Distopia verde e amarela
Publicado em 17 de setembro de 2020
Por Jornal Do Dia
Pandemia, alta de preços, alimentos sob risco de racionamento. Os brasileiros vivem uma reali- dade distópica, digna dos filmes apocalípticos de ficção científica.
Os itens da cesta básica comercializados em Sergipe, por exemplo, aumentaram a ponto de despertar a atenção do Procon e do Ministério Público. O descontrole é fato de conhecimento público. Resta saber se os preços nas alturas realmente é derivado das leis do mercado, a relação entre oferta e procura, ou da mera especulação.
Neste particular, as diligências ocorrem dentro de estrita regularidade. Os Procons fiscalizam e, quando é o caso, encaminham o auto de infração para o Ministério Público, órgão ao qual cabe penalizar eventuais faltas. A possibilidade de desabastecimento, no entanto, existe, tem o potencial de causar grande perturbação e não pode ser resolvida por simples força de vontade.
O descontrole é flagrante, não poupou nem mesmo o arroz, item indispensável na dieta de todo brasileiro. Faltou previdência e planejamento.
As exportações de arroz beneficiado saltaram 260% entre março e julho deste ano, para 300 mil toneladas. Para piorar, também houve redução de 59% nas importações do produto no período, para 48,3 mil toneladas. O resultado da balança comercial levou a uma menor oferta do produto no mercado brasileiro. A demanda exterior gerada pela pandemia ainda em curso completa o quadro.
Falar em distopia pode soar como um exagero aos ouvidos privilegiados. Em verdade, no entanto, o ano da graça de 2020 não está sendo fácil para os mais vulneráveis.