O populismo de Bolsonaro
Publicado em 26 de agosto de 2020
Por Jornal Do Dia
Depois de sequestrar as cores da bandeira bra sileira, um artifício que pende para o ufanismo populista, a gestão Jair Bolsonaro pretende se apossar dos programas criados em gestões pregressas, incluindo as tão criticadas gestões petistas. Ufanismo tacanho, populismo rasteiro e personalismo dão o tom do programa Casa Amarela.
No fim das contas, Bolsonaro não faz muito, além de batizar o bem sucedido Minha casa, minha vida com outro nome. Foco na regularização fundiária e na redução da taxa de juros, para aumentar o acesso dos cidadãos ao financiamento da casa própria.
A meta é atender 1,6 milhão de famílias de baixa renda com o financiamento habitacional até 2024, um incremento de 350 mil residências em relação ao que se conseguiria atender com os parâmetros atuais. Isso será possível em função de negociações com o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que subsidia o programa, e com a Caixa Econômica Federal, que é o agente financeiro.
O presidente Jair Bolsonaro dá canetadas ao sabor das próprias conveniências. Há menos de um ano, em setembro do ano passado, ele defendeu a redução do teto de renda familiar contemplado pelo programa habitacional do governo federal. Na prática, queria dificultar o acesso à casa própria.
Levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias demonstra que a maior parte do déficit atinge famílias que ganham até três salários mínimos por mês, mas a demanda por moradias também alcança consumidores de rendas intermediárias, que viram o mercado de trabalho ficar instável nos últimos anos e o crédito imobiliário mais escasso.
Bolsonaro mira agora na empobrecida classe média. Não é pouca gente, a maioria vota. Daí a súbita compaixão do presidente, em campanha permanente pela reeleição.