Sábado, 11 De Janeiro De 2025
       
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QUEM SOU EU PARA JULGAR?


Publicado em 01 de novembro de 2020
Por Jornal Do Dia


 

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos
Deus não julga conforme os preceitos humanos. Aliás, vivemos tempos em que as pessoas não se contentam em julgar, apenas. Cresce a onda perigosa e assustadora para se condenar, muitas vezes sem a devida oportunidade para a defesa e para o perdão. E como o Papa é pop, já dizia a canção: "o pop não poupa ninguém". Assim o foi nos últimos dias com o Papa Francisco, após fazer uma declaração para o documentário "Francesco", de Evgeny Afineevsky: "Eles são filhos de Deus e têm o direito a uma família. O que é preciso fazer é criar a lei de união civil. Assim, eles são protegidos legalmente".
A repercussão, ao passo que foi positiva e encarada como um gesto de humanidade para quem tem outro tipo de orientação sexual que não as convencionais, mas também despertou distorções e até acusações as mais infundadas e raivosas possíveis. E não é a primeira vez que isso acontece com o Sumo Pontífice e também não foi a primeira vez que ele falou sobre o assunto, com verdade e caridade.
Partindo da premissa salientada pelo Papa Francisco em vários de seus pronunciamentos, ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus. Ser cristão implica ser coerente e ir além dos julgamentos e da preguiça e do comodismo de não se aprofundar no conhecimento do outro. Mergulhar em seu íntimo e entendê-lo: "Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em toda e qualquer situação, o julgamento de Deus sempre se realizará à luz de Sua misericórdia" (2017, p. 19).
Veja por exemplo o tratamento que é dado aos pobres. Em Audiência Geral do dia 3 de junho de 2015, Francisco nos conscientiza que um gesto de atenção e cuidado para com os mais necessitados não pode se resumir a um gesto social vazio e muitas vezes cênico. Para ele, a atenção sincera para com eles, antecipa o justo julgamento de Deus.
Por isso também, ele critica o falatório, inclusive dentro da Igreja: "(…) se queremos trilhar o caminho de Jesus, mais do que acusadores devemos ser defensores dos outros diante do Pai" (2017, p. 22).
Ainda sobre a questão da orientação sexual, disse o Papa em outra oportunidade: "Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?" Mais edificante do que julgar uma pessoa é rezar por ela. Por mais miseráveis que sejamos, devemos nos esforçar para ser esperança, sinal de alegria para o outro, seja ele quem for ou as escolhas que faz.
A verdade é que vivemos encerrados em nós mesmos, ocupados e distraídos com nosso ego e sentimento de autopreservação. Incapazes de percebermos que nos encontramos a partir do encontro com o outro. Difundindo somente o que é bom e bem: "O perdão pela injustiça sofrida não é fácil, mas é um caminho que a Graça torna possível" (2017, p. 35).
O mundo está tomado por males de nosso tempo: consumismo, culto da aparência e colonizações ideológicas, nos adverte o Papa Francisco. Precisamos urgentemente aprender com nossos erros e sermos capazes de mudarmos as nossas vidas e positivamente, sob pena de adoecermos, morrermos prematuramente e até matarmos indiscriminadamente. E viver, afirma o Santo Padre "(…) é sujar os pés pelas estradas poeirentas da vida e da história" (2017, p. 47).
Complicado por natureza, o ser humano complica tudo e se fecha para a Graça. Julgar e condenar se transformam numa suicida zona de conforto, que dissemina ódios, negacionismos, injustiças sociais, corrupção e desumanidade, muitas vezes travestida no cinismo de autoridades e "homens de bem".
Amar sem medida sempre será o caminho para a concórdia e isso custa caro, às vezes até a nossa própria vida. Viver sob a hoste do julgamento e da condenação é antecipar sua própria sentença, que, via de regra, costuma ser mais cruel com quem não sai do armário de algoz.

Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Deus não julga conforme os preceitos humanos. Aliás, vivemos tempos em que as pessoas não se contentam em julgar, apenas. Cresce a onda perigosa e assustadora para se condenar, muitas vezes sem a devida oportunidade para a defesa e para o perdão. E como o Papa é pop, já dizia a canção: "o pop não poupa ninguém". Assim o foi nos últimos dias com o Papa Francisco, após fazer uma declaração para o documentário "Francesco", de Evgeny Afineevsky: "Eles são filhos de Deus e têm o direito a uma família. O que é preciso fazer é criar a lei de união civil. Assim, eles são protegidos legalmente".
A repercussão, ao passo que foi positiva e encarada como um gesto de humanidade para quem tem outro tipo de orientação sexual que não as convencionais, mas também despertou distorções e até acusações as mais infundadas e raivosas possíveis. E não é a primeira vez que isso acontece com o Sumo Pontífice e também não foi a primeira vez que ele falou sobre o assunto, com verdade e caridade.
Partindo da premissa salientada pelo Papa Francisco em vários de seus pronunciamentos, ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus. Ser cristão implica ser coerente e ir além dos julgamentos e da preguiça e do comodismo de não se aprofundar no conhecimento do outro. Mergulhar em seu íntimo e entendê-lo: "Devemos antepor a misericórdia ao julgamento e, em toda e qualquer situação, o julgamento de Deus sempre se realizará à luz de Sua misericórdia" (2017, p. 19).
Veja por exemplo o tratamento que é dado aos pobres. Em Audiência Geral do dia 3 de junho de 2015, Francisco nos conscientiza que um gesto de atenção e cuidado para com os mais necessitados não pode se resumir a um gesto social vazio e muitas vezes cênico. Para ele, a atenção sincera para com eles, antecipa o justo julgamento de Deus.
Por isso também, ele critica o falatório, inclusive dentro da Igreja: "(…) se queremos trilhar o caminho de Jesus, mais do que acusadores devemos ser defensores dos outros diante do Pai" (2017, p. 22).
Ainda sobre a questão da orientação sexual, disse o Papa em outra oportunidade: "Se uma pessoa é gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?" Mais edificante do que julgar uma pessoa é rezar por ela. Por mais miseráveis que sejamos, devemos nos esforçar para ser esperança, sinal de alegria para o outro, seja ele quem for ou as escolhas que faz.
A verdade é que vivemos encerrados em nós mesmos, ocupados e distraídos com nosso ego e sentimento de autopreservação. Incapazes de percebermos que nos encontramos a partir do encontro com o outro. Difundindo somente o que é bom e bem: "O perdão pela injustiça sofrida não é fácil, mas é um caminho que a Graça torna possível" (2017, p. 35).
O mundo está tomado por males de nosso tempo: consumismo, culto da aparência e colonizações ideológicas, nos adverte o Papa Francisco. Precisamos urgentemente aprender com nossos erros e sermos capazes de mudarmos as nossas vidas e positivamente, sob pena de adoecermos, morrermos prematuramente e até matarmos indiscriminadamente. E viver, afirma o Santo Padre "(…) é sujar os pés pelas estradas poeirentas da vida e da história" (2017, p. 47).
Complicado por natureza, o ser humano complica tudo e se fecha para a Graça. Julgar e condenar se transformam numa suicida zona de conforto, que dissemina ódios, negacionismos, injustiças sociais, corrupção e desumanidade, muitas vezes travestida no cinismo de autoridades e "homens de bem".
Amar sem medida sempre será o caminho para a concórdia e isso custa caro, às vezes até a nossa própria vida. Viver sob a hoste do julgamento e da condenação é antecipar sua própria sentença, que, via de regra, costuma ser mais cruel com quem não sai do armário de algoz.

 

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