Escola Presidente Vargas, da rede municipal de Aracaju
Candidatos querem novos currículos, PPPs e internet para melhorar Ideb
Publicado em 25 de outubro de 2020
Por Jornal Do Dia
O descontentamento com o desempenho das escolas municipais de Aracaju no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação (MEC) deu o tom da maioria dos planos de governo apresentados pelos candidatos a prefeito da capital, no que diz respeito às propostas para a educação. Nos documentos apresentados à Justiça Eleitoral, eles propõem medidas, investimentos e estratégias diferentes, mas, em comum, a maioria dos concorrentes escolhem como objetivo melhorar a qualidade do ensino e da formação aplicada aos estudantes das 74 escolas vinculadas à Prefeitura de Aracaju (PMA).
O principal argumento para as medidas propostas em seus programas de governo é o desempenho nas últimas edições do índice, considerado regular e que não vem alcançando as metas determinadas para cada ano. A nota de cada rede de ensino no Ideb é calculada com base no aprendizado dos alunos em português e matemática (Prova Brasil) e no fluxo escolar (taxa de aprovação).Em 2019, a rede de escolas da PMA teve a nota 4,8 para os anos iniciais do ensino fundamental, um décimo abaixo da meta de 4,9. Para os anos finais, o Ideb da rede foi ainda menor: 3,9, bem abaixo da meta de 4,6.
De acordo com o QEdu, uma startup da Fundação Lemann que reúne dados e estatísticas sobre educação no Brasil, as escolas municipais de Aracaju tiveram crescimento, "mas não atingiram a meta e não alcançaram 6,0". Eles alertam ainda que a rede "tem o desafio de garantir mais alunos aprendendo e com um fluxo escolar adequado". E os números neste sentido também chamam a atenção: a nota de aprendizado dos alunos da rede foi de 5,26 nos anos iniciais e 4,76 nos anos finais. E o fluxo escolar, referente à aprovação dos estudantes, foi respectivamente 0,91 e 0,83, o que indica que, de cada 100 alunos, entre 9 e 17 não foram aprovados em 2019.
As críticas a esse desempenho estão sendo exploradas pelos candidatos de oposição ao prefeito e candidato à reeleiçãoEdvaldo Nogueira (PDT). Georlize Teles (DEM) cita que Aracaju, se comparada a outras cidades, ficou em 7ª colocada no cenário estadual e em 3917ª entre os 5570 municípios brasileiros,considerando-se apenas o ensino fundamental menor (anos iniciais), conforme dados apurados até 2017 pelo IBGE. Os planos de Danielle Garcia (Cidadania), Gilvani Teles (PSTU) e Alexis Pedrão (PSOL) são mais contundentes ao afirmarem que a capital sergipana é a última colocada no Ideb entre as capitais brasileiras – o que também foi citado no programa de TV de Márcio Macedo (PT). E Rodrigo Valadares (PTB) acrescenta que "os alunosaracajuanos vêm sofrendo com dificuldades de aprendizado, principalmente, emlíngua portuguesa e em matemática".
As propostas – Todos os candidatos se propõem a melhorar estes índices através de sistemas de avaliação e programas de formação e qualificação de professores, que busquem corrigir a distorção que existe entre a idade e a série cursada por cada aluno. Isso inclui a criação de "um centro de formação para os profissionais da educação para elevar aqualidade dos serviços em todos os níveis e incentivar o desenvolvimento depesquisa na educação básica por parte dos docentes da rede", como propõe Alexis Pedrão.
Edvaldo, Rodrigo e Georlize citam em seus planos a criação de índices próprios de avaliação escolar, ranqueando as escolas conforme os seus desempenhos. Para o atual prefeito, esse sistema deve "produzir dados de desempenho, acompanhamento e construção dasestratégias pedagógicas para melhoria dos indicadores educacionais, comfoco na correção de fluxo: idade/ano". Já a candidata do DEM afirma que vai "ampliar as políticas de estímulo para as escolas que melhorarem o desempenho no IDEB,de modo a valorizar o mérito do corpo docente, da direção e da comunidade escolar".
Outra ideia comum é reformular o Plano Municipal de Educação, incluindo novas disciplinas na grade curricular da rede municipal. Um dos defensores da proposta é Lúcio Flávio, que pretende reinserir as disciplinas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil (OSPB), ambas identificadas com o regime militar e vigentes entre 1967 e 1993.Gilvani e Alexis querem inserir conteúdos de combate ao racismo e à discriminação contra os LGBTs. Os outros, como Edvaldo e Márcio Macedo, pretendem integrar conteúdos já existentes com outras atividades culturais e de educação ambiental, em integração da Secretaria de Educação (Semed) com a de Meio Ambiente (Sema) e a Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju). Todos os candidatos se comprometeram também com a valorização salarial dos professores, com o pagamento do piso do magistério e a reformulação do Plano de Carreira da categoria.
Quanto às outras propostas, as linhas de cada candidato são bem diferentes, conforme a linha ideológica. Rodrigo, Almeida Lima e Lúcio Flávio (Avante) propõem a adesão do Município de Aracaju a programas da atual gestão do MEC, como o ‘Tempo de Aprender’, o ‘Conta pramim’ e o Programa Nacional deEscolas Cívico-Militares – voltado para a formatação disciplinar e pedagógica semelhante aos colégios mantidos pelas Forças Armadas e Polícias Militares.
Outra proposta de Rodrigo é a criação de ‘vouchers’ para que alunos de baixa renda ingressem em escolas particulares da capital, caso não consigam acesso à rede municipal de ensino. Para o petebista, isso é uma forma de combater a evasão escolar. Por outro lado, a parceria do Município com o ensino privado também é proposta por Danielle, que fala em "Ampliação gradual das vagas de creche por meio de PPPs,enquanto ocorre o aumento do quantitativo de crechesmunicipais". Por outro lado, Gilvani e Alexis rejeitam qualquer investimento público no ensino privado, ao falarem em "acabar com toda gestão privada de escolas, creches, postos desaúde e hospitais, através das supostas ‘Organizações Sociais’ ou de Fundações Privadas".
Os outros candidatos propõem em geral a ampliação de vagas em escolas municipais já existentes, através da reforma das estruturas físicas das unidades, ou mesmo da construção de novas creches, em locais onde haja uma maior demanda.
AS PRINCIPAIS PROPOSTASPARA A EDUCAÇÃO EM ARACAJU
ALEXIS PEDRÃO (PSOL)
– Aumento de verbas para a educação pública e da quantidadede escolas e creches;
– Horários noturnos decreches públicas para mães que trabalham e estudam à noite;
– Piso salarial e Plano de Carreira para todos os servidores da educação;
– Educação sexual e de gênero, e ensino de História e Cultura Afro-Brasileira;
ALMEIDA LIMA (PRTB)
– Reforma e melhoria dos equipamentos e material didático nas escolas da rede;
– Implantação das escolas de Tempo Integralpara as escolasmunicipais;
– Criação dosProgramas Saúde do Estudante, Horta na Escola e Uniforme Escolar;
– Concurso público para o magistério de Aracaju;
DANIELLE GARCIA (CIDADANIA)
– Reduzir o índice de analfabetismo de jovens adultos;
– Reestruturação da carreira do magistério e garantia do pagamento do Piso salarial;
– Ampliação gradual das vagas de creche por meio de PPPs e ampliação da rede municipal;
– Projeto "Família na Escola", com cursos profissionalizantes regulares para pais e mães;
PAULO MARCIO (DC)
– Internet banda larga e laboratórios de informática em todas as escolas da rede;
– Implantação do horário integral em todas as escolas da rede municipal;
– Renovar a biblioteca municipal e as existentes nas escolas;
– Criar o Centro de Referência do Professor, para formação do magistério;
EDVALDO NOGUEIRA (PDT)
– Implantação da educação integral na rede municipal de ensino, com tecnologias digitais;
– Gestão democrática, incentivo ao controlesocial e Prêmio Compromisso de Gestão;
– Atendimento psicopedagógico para alunos com dificuldadesde aprendizagem;
– Sistema de Avaliação da aprendizagem, comfoco na correção de fluxo;
GEORLIZE TELES (DEM)
– Ampliar a oferta da Educação Infantil e das creches, para crianças até 5 anos;
– Alfabetizar todas as crianças de 6anos e corrigir o fluxo escolar até o 5º ano;
– Ampliar a educação em tempo integral nas escolas da Rede Pública de Ensino;
– Criação do Índice de Desempenho da Educação de Aracaju (IDEA);
GILVANI SANTOS (PSTU)
– Fortalecimento dos Conselhos Escolares e da GestãoDemocrática;
-Construção de Centros de Educação Infantil (creches) públicos;
– Recontratação dos trabalhadores da educação de forma diretapelo município;
– Garantia de vagas para todas as crianças em creches e escolaspúblicas;
JURACI NUNES (PMB)
– Criação de programa de redução da distorção idade-série;
-Concurso público para vagas na rede municipal de educação;
– Ampliação do número de vagas em creches e do EJA (Jovens e Adultos);
– Projeto Nossa Escola, que abrirá a escola aosfinais de semana para a comunidade;
LÚCIO FLÁVIO (AVANTE)
– Aperfeiçoamento de coordenadores e professores;
– Implementação dos programas "Tempo de Aprender" e "Conta pramim", do MEC;
– Reforma da grade curricular da rede municipal;
MÁRCIO MACEDO (PT)
– Fortalecimento os Conselhos Escolares, com professores, alunos, pais e funcionários;
– Plano de Carreira do Magistério, com a atualização do pisosalarial.
– Parcerias das escolas com as comunidades locais e integração com espaçosda cidade;
– Jornada mínima de 6 horas diárias para crianças e adolescentes nas escolas;
RODRIGO VALADARES (PTB)
– Parceria com o MEC para alfabetização, material escolar e EscolasCívico-Militares;
– Revisão do Plano Municipal de Educação, visando a melhoria da grade;
– Ensino da história aracajuana nas escolas municipais;
– Criação da "Lei de Incentivo ao Esporte e a Cultura" e dos "Jogos Escolares de Aracaju";