Vírus verde e amarelo
Publicado em 05 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia
A negligência do governo federal transformou o Brasil na pátria do novo coronavírus. Mais inteligente do que apelidar o covid-19 de vírus chinês, como fazem ao terraplanistas do governo, é observar os territórios onde ele se espelha livremente, sem resistência. Neste particular, a nação tupiniquim só vislumbra um paralelo nos Estados Unidos.
Na guerra ideológica, vale tudo, inclusive apelar para o achismo mais descarado. Prova disso, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, deu prazo para que o Ministério da Saúde forneça informações sobre a recomendação de uso precoce da cloroquina no tratamento da covid-19. O questionamento aconteceu na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 707, em que a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Saúde (CNTS) pede que o governo federal se abstenha de recomendar o uso do medicamento em qualquer estágio da doença e suspenda qualquer contrato de fornecimento desses medicamentos.
Segundo a CNTS, estudos científicos indicam que o uso desses medicamentos para pacientes com covid-19, em qualquer fase da doença, não traz benefícios e ainda pode prejudicar a saúde e reduzir as chances de recuperação. A entidade sustenta que o documento não se presta para a cumprimento do direito a tratamento médico adequado e que o direito à saúde da população fica em risco, com a violação dos princípios da eficiência e da legalidade.
Enquanto o presidente Bolsonaro e os seus asseclas brincam de médico, sem nenhum respaldo científico, a pandemia prospera. Última sexta-feira, o Brasil já tinha registrado 63.174 óbitos pela doença e 1.539.081 total de casos. Apesar disso, ante a falta de providências, o comércio reabre em diversos estados, inclusive em Sergipe. Agora é que o vírus pode fazer a festa, pintado de verde e amarelo.