Sexta, 10 De Janeiro De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

26 DE JULHO


Publicado em 25 de julho de 2020
Por Jornal Do Dia


 

* Inocêncio Nóbrega
O 26 de julho é dia de muitos dias. Para as pessoas devotas à Senhora Santana, mãe de Maria, portanto "Dia dos Avós"; para quem guarda uma autoestima latino-americana, em 1961, nossos irmãos cubanos rechaçaram, em favor dos ideais desse Continente, a invasão dos EUA à Baía dos Porcos. Poderia ser considerado, digamos, o "Dia da Dignidade das Américas". Por fim, nessa data, em 1930, o presidente da Paraíba, à época, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, foi assassinado, por seu desafeto, dr. João Dantas, na Confeitaria Glória, Recife. 
Tenho absoluto respeito pelas três efemérides, até porque sou natural de uma terra, cuja padroeira é Santana, todavia professo a fé numa geopolítica independente. Como paraibano e brasileiro, preferi tecer algumas considerações a respeito da reação nacional ao triste episódio. Três tiros, tiraram a vida do então candidato à vice-Presidência da República, na chapa de Getúlio Vargas, perdedora por questões de fraudes nas eleições de março de 1930, desencadeando-se no vitorioso Movimento Revolucionário desse ano.
A notícia da tragédia correu célere pelo país, horas depois, chegando a sua terra natal do líder civil, onde cenas alucinantes aconteceram.  Comoção toma conta das capitais, e de maiores às menores cidades, havendo manifestações de pesar, denominando ruas e praças em seu nome; Porto Alegre é um dos primeiros a fazê-lo; em Natal, sua artéria central torna-se João Pessoa; Fortaleza a extensa Av. da Universidade, atendendo a estudantes inconformados, é dividida, para lembrar a vida do político morto; em Maceió, Rua do Sol é oficialmente J. Pessoa.  Há anos, viajando de ônibus divisei, numa pequena urbe baiana, a placa "Praça João Pessoa". Presidente Epitácio, município paulista, há um logradouro em reverência a seu sobrinho.
Paraíba, como se chamava a capital desse Estado, por uma imposição popular, sofreu semelhante alteração. Sem falar na criação da bandeira estadual, "rubro-negra", nela impressa "Négo", palavra altiva que a Paraíba, R. Grande do Sul e Minas Gerais souberam pronunciá-la contra a candidatura impositiva do Catete. 
Ademar Vidal, da equipe do então governo, sobre o acontecimento, nos dá esse depoimento. "Não é possível!" -exclamava-se. "Já nas ruas, a agitação toma cores pavorosas. O povo grita, em atitude ameaçadora: "Viva João Pessoa", "Mataram J. Pessoa, estamos desgraçados"! A multidão corre, depredações… Três rapazes espancam um deputado. Os presos arrombam a Cadeia e se juntam à população, enfurecida.  Ouvem-se explosões abaladoras, a dinamite. Tiroteios. "Viva J. Pessoa"! (dolorosa repetição). Soldados lamentam a morte do Chefe. "Mataram nosso pai"! Crianças, também choraram. Mulheres desmaiam". Caravanas rumamao interior, buscando vinganças nos "perrepistas", e fazem algazarras em algumas localidades.
Embalsamado o corpo, em câmera ardente, é exposto à visitação pública, na Catedral Metropolitana, até 1º de agosto. Cerca de 75 mil pessoas lhe dão o último adeus. É conduzido ao navio, que o leva ao Rio de Janeiro. Lá esteve sepultado no Cemitério S. João Batista, cujas cinzas retornam à Paraíba. Ao descer à sepultura, representando as alterosas, discursa Carlos Pinheiro Chagas: "Um homem, como ele, deveria ser enterrado de pé! De pé, como sempre viveu. De pé, como não vivem muitos de seus algozes. De pé, como quis ser enterrado Clemenceau,com o coração acima do estômago e a cabeça acima do coração"!
Por que mataram J. Pessoa e G. Vargas, de 1954? Já conhecemos a resposta da história. 
* Inocêncio Nóbrega, jornalista
inocnf@gmail.com

* Inocêncio Nóbrega

O 26 de julho é dia de muitos dias. Para as pessoas devotas à Senhora Santana, mãe de Maria, portanto "Dia dos Avós"; para quem guarda uma autoestima latino-americana, em 1961, nossos irmãos cubanos rechaçaram, em favor dos ideais desse Continente, a invasão dos EUA à Baía dos Porcos. Poderia ser considerado, digamos, o "Dia da Dignidade das Américas". Por fim, nessa data, em 1930, o presidente da Paraíba, à época, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, foi assassinado, por seu desafeto, dr. João Dantas, na Confeitaria Glória, Recife. 
Tenho absoluto respeito pelas três efemérides, até porque sou natural de uma terra, cuja padroeira é Santana, todavia professo a fé numa geopolítica independente. Como paraibano e brasileiro, preferi tecer algumas considerações a respeito da reação nacional ao triste episódio. Três tiros, tiraram a vida do então candidato à vice-Presidência da República, na chapa de Getúlio Vargas, perdedora por questões de fraudes nas eleições de março de 1930, desencadeando-se no vitorioso Movimento Revolucionário desse ano.
A notícia da tragédia correu célere pelo país, horas depois, chegando a sua terra natal do líder civil, onde cenas alucinantes aconteceram.  Comoção toma conta das capitais, e de maiores às menores cidades, havendo manifestações de pesar, denominando ruas e praças em seu nome; Porto Alegre é um dos primeiros a fazê-lo; em Natal, sua artéria central torna-se João Pessoa; Fortaleza a extensa Av. da Universidade, atendendo a estudantes inconformados, é dividida, para lembrar a vida do político morto; em Maceió, Rua do Sol é oficialmente J. Pessoa.  Há anos, viajando de ônibus divisei, numa pequena urbe baiana, a placa "Praça João Pessoa". Presidente Epitácio, município paulista, há um logradouro em reverência a seu sobrinho.
Paraíba, como se chamava a capital desse Estado, por uma imposição popular, sofreu semelhante alteração. Sem falar na criação da bandeira estadual, "rubro-negra", nela impressa "Négo", palavra altiva que a Paraíba, R. Grande do Sul e Minas Gerais souberam pronunciá-la contra a candidatura impositiva do Catete. 
Ademar Vidal, da equipe do então governo, sobre o acontecimento, nos dá esse depoimento. "Não é possível!" -exclamava-se. "Já nas ruas, a agitação toma cores pavorosas. O povo grita, em atitude ameaçadora: "Viva João Pessoa", "Mataram J. Pessoa, estamos desgraçados"! A multidão corre, depredações… Três rapazes espancam um deputado. Os presos arrombam a Cadeia e se juntam à população, enfurecida.  Ouvem-se explosões abaladoras, a dinamite. Tiroteios. "Viva J. Pessoa"! (dolorosa repetição). Soldados lamentam a morte do Chefe. "Mataram nosso pai"! Crianças, também choraram. Mulheres desmaiam". Caravanas rumamao interior, buscando vinganças nos "perrepistas", e fazem algazarras em algumas localidades.
Embalsamado o corpo, em câmera ardente, é exposto à visitação pública, na Catedral Metropolitana, até 1º de agosto. Cerca de 75 mil pessoas lhe dão o último adeus. É conduzido ao navio, que o leva ao Rio de Janeiro. Lá esteve sepultado no Cemitério S. João Batista, cujas cinzas retornam à Paraíba. Ao descer à sepultura, representando as alterosas, discursa Carlos Pinheiro Chagas: "Um homem, como ele, deveria ser enterrado de pé! De pé, como sempre viveu. De pé, como não vivem muitos de seus algozes. De pé, como quis ser enterrado Clemenceau,com o coração acima do estômago e a cabeça acima do coração"!
Por que mataram J. Pessoa e G. Vargas, de 1954? Já conhecemos a resposta da história. 

* Inocêncio Nóbrega, jornalistainocnf@gmail.com

 

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade