A deriva

Segundo cálculo do Banco Interamericano para o Desenvolvimento (BID) a retraça da economia na América Latina, ao fim da pandemia ainda em curso, deve ser de até 10%. O impacto da covid-19 terá repercussão no mundo todo. No chamado cone sul das Américas, mais forte.
A previsão do BID não surpreende os brasileiros. Não bastasse o risco de vida, a brava gente já enfrenta a queda acentuada na renda doméstica, além de temer pelo próprio emprego. 
Não se trata de simples especulação, o empobrecimento dos brasileiros já pode ser constatado em cifras e números. De acordo com levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado no início de julho, a perda média no rendimento dos brasileiros é de quase 20%. Entre os trabalhadores informais, o prejuízo é ainda maior, pode chegar a até 40%.
A crise é grave, acirrada pela sensação de incompetência nas esferas mais altas do governo brasileiro. Última sexta-feira, o presidente do Banco do Brasil pediu demissão. Depois foi a vez do secretário Especial de Fazenda. Há pouco mais de um mês, o secretário do Tesouro Mansueto Almeida também havia deixado o cargo. São três baixas em período curto dentre as pessoas que respondem diretamente a Guedes. Isso, para ficar apenas no primeiro escalão da equipe econômica.
Sem rumo na economia, sem Ministro da Saúde em plena pandemia, o Brasil está a deriva. Entre os assessores diretos do presidente, muita gente começa a pular do barco. Para estes, o governo federal mais parece uma canoa furada.