletos, ficaram perto de superar os dados da Semana Epidemiológica 24, entre 7 e 13 de junho, quando Sergipe confirmou e somou 3.894 novos casos e 108 novas mortes. A Semana 24 teve quase o dobro dos números registrados na Semana 23, entre 31 de maio a 6 de junho, quando houve 2.167 casos e 59 mortes. Os dados estão tabulados em uma análise temporal disponível no Painel Conass Covid-19, mantido pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
UTIs não esvaziam – A maior fonte de preocupação das autoridades de saúde, entretanto, está nas ocupações dos leitos hospitalares exclusivos para pacientes que contraíram a Covid-19 e desenvolveram complicações mais graves. No boletim epidemiológico da sexta-feira, havia 513 pacientes internados para 650 leitos existentes (412 de enfermaria, 225 de UTI adulta e 15 de UTI neonatal).
A taxa de ocupação nos hospitais da rede privada estava em 106,9% nas UTIs adultas, 37,5% nas UTIs neonatais e 93,6% nas enfermarias. Na área de Terapia Intensiva, a situação mais grave está nos hospitais Renascença (taxa de 150%), Primavera (133,3%) e São Lucas (111,5%), que estão alocando os pacientes excedentes em leitos de contingência, reservados inicialmente para outros casos graves.
Já no Sistema Único de Saúde (SUS), que reúne a rede pública e tem recebido mais investimentos do governo na abertura de novas vagas, a taxa de ocupação ficou em 68,8% nas UTIs adultas, 42,9% nas UTIs neonatais e 70,4% nas enfermarias. O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) e o Hospital Universitário de Aracaju (HU) estão com 100% dos leitos de UTI ocupados, enquanto as unidades mais esvaziadas, com a situação mais tranquila, são as do Hospital São José, na capital, e do Hospital Regional Jessé Fontes, em Estância, sendo cada uma delas com ocupação de 16,7%.