Brasil negro
Publicado em 29 de agosto de 2020
Por Jornal Do Dia
Não é fácil ser negro no Brasil, onde o racismo estrutural aprofunda desigualdades de todas as ordens. Em determinados estados do norte e nordeste, Sergipe incluído, a raça de uma pessoa pode ser a diferença entre vida e morte.
Segundo levantamento do Atlas da Violência, a taxa de assassinatos por número de cem mil habitantes caiu no Brasil inteiro, exceção feita à população negra. Entre estes, homens e mulheres, a mortandade só aumentou, ao longo da última década.
Os casos de homicídio de pessoas negras (pretas e pardas) aumentaram 11,5% em uma década. No mesmo período, entre 2008 e 2018, a taxa entre não negros (brancos, amarelos e indígenas) fez o caminho inverso, apresentando queda de 12,9%. Ou seja: para cada pessoa não negra assassinada em 2018, 2,7 negros foram mortos. Estes equivalem a 75,7% das vítimas. A desproporção é flagrante.
A partir dos dados divulgados pelo Átlas da Violência, é possível inferir que racismo e desigualdade andam de mãos dadas. Não à toa, as mais altas taxas de homicídios entre a população negra estão localizados nas regiões Norte e Nordeste, com destaque para Roraima (87,5 mortos para cada 100 mil habitantes), Rio Grande do Norte (71,6), Ceará (69,5), Sergipe (59,4) e Amapá (58,3).
Maioria da população, os brasileiros negros e pardos só estão no topo das estatísticas que atestam nossa desigualdade histórica. Tanto morrem assassinados, como também são a maioria nas cadeias, onde apodrecem sem a menor chance de ressocialização, sob a custódia do Estado. Apenas dois exemplos que, infelizmente, constituem a regra para a população negra no Brasil.